Henri B. Neto 05/07/2015Resenha: A Mais Pura VerdadeBom, vamos começar este comentário com um pequena confissão: Eu estava fugindo da leitura de "A Mais Pura Verdade". Deliberadamente. Quando a Nine e a Mah me chamaram para fazer a leitura em grupo dele, eu enrolei - e enrolei mais um pouco - e deixei passar. Eu olhava para ele na minha pilha de livros para ler e... Bem, pensava "hoje não". Pois, sim, eu sou um covarde. Mas venhamos e convenhamos - olhem para a sinopse do livro! Um menino de 12 anos, DOENTE, que foge de casa para subir uma montanha... Eu sentia que aquilo iria me destroçar. Até que, na segunda feira passada, o mundo desabou em forma de chuva. E a tarde estava tão escura quanto a noite. Então, foi quando eu pensei "Why not?!". E finalmente tomei coragem para pegá-lo.
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Mas sabem o que é mais engraçado nisto tudo? Eu estava preparado para não gostar do livro. Pois, assim como vi muitas críticas bastante entusiastas, eu também vi opiniões ferrenhas e bastante coerentes. Mas... Por incrível que pareça, eu gostei. DE VERDADE. E mesmo, sim, concordando com alguns pontos levantados nas resenhas negativas (pois, acreditem, este não é um livro perfeito), eu olhei por um outro lado também... Para ser mais exato, o lado de um menino sem esperança. Como o fato do Mark já ter desistido de tudo, cansado da sua vida ser ditada pela doença. Sim, eu me coloquei nesta ideia. No fato do egoísmo dele falar mais alto. É claro, tinham vezes que queria dar um pescotapa nele, mas outras eu pensava no quão cansado ele estava daquilo tudo.
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Talvez, o que tenha me conquistado tanto tenha sido a narrativa do Dan Gemeinhart. Com capítulos curtos, divididos entre o ponto de vista em primeira pessoa do Mark e o ponto de vista em terceira pessoa da Jess (a melhor amiga do garoto, que fica em casa e vê o desespero dos pais deles ao verem que seu filho fugiu sem deixar qualquer recado), logo eu fui completamente tragado pela história. E não existe enrolação, nem mesmo paternalismo, por parte do autor - mesmo o livro podendo ser classificado como infanto juvenil. Mas... para mim, todo o politicamente incorreto da situação realmente fez toda a diferença. Tanto que, eu só abandonei a leitura algumas horas depois - quando eu cheguei na última página.
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Não vou ser melindroso: Chorei em vários pontos do livro. Já pelo começo, em uma cena que demonstra toda a desesperança que Mark está sentindo com relação à vida, algumas lágrimas já brotaram em meus olhos. Mas, mesmo assim, não senti que Dan Gemeinhart foi apelativo no fator emoção. O que me tocava eram pequenos detalhes. Coisas não ditas. Mensagens implícitas. E esta foi uma constante do início ao fim do romance.
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Enfim, "A Mais Pura Verdade" foi - para mim - o exemplo máximo da expressão "menos é mais". Com um romance de estreia curto, que se comunica com um leitor de 11 anos até o leitor de 81, o autor escolheu um caminho bastante simples para o seu pequeno herói - mas que foi extremamente emocionante. Quando fechei o livro (com lágrimas nos olhos, é claro) não havia dúvidas de que ele era um 5 Estrelas. Não apenas isto: não havia dúvidas de que ele era um Bookcrush. E, mesmo com medo, e não esperando nada, o livro calmamente seguiu o rio e me deixou de joelhos. E, como diria o pequeno Mark: Esta é a mais pura verdade.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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