Mari Siqueira 25/10/2015Um verdadeiro badboy! Sexy, inteligente e viciante. Desejo Proibido, livro de estreia de Sophie Jackson, é simplesmente uma perdição. Com personagens além dos estereótipos e uma trama ambientada numa penitenciária, a autora inova nos romances hot, trazendo algo diferente, interessante.
Sophie nos apresenta um personagem contraditório: um rapaz que foi preso por tráfico de drogas. Parte bandido, parte cavalheiro, o protagonista vai de um extremo a outro sendo julgado e criticado, inclusive pelo leitor. Como qualquer um de nós, Carter cometeu erros e paga por eles. Mas como a sociedade encara um presidiário? Confesso que não sou nem um pouco ativista de Direitos Humanos, muito pelo contrário, mas o que a autora propõe é um olhar mais apurado para a criminalidade e traz, principalmente, a noção de que apesar de bandidos, muitos dos que cumprem pena são apenas pessoas que fizeram escolhas erradas. Muitos, não todos, ok?
A complexidade de Carter, sua história e os motivos que o levaram a fazer o que fez são comoventes e por trás da fortaleza de raiva, tatuagens e grosserias há um cara que só quer proteger as pessoas que ama. Todos temos histórias tristes para contar e erros para carregar, a gravidade de um ou de outro é relativa. Ninguém é completamente bom, nem completamente mau.
Anos após a morte do pai, Katherine ainda tem pesadelos com o dia em que ele foi assassinado. As lembranças da brutalidade dos bandidos, porém, são interrompidas pela memória de seu salvador. Um rapaz a afastou do pai, naquela noite e salvou sua vida. Antes de morrer, o pai a fez prometer que sempre retribuiria tudo o que aprendeu e assim, ela decidiu ser professora e dar aulas na penitenciária de Arthur Kill. Era sua dívida com o pai, com seu salvador, com o mundo.
Wesley Carter é um badboy metido a valentão. Provocador, insolente e briguento, o jovem é um problema dentro e fora da cadeia. Seu pavio curto fez sua fama e nem mesmo o diretor do presídio consegue aturá-lo. Quando seu advogado o alerta sobre a condicional e a possibilidade de sair daquele lugar, Carter decide se esforçar para conseguir sua liberdade. E isso inclui frequentar as aulas de literatura da professora Katherine Lane.
A tensão entre os dois é perceptível e ao mesmo tempo que se desprezam os dois se atraem. Errado, anti-ético, ilegal, imoral, Katherine está ciente de todas as complicações que uma relação com um aluno - ainda por cima um detento - pode causar, mas ainda assim, não consegue parar de pensar naqueles olhos azuis, e naquele corpo sarado. Enquanto isso, Carter também se interessa pela ruiva de corpo escultural que fala sobre poesia e para piorar as coisas - ou não -, ele também adora literatura. Em meio a discussões literárias quentes os dois vão perceber que um desejo proibido pode por tudo a perder, desde a liberdade, o trabalho até a sanidade dos amantes.
Wes e Katherine são um casal bastante ardente, não são o típico casal badboy/virgem e mostram que boas histórias não precisam se basear em clichês e módulos prontos. Os dois desafiam tudo e todos para viverem sua paixão, até mesmo suas próprias famílias. Com erotismo na medida certa, os momentos mais quentes são de extremo bom gosto e a escrita de Jackson não é prolixa ou repetitiva, pelo contrário, é fluida e interessante. O protagonista bonitão e sensual é provocador e intenso e com certeza - assim como Kat - caí de amores por ele.
Sophie fez uma estreia literária genial. Sua obra traz fortes referências à Shakespeare, inclusive, o título original em inglês, 'Uma Libra de Carne', é uma expressão utilizada em O Mercador de Veneza que significa 'uma dívida'. O tema permeia o livro e a dívida que cada um dos personagens carrega é maior que suas próprias vidas e motiva cada uma de suas ações, boas e ruins. O que Sophie quis dizer com essa bela história de amor é que todos temos nossas libras de carne, umas mais pesadas que outras, mas todas igualmente significativas. E se a paixão, o desejo e o amor também forem libras de carne, que nós estejamos todos muito endividados.
"- Não tenho medo de você.
- Ah, Srta, Lane, não me provoque.
Ele sorriu de um jeito sexy.
(...)
- Você deveria ter medo, Pêssegos - murmurou ele. - Já fiz coisas que fariam sua linda cabecinha pirar, e você estando assim tão perto - ele apontou com o queixo para o espaço entre eles e seus olhares se encontraram - bem, me faz querer ser mau de novo." (p. 67)
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