Relato de um Certo Oriente

Relato de um Certo Oriente Milton Hatoum




Resenhas - Relato de um Certo Oriente


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Luís Henrique 28/11/2011

O livro fala da formação e desagregação de uma família de imigrantes libaneses que vieram para Manaus no início/meio do século passado. A partir de uma personagem, filha adotiva do casal central da história que regressa para a sua Manaus natal e, assim, passa a lembrar-se de como ocorreu esta desagregação, o autor nos mostra a história através da memória de alguns personagens, em relatos em primeira pessoa e, por isso, com a sua própria versão para os fatos ocorridos.
Me deu vontade de saber mais da relação da narradora principal com a família, de sua identidade, sua origem. Mas vale pelo estilo de Milton Hatoum contar uma história
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Gláucia 04/07/2011

Relato de um Certo Oriente - Milton Hatoum
Gosto muito desse estilo de livro, cuja trama evoca o passado, as relações familiares e suas repercussões ao longo da vida dos personagens. Acabamos nos deparando com nosso próprio passado e mergulhando em nossas próprias reflexões.
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CRIS 21/06/2011

É uma boa história sobre a família. A única questão que precisa ficar clara é: o livro é narrado por vários personagens e sobre vários momentos; portanto, de difícil entendimento; até mesmo um pouco confuso. Para melhor entendimento é necessário ler e reler várias vezes.
André Fellipe Fernandes 01/01/2017minha estante
Foi difícil perceber a ligação entre os dois primeiros capítulos justamente por essa narração de diferentes personagens, não anunciada. Mas depois que entendi o fluxo, o livro correu bem. Mas de qualquer forma é um livro que deixa você com uma sensação de ter que reler algum dia, e dessa vez já prevenido.




Toni 10/05/2011

Retorno e memória
O viajante tem sido desde a antiguidade uma fonte privilegiada de relatos. Sujeito do movimento, da transformação, do encontro e da troca—da mesma forma que o comerciante que nunca saiu de sua cidade mas vive em pontos de passagem—, ele é construído sob o signo da intersecção, da inevitável miscelânea formada pela confluência de vários caminhos. O lugar do viajante é um devir, um constante estar em movimento suspenso pela travessia, nem origem e tampouco destino: um lugar imponderável que engendra a elaboração da vivência, urgindo que o sujeito se ponha a narrar para compreender. Esse processo une as experiências de si e do outro, e as combina em um trabalho narrativo extremamente fecundo, em que diferentes vozes se entendem e complementam, formando um relato forte e transformador, como toda boa e velha narrativa oral.

De maneira análoga, o retorno ao lar também impulsiona uma força criadora, ainda que fomentada não pelo presente imediato da viagem, mas pela memória vicária das coisas e lugares significativos ao indivíduo que retorna. No entanto, ao contrário do que se poderia imaginar, o retorno é, também ele, uma suspensão: um devir desta vez no tempo, cuja inescrutabilidade do relato torna-o inevitavelmente fragmentado, suspenso entre as lembranças guardadas pelo viajante e memória aprisionada no espaço-tempo da ausência. Neste caso, a compreensão dependerá mais fortemente da voz do outro, do olhar do outro, da elaboração dialógica. Assim, o relato alteregóico será tanto urgente quanto imprescindível.

Os romances “Dois irmãos” e “Relato de um certo oriente” do amazonense Milton Hatoum são construídos, respectivamente, a semelhança dos processos narrativos acima explicitados. O parentesco com as considerações de Walter Benjamin acerca do narrador não é acidental: é dentro desta tradição de transmissão de experiências—associada aos viajantes e comerciantes em constante fluxo—que o autor se situa, como declarou em entrevista concedida de 1993. Ambos os romances circunscrevem-se em uma vertente da ficção brasileira contemporânea de retorno aos gêneros narrativos tradicionais, como o romance memorialista e histórico, acrescentando-lhe aquilo que há de novidade nos estudos culturais interessados em compreender o multiculturalismo presente em configuração latino-americana. No entanto, “sem recorrer aos excessos descritivos que também marcaram parte dos narradores do boom latino-americano, Hatoum consegue absorver em sua ficção o espaço amazonense e relatar seus costumes, sem cair num exotismo hipertrofiado e valorizando referências precisas aos fatos históricos.” (Schøllhammer, 2008).

A produção de Hatoum se situa num momento em que a temática nacional abria espaço à inclusão dos grupos migratórios enquanto constituintes de nossa história, grupos como os dos judeus, dos galegos, dos japoneses, etc. “Relato de um certo oriente” e “Dois irmãos” resgatam a tradição árabe de origem libanesa que se instalou nas ilhas flutuantes de Manaus, tecendo no multiculturalismo de muitas mãos, intrincadamente, o conflituoso encontro de crenças indígenas, costumes islâmicos, natureza extravagante e história nacional.

Duas narrativas sensíveis e sobretudo bem elaboradas, em que o esforço do relato se constrói em conjunto, representando na escassez e na profusão de lembranças a busca pela identidade. Em ambos, "a consciência dos narradores filtra o mundo ao redor para reter apenas as circunstâncias e os detalhes que nela imprimiram sua marca, o que sustenta e realça o impressionismo do 'olhar oblíquo'". (Pellegrini, 2008) Neste processo, a narrativa figura como uma impossibilidade, "que é, dialeticamente, a mesma (...) para todos os homens: a do resgate do passado, da intraduzibilidade do vivido e da incompletude dos sujeitos, os quais, a despeito de sua situação, sempre estarão buscando deslindar algum ponto cego da memória, última e inalcançável fronteira." (idem).
Alê | @alexandrejjr 17/11/2021minha estante
Texto em tom altamente acadêmico que acaba não trazendo a tua experiência de leitura, mas muito bem escrito.


Toni 18/11/2021minha estante
Obrigado pelo comentário. De fato, foi um resumo dos dois livros que fiz para uma apresentação acadêmica e a proposta naquele momento não era aprofundar as impressões de leitura de cada obra. Acabou que para não perder o texto, resolvi colocar por aqui como resenha. =D




Ladyce 19/04/2010

Uma narrativa que seduz como uma dançarina oriental!
Se eu tivesse que expressar visualmente a minha impressão do livro de Milton Hatoum, Relato de um certo oriente, teria que dizer que como leitora, fui habilmente seduzida por um texto cuja história se mostra tímida, escondida nas entrelinhas, e que vai se revelando, a contragosto, com algumas contorções, com gestos delicados e incompreensíveis, com mudanças de ritmo e de perspectiva. Foi como se eu tivesse sido vítima de magia, encantada por uma Salomé, por uma dançarina oriental, debaixo de sete véus. Infelizmente, Milton Hatoum não me deu, como leitora, a oportunidade de descobrir a total beleza da mulher que se desnuda à minha frente. O último véu, aquele que encobria o rosto, aquele que só me permitia, até o último momento, ver só os olhos pelos quais me aproximei da história, esse véu não caiu. A última barreira para a identidade da narradora dessa trama, para o seu nome, fica presa naquela película translúcida através da qual sinto a presença da face. Gostaria de que esse véu tivesse também caído, para saber ao certo, sem quaisquer dúvidas, a identidade dessa personagem, filha adotiva, sem-nome, que volta à casa da infância e se lembra das histórias do passado. Os detalhes do rosto que vislumbro e que imagino, no entanto, nessa dança sedutora, não me são jamais revelados. Foi grande a frustração causada pela narrativa dissimulada, oblíqua da história desta família de imigrantes do Oriente Médio no Amazonas. Terminado o texto, voltei ao início do livro para ter certeza de que não havia perdido algum detalhe que houvesse me desviado para um final inconclusivo, mas continuei, depois de reler o texto, com a inconveniente sensação de uma narrativa que carecia de um único detalhe para um desfecho pleno, satisfatório.

Esse é o terceiro livro de Milton Hatoum que leio. Já havia lido Dois irmãos, de que gostei imensamente, e Órfãos do Eldorado, cuja resenha pode ser encontrada aqui no blog. Esse grande escritor amazonense me agrada. Aprecio sua dedicação à memória, à memória cultural, à memória individual. Sem ela não somos, simplesmente estamos. Milton Hatoum tem uma maneira onírica de contar histórias e é capaz de nos levar facilmente a um mundo meio-sonho, meio realidade, à zona da imaginação que pontua narrativas de um passado não muito distante. Como nos livros citados acima, este romance também se passa em Manaus, essa última fronteira, terra de água e de floresta, de culturas imigrantes e nativas. Ali os mundos se encontram e aprendem a conviver.

A trama é centralizada numa família, cujos principais componentes e eventos que a cercam são contados não só pelas lembranças da principal narradora, uma mulher que, passados vinte anos, retorna ao lar da infância. Ela era a filha adotiva do casal de imigrantes, centro das recordações. A narrativa é composta de diversas memórias, não só dessa filha, mas também de outros membros da família, de amigos, memórias que se entrelaçam e se confundem. Conhecemos assim por pedaços, por insinuações o mundo de Emilie, matriarca desse clã libanês. Ao longo da narrativa tive consciência da herança da cultura oral brasileira e das culturas do Oriente Médio. Com uma narrativa evocativa, o romance ganha profundidade a cada relato, a cada personagem que conta parte da história. Acaba-se com a sensação de se ter lido, de fato um grande romance. Gostaria, no entanto, de fazer a seguinte observação: acho que Milton Hatoum complica um belíssimo texto, mais do que necessário. Se eu, que sou leitura assídua e regularmente inteligente, tenho que pegar papel e lápis para fazer anotações e ver se estou entendendo direito o que acontece na trama, há algo de errado. E foi isso o que aconteceu comigo. Li o livro com papel e lápis na mão. Até um esboço de uma árvore genealógica construí. Não acredito que isso deva acontecer com qualquer romance. Mas mesmo assim, a força narrativa de Milton Hatoum, e seu texto, cuidadoso como hoje já quase não vemos na literatura brasileira, não deixam que eu coloque esse livro de lado.

Vou recomendá-lo, mas advirto, nem sempre o texto tem a clareza que deveria transmitir. Fiquei frustrada e me senti manipulada com essa narrativa oblíqua e dissimulada.
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Adriana Andion 04/09/2009

nao me atraiu muito. Achei meio confuso, me perdi na historia.
enfim.. vou reler essa obra mais adiante.
Adooooooro as obras do Hatoum, mas essa primeira dele.. nao me agradou muito.
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Ana Quintela 10/08/2009

Lindo.
Terminei Relato de um certo Oriente (Milton Hatoun). Eu gostei muito do estilo do livro. Ele conta a história de uma família libanesa que parte para morar em Manaus. O livro é em primeira pessoa e a história é contada pelos próprios personagens que nos colocam a par da vida da família. Além disso, nos leva para "passear" na Manaus do início da 2ª Guerra Mundial e seu pós-guerra. Recomendo.
cid 10/07/2010minha estante
Adoro livros narrados na primeira pessoa. Vou conferir




Claudia Sanzone 11/06/2009

Resumo da obra (os quatro primeiros livros) do escritor está em:
http://clausanzoner.blogspot.com/2009/05/milton-hatoum-em-desordem-cronologica.html
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