Lina DC 10/02/2016O prólogo se desenrola no Zoológico de Los Angeles, onde acompanhamos a percepção de Dominick e Mosa, um casal de leões que sofre uma mudança. Tal mudança vem com uma sensação de caça para os animais e o leitor observa isso através da narração, que nos apresenta o que os animais sentem e como agem.
"Larson parece uma boneca de pano indefesa quando Mosa sacode sua cabeça de um lado para outro. Então, o pescoço se quebra com um estalido semelhante ao de um lápis se partindo, o último som que seu cérebro registra antes da morte." (p. 10)
Na primeira parte do livro somos apresentados ao protagonista Oz, seu humor sarcástico e seu cotidiano. A história é desenvolvida com capítulos narrados em primeira pessoa por Oz e em terceira pessoa. Oz é um cientista desacreditado por conta de sua teoria.
"Mas eu não era um contestador nem um místico tentando estabelecer uma conexão profunda e intrínseca com a realidade. Eu estava mais para um Chicken Little biólogo e evolucionista, só que, em vez do céu, era a vida na Terra que estava desmoronando. Todo reino animal. Uma coisa muito, muito esquisita e muito, muito ruim estava acontecendo, e eu era a única voz chamando a atenção para esse fato." (p. 15)
"Soa como algo grandioso, eu sei, mas meu medo era que, se eu estive certo - e pela primeira vez na vida eu sinceramente esperava estar errado -, estaria ocorrendo uma alteração do paradigma planetário que ia fazer o aquecimento global parecer um passeio de domingo num jardim orgânico comunitário." (p. 15)
Oz divide o apartamento com Attila, um chimpanzé que ele resgatou. Por mais que inicialmente cause estranheza, o autor descreve em alguns capítulos os sentimentos e as motivações da ação de Attila, que acaba ganhando um papel importante na obra.
Oz é um personagem obstinado, que vai fazer de tudo para chamar a atenção dos cientistas para a sua teoria. Tem um humor ácido e mesmo em momentos de grande tensão, tem um comentário inapropriado. Ele é teimoso, mas descuidado. Provavelmente muitas das situações em que ele se envolveu no livro poderiam ser evitadas se apenas parasse um segundo antes de agir.
Ele conhece Abraham Bindix, um guia de safári que mora em Botsuana. É Abraham que entra em contato com Oz e pede sua presença, pois estranhos eventos estão ocorrendo em seu país.
" - Oz, você não estava louco, afinal - falou Abe com seu sotaque africâner de erres enrolados e consoantes ríspidas. - Você tinha razão. O comportamento dos leões está errado, totalmente errado. Errado, errado, errado. Acabei de chegar de uma caçada particular lá no norte, perto do Zimbábue. Encontramos uma aldeia.. uma aldeia inteira... vazia. Com sangue e rastros de leão de uma ponta a outra. Nunca vi ou ouvi falar de uma coisa assim." (p.31/32)
É nessa viagem para a África que Oz e a civilização começam a perceber que seus dias estão contados. Os eventos que vão se seguindo, demonstram que os animais estão atacando seres humanos e que todos estão em perigo. É nesse momento também que Oz conhece Chloe, uma jovem ecologista que irá apoiá-lo e ajudá-lo a pensar em como salvar a todos.
Chloe é uma personagem coadjuvante. Sua personalidade não se destaca e seu comportamento é passivo na maior parte do livro.
A ideia central do livro é muito boa e também é um alerta sobre o comportamento das sociedades. Mesmo quando se descobre a causa da mudança comportamental e o que pode ser feito para evitá-la vemos indivíduos que pensam no conforto próprio ao invés de pensar no bem coletivo.
Os capítulos são curtos e as narrações vão se alterando entre Oz e os demais acontecimentos. A escrita é sucinta e fluida, dando grande dinamismo à trama.
Em relação à revisão, diagramação e layout foi realizado um bom trabalho. A capa está relacionada com o conteúdo e chama a atenção.