Dani 08/01/2017Uma Pequena Casa De Chá Em Cabul, Deborah RodriguezUma Pequena Casa De Chá Em Cabul se passa no Afeganistão e traz três personagens principais. Sunny é a proprietária da casa de chá em Cabul, um lugar perigoso mas que ela chama de lar. Ela se mudou para o Afeganistão há bastante tempo, com seu namorado Tommy, e encontrou ali, ao lado das pessoa de culturas diferentes, um lar.
"Ela tentava viver sua vida fingindo que era independente e forte, quando era apenas uma mulher passando a vida a esperar."
Yasmina, uma jovem viúva, grávida de seu marido morto, que foi obrigada a deixar sua família por causa das dívidas de seu tio. Depois de sofrer uma violência após ter seu segredo descoberto, ela acaba sendo acolhida na casa de chá de Sunny, para trabalhar e viver ali.
"Os olhos de um homem traíam seu coração."
Halajan já tem certa idade e dois filhos adultos, mas conserva em si o coração rebelde de quem viu o país mudar tantas vezes em sua vida. Ela é viúva e nunca esqueceu seu verdadeiro amor, um homem que conhece desde nova e quem hoje, também viúvo, lhe manda cartas sempre, nunca lhe deixando esquecer a paixão que os dois sentem.
"Ele trouxe propósito à sua vida. E ela estava, talvez pela primeira vez, empolgada por estar viva."
Candace largou o marido pelo homem afegão que conheceu, mesmo sabendo que ele demonstra mais interesse no que ela pode fazer por ele, financeiramente, que seu relacionamento em si.
"— (...) Eu não entendo. Se eu tivesse que escolher entre você e todo o dinheiro do...
— E a aventura...
— Você é uma aventura — sussurrou ele."
E Isabel é uma jornalista competente e sensível, que está ali para escrever sobre as redes de tráfico de do país, mas encontrando muito mais. Ela guarda um grande segredo que sempre a assombra.
"Ás vezes, as coisas não planejadas são as que fazem a mágica."
Há ainda outros personagens, relacionados a estes principais, e todos acabam se conectando por causa da casa de chá. Gosto muito de livros com muitos personagens, quando são assim bem construídos, e logo me vi cativada pelas histórias de cada um, que têm tanto para contar.
Quando comecei a leitura me perguntei porquê Sunny mantinha a casa de chá, mesmo a tantas dificuldades o tempo todo. O Afeganistão é realmente perigoso, o livro mostra isso, com todos seus problemas sociais, e pensar que alguém deixaria seu país tão cheio de liberdades como o EUA para ter de começar do zero sempre que uma bomba explode parece difícil de entender.
"O que faz uma pessoa ficar num lugar tão ameaçador, quando está sozinha? - ela podia ter feito essa pergunta ara si mesma, ou para Isabel, Jack, Candace."
Mas então, no decorrer da leitura, fui vendo que Uma Pequena Casa De Chá Em Cabul se trata, entre tantas coisas, de amizade. Sunny estava feliz ali, tendo em Cabul o que ela nunca teve em seu país natal; uma família, mesmo que não de sangue.
"E, essa noite, sua mente explodiu ao perceber que, como diz o clichê, a vida muda num instante, e logo quando você acha que sabe o que vem a seguir, algo pode acontecer para mudar tudo drasticamente. A exata razão para viver e continuar vivendo."
É um bom livro, traz muito sobre essa cultura tão diferente da nossa, e também choca exatamente por isso. Uma sociedade como essa, tão presa a um pensamento tão diferente, chega a ser triste e revoltante. Eu só posso ficar grata por ter nascido no ocidente, por mais que isso seja meio egoísta de se pensar.
"Chorou por si mesma, pois, em sua liberdade, ela também estava atrás das grades (...)"
E foi engraçado, de certa forma, como a autora criticou a sociedade afegã mas não a condenou, usando os vários personagens para expor argumentos de todos os lados. No fim, ninguém está certo e ninguém está errado. Foi interessante isso.
"Ninguém é tudo que parece. Muito menos ela."
Os acontecimentos finais do livro não foram bem o que eu esperava da leitura, eu pensei que haveria mais drama e cenas mais impactantes para o desfecho. E há bastante romance, o que eu não almejava no momento.
"Preces ás vezes são atendidas quando menos se espera."
Entretanto, de forma geral gostei da leitura e traz realmente boas reflexões, principalmente sobre se fazer o que se acha certo sempre, não o que sua sociedade, por exemplo, pensa.
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