Aione 10/03/2015A Mais Pura Verdade será publicado pela editora Novo Conceito esse mês. Trazendo o comovente relato de Mark, um garoto com câncer, é praticamente impossível largar as páginas e abandonar essa aventura vivenciada pelo protagonista.
A narrativa intercala a visão de Mark, em primeira pessoa, e a de Jessie, sua melhor amiga, em terceira pessoa. O interessante é que os capítulos de Jessie são sempre numerados como a metade de um capítulo de Mark, correspondendo, portanto, aos capítulos 1 e ½ , 2 e ½, 3 e ½ e assim sucessivamente. Essa maneira de nomeá-los não apenas representou a simultaneidade dos fatos, como também me deu a sensação de serem uma tentativa de prolongamento da vida do protagonista, como se um esforço para refrear a passagem do tempo estivesse sendo feito.
“- Sei. Você tira muitas fotos?
- Sim, eu gosto.
- Por quê?
Dei de ombros.
(...) - É como se, sei lá, eu levasse um pedaço da vida comigo. Todas essas coisas acontecem, todos esses pequenos momentos passam por nós e vão embora. Então você vai embora. (...) Mas, quando você tira uma foto, aquele momento não passa. Você o prende. É seu. Você pode guardá-lo.”
página 78
Mark é capaz de cativar desde as primeiras linhas da obra: seus pensamentos e sentimentos conquistam o leitor, tornando possível, assim, que seja rapidamente estabelecido um vínculo com o protagonista. Mais do que simplesmente simpatizar com o garoto, senti empatia e compaixão por ele, uma vez que o autor soube expor muito bem todo o conflito interno vivido por Mark, que se sente revoltado por sua condição, motivado a seguir seu último sonho, preocupado com as pessoas que está deixando para trás e, principalmente, determinado a seguir em frente. Talvez, seu principal combustível seja a necessidade de ter o controle sobre algum aspecto de sua vida em um momento em que tudo parece fugir de seu domínio, além do desejo de ainda se sentir capaz de algo, de se sentir vitorioso ao cumprir um objetivo proposto.
Ainda, achei emocionante a forte ligação entre Jessie e Mark. Embora bastante jovens, os amigos apresentam uma lealdade ímpar, demonstrando uma amizade capaz de superar quaisquer barreiras. Achei muito interessante, também, como tanto Mark quanto Jessie apresentam, em vários momentos, uma maturidade atípica de suas idades atuais; talvez seja essa a razão de serem personagens tão queridas e apaixonantes.
“Pensei no meu avô, que costumava me envergonhar sempre que me chamava de seu herói. Ele havia me dado aquele relógio de prata e eu o levava para todo lugar. Eu o adorava - até que as coisas começaram a piorar, e o som do tique-taque mais parecia passos sombrios que se aproximavam de mim. Eu amava o relógio, até começar a odiar o tempo. E como ele ia embora.”
página 128
Merece destaque Beau, o cachorro e amigo inseparável de Mark. Sua presença na trama traz uma doçura ainda maior às páginas e foi impossível não me sentir aflita por todas as adversidades que o formidável animal de estimação enfrenta ao lado do dono, bem como emocionada por sua indiscutível fidelidade.
De modo geral, A Mais Pura Verdade configura em uma leitura bastante rápida e leve, mas nem por isso desprovida de uma bonita mensagem. E essa, meus caros, é a mais pura verdade.
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http://minhavidaliteraria.com.br/2015/03/10/resenha-a-mais-pura-verdade-dan-gemeinhart/