Ana 23/02/2023
Assim que peguei A Noiva Fantasma para ler, pensei que encontraria um livro de terror. Claro que fiquei muito receosa, já que sou a pessoa mais medrosa do mundo inteiro. Mas eu estava super enganada. O livro tem sim uma aura sobrenatural, mas é um romance super gostoso de ler e o melhor de tudo: fala bastante sobre alguns costumes e cultura do povo malaio.
Li Lan é uma bela jovem que tem seus 17 anos e vive em Malaca (atual Malásia) com seu pai e sua Amah (que seria algo como nossa babá, por aqui). Após a morte da matriarca da família, seu pai acaba definhando e, apesar de passar praticamente o tempo todo em casa, é muito ausente. Além disso, uma varíola terrível caiu sobre a família e acabou deixando o homem cheio de cicatrizes, mas Li Lan saiu praticamente intacta, apenas com uma marquinha.
Certo dia, em mais uma das noites quietas, o pai de Li Lan perguntou se ela gostaria de ser uma noiva fantasma, que significava basicamente casar-se com alguém que já estava morto para que o espírito permanecesse tranquilo. É claro que, como qualquer pessoa normal, eu suponho, Li Lan detestou a ideia do casamento. O problema é que o seu suposto noivo, Lim Tian Ching, começa a perturbar os seus sonhos. Imaginem só minha indignação! Poxa vida, a hora do sono é sagrada! Cansada desse sofrimento, Li Lan tenta tomar as rédeas da situação, mas acaba indo parar no mundo dos mortos.
Apesar de esperar uma leitura totalmente diferente, não posso negar o quanto gostei dessa história. Todos os personagens são muito bem construídos, todos contendo yin e yang dentro de si. É impossível não torcer para que tudo dê certo com Li Lan em sua jornada, principalmente para que Lim Tian Ching a deixe em paz (nossa, vocês não têm noção do quanto esse cara é nojento). Para mim, a personagem mais cativante de todas é Amah. Imaginem aquela avó cheia de crenças e superstições, mas que tem um coração enorme. Pois então, é ela.
A autora foi cem por cento bem-sucedida em sua descrição sobre o mundo dos mortos. Ela elaborou tão bem o lugar, com seus espíritos famintos e oferendas oferecidas pela família, que é super fácil acreditar que realmente vamos para lá depois que morremos. Além disso, outra coisa que é super importante destacar é a riqueza de detalhes sobre a cultura do lugar: festivais, costumes, religião e até mesmo o papel da mulher na sociedade, naquela época.
É impossível negar que tive uma ótima experiência com esse livro, mas não é uma história cinco estrelas, favorita, que vai ficar em minha cabeça pelo o resto da vida. Apesar de ter uma linguagem fácil, a narrativa acabou tornando-se lenta em alguns pontos, principalmente enquanto Li Lan se aventurava no mundo dos mortos. Nessas partes, principalmente, ficava com preguiça de ler e até sentia vontade de saltar algumas páginas, mas a curiosidade não deixava (principalmente por causa do romance, que, apesar de sutil, foi delicioso de acompanhar). Não posso falar muito mais se não acabo soltando uns spoilers daqueles.
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