Maíza | @maizatavares_ 13/10/2020
"O pecado nos mata"
No livro de Raphael Montes, são apresentados 7 contos aos leitores, cada um baseado num demônio, cada demônio responsável por 1 pecado capital. Neles podemos encontrar Belzebu(gula), Leviathan (inveja), Lúcifer (soberba), Asmodeus (luxúria), Belphegor (preguiça), Mammon (ganância) e Satan (ira).
O Vilarejo é um lugar totalmente isolado e cercado por neve; onde não há comida, solidariedade ou companheirismo. Com a nevasca, somente restou fome e desgraças. Muitos dizem que é um lugar amaldiçoado em decorrência das tragédias que ocorreram ali, violência, mortes e barbáries entre vizinhos e famílias (após aparições de um velho corcunda na região).
Em relação ao desenvolvimento da obra: os contos são diretos e impactantes, não há tantas descrições de cenários ou ambientações. Porém nada disso importa, pois o foco das histórias é retratar as coisas que os humanos são capazes de fazer e, em alguns casos, as consequências de suas atitudes pecaminosas. Raphael mostra que os humanos são seus próprios demônios, que o mal habita neles e que, em situações e sentimentos extremos, também são capazes de atos extremos. “[...] nunca inseri o pecado ou mal nas pessoas. O mal já estava lá. Eu apenas o potencializei”.
Mesmo o escritor tendo traduzido os contos do cimério para o português, fiquei encantada em como ele pôde deixar a história tão interessante ao ponto de me fazer devorar o livro em 1 dia só. Pensei que iria sentir medo, mas não senti. Há sim partes de violência extrema e, com os detalhes, torna-se possível imaginar os personagens fazendo atrocidades com outras pessoas. Ainda sim, a vontade de ler mais foi maior do que a repulsa das cenas.
Dentre os 7 contos, os que eu mais gostei foram: Leviathan, Asmodeus e Satan, por ter me surpreendido com o desenvolvimento do enredo. Por outro lado, os que menos gostei foram: Lúcifer e Belphegor, por me senti muito incomodada pelos personagens e atitudes racistas nesses dois contos. Mesmo interpretando que eram os personagens mostrando o pior que havia dentro de si, não deixou de ser agoniante. Creio que esse era um dos propósitos do escritor.
Por fim, o final é um tapa na cara. Bom por demais, conciso na medida certa, responde dúvidas que aparecem acerca do primeiro conto, conecta as histórias e que ainda traz reflexões para o leitor. Definitivamente, é um livro que não se deve esperar por nada que envolva felicidade.