Lane @juntodoslivros 29/04/2016Será mesmo que alguns segredos devem ser enterrados?Quando seu coração está quebrado, o que você faz? Quando pessoas próximas te ferem e magoam, o que você faria?
Hannah Farr tem uma vida perfeita. Tem seu próprio programa de televisão em New Orleans, onde é apresentadora, tem muitos fãs que a adoram e namora o prefeito da cidade, Michael Payne, há dois anos. Toda essa perfeição está em risco quando duas pequenas pedras entram em sua vida.
Hannah está com o coração cheio de mágoa e rancor, mas para seguir em frente ela deve enfrentar o passado de uma vez por todas. A chance aparece quando as Pedras do Perdão são enviadas para ela por Fiona Knowles, uma colega de escola que a maltratou na adolescência.
Está enfiada lá no fundo, no mesmo lugar onde a escondi dois anos atrás. Uma carta de desculpas de Fiona Knowles. E um saquinho de veludo contendo um par de Pedras do Perdão. Página 18
O objetivo é passar duas pedras para alguém que você magoou como um pedido de perdão. Se uma das pedras voltar é porque a pessoa foi perdoada. E assim o ciclo se forma. Parece um pouco sem nexo? Até que sim, mas as pedras são apenas o símbolo de sentimentos negativos, elas servem ao propósito de liberar tudo que está magoando alguém. Adorei o conceito que a autora criou aqui!
Depois de receber as pedras, velhos sentimentos ressurgem como uma avalanche. O livro está recheado de lembranças de Hannah desde o momento em que a mãe decidiu separar-se do pai há 21 anos. A última vez que Hannah e a mãe se viram foi em sua formatura há 16 anos. Hannah, agora com 34 anos, guarda um forte ressentimento por ela ter abandonado a família para ficar com Bob. Por não ter ficado do seu lado em um momento difícil. Mas será mesmo que foi isso que aconteceu?
A cada momento vivido por Hannah, as lembranças vão sendo mostradas e dando uma nova perspectiva sobre suas atitudes e conceitos sobre tudo. Será que ela não acabou fazendo coisas que só a afastaram da mãe e não o contrário? Algumas lembranças foram de alguma maneira distorcida por conta de seu ressentimento? Agora Hannah vai ter que enfrentar seu passado para poder finalmente encontrar seu futuro.
Porque agora começo a questionar todas as crenças que mantive com tanta firmeza nestes últimos vinte e um anos. E a própria missão deste dia, oferecer perdão para a minha mãe, de repente parece toda errada. Página 111
Uma personagem me chamou atenção desde o primeiro momento que apareceu: Dorothy. Uma senhora de idade muito fofa e sábia. A cada página virada, eu ficava esperando ela aparecer e poder ver seus conselhos. Não tinha como não se apaixonar por ela. E também sofrer junto com ela em um momento de revelação, me doeu muito o coração.
Eu sempre imaginei a vida como um quarto escuro cheio de velas. Quando nascemos, metade delas está acesa. A cada boa ação que fazemos, mais uma se acende, criando um pouco mais de luz. Mas, ao longo do caminho, algumas chamas são extintas por egoísmo e crueldade. Então, veja bem, nós acendemos algumas velas e apagamos outras. No fim, só podemos desejar ter criado mais luz que escuridão neste mundo. Página 46 e 47
Não é a mentira. Nunca é a mentira. É encobrir que nos arruína. Página 149
Vamos a um ponto que deve ter deixado um tanto indignado alguns leitores: a reviravolta do segredo. O modo como a autora decidiu finalizar isso deixa dúvidas ou até certezas em aberto. Mas entendo a perspectiva da autora de deixar isso em aberto, por que é real. Não são todas as pessoas que decidem enfrentar esse tipo de problema. Hannah já tinha conseguido sua paz interior e reviver tudo outra vez não faria mais diferença.
Porém, um questionamento fica aqui para os leitores: será mesmo que alguns segredos devem ser enterrados?
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http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2016/03/doce-perdao-lori-nelson-spielman.html