LUA 24/01/2016Quando tudo está perdido, sempre existe uma luzResenha originalmente publicada no Mundo de Tinta:
Olá Pessoal,
Vou começar essa resenha plagiando um parágrafo de uma resenha da Sandra no Mundo de Tinta (se eu não me engano é a de "Apenas um Dia") que diz: - "Confesso. Confesso que não queria ler esse livro...Foi o senso de compromisso que me levou a abri-lo".
Porque é isso. Eu não queria mesmo lê-lo.
Quando recebemos a prévia da Novo Conceito, a Dani fez um pré -resenha fofa e deveria ter sido ela a resenhá-lo, mas por problemas operacionais aqui no blog, o livro acabou ficando comigo.
Querem saber porque rejeitei o livro de imediato e se mudei de ideia?
Vem comigo na resenha que te conto.
#Resenha:
Vou começar dando o spoiler máximo do livro. (Antes que me batam, ele está na sinopse.) Zac e Mia estão doentes. Estão hospitalizados. Se conhecem em função da doença.
Conhecem essa história?Pois é...
Eu sou uma leitora que pode ser chamada de "fases". Quando um tema me chama a atenção, eu procuro saber tudo o que posso sobre ele. Sou praticamente a Luna do "Show da Luna"
Então quando a "moda" dos sick-books chegou por aqui, eu li praticamente tudo relacionado ao tema. Não posso dizer que li todos, mas afirmo que 70% dos livros de adolescentes doentes ou que sofreram bullying ou que sofreram algum tipo de trauma e foram lançados na época, eu li.
Aí depois que o tema decaiu, esse livro vem parar na na minha mão. E eu pensei: - Sério? Mais um? O que esse livro tem demais que eu não tenha visto?
O segundo motivo de eu ter rejeitado o livro de pronto foi: - "Sem Or!" que capa horrenda. Tudo bem se você gostou, mas esse olho brincando de bem-me-quer me deu aflição. E pode ser que eu não tenha entendido a referência, mas ela não diz nada do livro. Só não posso culpar a Novo Conceito porque é a mesma da versão original.
Mas, "simbora" para o livro que é por causa deles que vocês vieram até aqui e não para ler meus lamentos.
Como a sinopse, eu mesma e Irene já dissemos, o livro fala de dois adolescentes doentes e que irão se encontrar e relacionar por conta de uma doença.
Se não fosse isso, Zac & Mia talvez nunca se encontrassem e/ou se relacionassem. Ele mora em uma fazenda ou um tipo de chácara, tem alguns amigos e um menino "normal". Já Mia é a urbana, descolada, com vários amigos, líder nata.
Zac já está no hospital, em isolamento, tendo companhia sua "intrometida" mãe e contanto os dias para sair dali, quando Mia chega.
Ela é posta no quarto anexo ao dele, de modo que suas cabeceiras ficam coladas, separadas apenas por uma parede.
A chegada de um novo paciente é sempre um motivo de especulação, tanto para a mãe de Zac que adora saber mais sobre os outros e para o próprio Zac que estando trancado sem contato exterior, fica imaginando quem é, o que a pessoa tem, quais o percentual ou nota da pessoa.(em questão de chance de cura/sobrevivência).
"Quando eu era pequeno eu acreditava em Jesus e Papai Noel, combustão espontânea, e no monstro de Loch Ness. Agora eu acredito em ciência, estatísticas e antibióticos."
Só que Mia não é uma paciente boazinha. Logo na chegada ouvem-se gritos, discussões e música alta, além disso irritantes batidas na parede e uma música altíssima de Lady Gaga que começa a tocar...
Até que um dia, Zac acorda com uma companhia em sua cama! E um pedido de amizade no facebook.
Contrariando as minhas expectativas, eu posso dizer que esse livro me mostrou muito.
Ele não é só "mais" um sick book. Talvez porque a história dele seja quase real.
A autora foi professora para pacientes jovens internados em hospital e usou essa experiência para ambientar o livro, que se passa na cidade de Perth, Austrália.
A título de curiosidade, essa cidade abriga um dos maiores Institutos de Pesquisa Médica do Mundo, o Harry Perkins Institute of MedResarch,( se quiser conhecê-lo é só clicar no link) especializado nas doenças dos nossos protagonistas.
Para compor o livro, a autora usou o conceito de aceitação e negação de pessoas acometidas com doenças graves.
Não conhecemos Zac no inicio da sua enfermidade, mas alguns flashbacks mostram que não foi fácil para ele aceitar e começar o tratamento. Quando ele aparece no livro, após o transplante de um orgão de um doador alemão, o que rende o apelido de Helga, ele já está mais que acostumado com o procedimento hospitalar e a corujice de sua mãe.
"O Google me diz tudo o que preciso saber sobre a morte, exceto o que vem depois."
Falando em mãe, a do Zac é uma figura, mas o comportamento dela é totalmente natural.
Eu, infelizmente, já tive oportunidade de fazer um longo acompanhamento de uma pessoa em hospital, e me reconheci na mãe dele. Porque, depois de um tempo, você é praticamente da "família hospitalar" e isso é também uma forma de te ajudar a "desopilar" da pressão de não poder fazer mais nada, além de acompanhar.
Já Mia, é o paciente novato, aquele que não teve tempo de "digerir" a doença e a gravidade dela.
Eu vi algumas pessoas criticando o comportamento da menina, mas eu posso afirmar que ele é completamente normal. Uma pessoa como Mia,mais sendo a "bambambam" e que tem que passar por um procedimento extremamente invasivo e urgente, muitas vezes tem um forte sentimento de não aceitação.
É como na música Via Láctea do Legião Urbana.
É esse comportamento "irresponsável" de Mia que os aproxima e que farão eles viverem algumas aventuras que darão suporte a história até a sua conclusão.
Além desse quê de realidade, o livro também conta com a família de Zac, a atitude deles com relação a doença dos dois, o acolhimento e as lições que eles também foram aprendendo ao longo do tempo.
"Eu não sei como ele faz isso, como ele me faz esquecer o relógio e a dor.Às vezes, mesmo que seja apenas por alguns segundos, eu posso esquecer que porcaria a vida é"
Mas, apesar disso tudo não espere um livro depressivo. A autora soube explorar a irreverência adolescente, o uso da cultura pop, seja na música, games e /ou nas redes sociais, as brincadeiras e a amizade para permear o livro e criar um clima mais ameno em uma situação tocante.
Sobre a conclusão, essa estória é única, estandalone e o final aberto, mas isso não faz diferença. O real significado do livro é esperança.
É, quem mandou eu achar que já tinha lido de tudo?
Fica aqui mais uma lição!
Recomendo o livro àqueles que já passaram por uma doença grave. Vocês se reconhecerão nos protagonistas. Aos que não passaram mas foram acompanhantes, mesmo que de longe, de pessoas nessa situação, e a todos os fãs de sick book e de livros que te deixem uma lição. Se você conhece alguém que está passando por uma situação ruim, mesmo que não seja doença, mas algum revés qualquer, indique o livro. É uma ótima leitura.
Até mais,
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