Michele Soares 17/02/2022
(não) dê meia-volta agora
sinceramente? achei do car*lho. é o Obi-Wan do jeito que qualquer um esperaria ver depois da ascensão do Império: borocoxo, cheio de remorso, vivendo quase como um mártir no meio do deserto e com um propósito muito fixo em mente, que é garantir a segurança do Luke. Porém, uma das coisas que eu mais gostei é que é um livro sobre ele, Obi-Wan, mas meio que não sendo sobre ele, como se ele fosse um protagonista negativo. Isso se deve muito ao fato dele querer e precisar dissimular as suas intervenções ?bastante irresistíveis ? nesse que é o "mundinho" Tatooine; nada se compara às ações de impacto colossal de momentos progressos, como salvar ou condenar a República, mas se tratam de vidas menores que, no entanto, importam.
é um livro sobre famílias, famílias de diferentes espécies ? a partir de hoje eu nutro um respeito muito mais fundo pelos Tuskens ?, sobre sonhos, sobre resignação e desejo de escape da resignação, sobre políticas da guerra, sobre contínuos exercícios de alteridade e sobre perdas, mas de uma forma que não é de todo melancólica. Afinal, cada um sabe o que perdeu pelo caminho e depois de tudo o sol ainda se levanta ? em Tatooine são dois sóis. Um motivo extra pra investir com o dobro de energia em juntar os cacos e seguir em frente, sem obliterar a fratura que passou a ser parte do todo, de quem se é. De quem eles são. De quem nós somos.
repito: livro do car*lho, leitura fluida e ficaria bem feliz se a série do Disney+ acenasse de alguma forma pra esse livro, mesmo ele sendo do selo Legends. Whatever. Boas histórias são boas histórias e a do Obi-Wan certamente merece ser contada. Livrasso mesmo.