luaraaap 16/10/2023
O pior livro que já li
Comecei esse livro com altas expectativas, e terminei chocada que ele seja tão exaltado, quando tem tantos defeitos.
Começando pelo básico, o livro é chato e repetitivo. Os primeiros dois ou três capítulos foram difíceis de aguentar, e parece que ela só repete as mesmas três ou quatro ideias durante mais de 100 páginas. Outra coisa que me incomodou foi que, durante o livro todo, eventualmente alguns parágrafos super longos eram apenas dados sem muita explicação, páginas inteiras de números e mais números sem ou com pouquíssimo contexto, o que deixou a leitura cansativa. Além de, claro, a maioria das ideias serem super batidas hoje em dia, não é um livro muito atemporal.
Mas agora para as partes realmente ruins, e que não me deixaram aproveitar quase nada da leitura, e me deixaram realmente chocada que as pessoas conseguem ignorar ao elogiar horrores isso aqui. O livro é, desde o começo, totalmente da perspectiva de mulheres brancas, ricas e heterossexuais do primeiro mundo. Não somente falta recorte pra muita coisa, como é efetivamente danoso em muitas passagens. Ela compara adolescentes ricas com TAs com judeus em campos de concentração, e afirma que não há diferença nos efeitos fisiológicos nem psicológicos de garotas que passam fome por opção e judeus que eram negados comida, bem como pessoas pobres que até hoje não têm acesso. Compara também essas mesmas garotas com presos políticos, na mesma leva de falar sobre o Holocausto. Mas não para por aí, pois também compara mulheres adultas que optam por cirurgia de silicone com mutil*ação gen*tal de crianças e bebês na África. Fiquei com um nojo absurdo ao ler isso. Existem milhões de formas que ela podia criticar a cultura de cirurgias plásticas no ocidente e discutir até onde vai a "escolha" da mulher nessa situação, sem fazer uma comparação tão absurda e ofensiva assim.
O livro é repleto de comparações no começo desconfortáveis e depois simplesmente absurdas entre racismo e o sofrimento de mulheres brancas ricas, e depois desse parágrafo sobre a alemanha naz*sta foi difícil continuar a ler. É também de uma falta de tato tremenda ao mal falar de classe, e o próprio suco do feminismo liberal, fazendo até críticas quase que descabidas à outros movimentos disruptivos como o movimento punk.
No todo, acho que o livro tem pouquíssimas coisas a se aproveitar, é lento, repetitivo, não possui recorte nenhum de classe, raça, sexualidade e até cultura, e, no fim, faz mais mal do que bem. Não recomendaria a ninguém, ainda mais depois de terminar a leitura descobrir que a autora aparentemente tirou dados de contexto, inventou outros e recentemente na pandemia se revelou até anti-vax. Acho um absurdo que esse livro continue recebendo tantos elogios quando é uma pilha de estr*me. Depois de escrever essa resenha até acho que ter dado 1,5 estrelas foi uma nota alta demais.