Kristine Albuquerque 30/03/2020
Casacos elegantes, mundos paralelos e uma jornada repleta de ação.
Esse foi o meu primeiro contato com a V. E. Schwab e eu tinha muitas expectativas sobre ela (de um modo geral, não apenas com esse livro). Felizmente, elas foram atingidas e superadas! Ainda tenho duas pequenas ressalvas sobre esse livro, mas já quero ler vários outros da autora!
E eu fiquei tão animada assim porque encontrei uma estória original, criativa, muito bem construída, com ótimos personagens, ótimos diálogos e ótimas cenas de ação, com muita aventura e nenhum romance para tomar a frente de tudo isso! O enredo segue sempre crescendo, cria muita tensão a cada fim de capítulo e encerra de um jeito ótimo (quantas vezes vou usar essa palavra? rs), a ponto de parecer um livro único. Claro que eu já criei mil teorias sobre a continuação, mas não estou tão ávida para lê-la porque esse aqui encerra de um jeito muito bonito e completo em si.
O mundo que nos é apresentado parte de uma Londres que possui quatro mundos paralelos: a Cinza, a Vermelha, a Branca e a Preta. Essas Londres, que se conectavam entre si e mantinham suas portas abertas, foram isoladas (não de forma voluntária) umas das outras após um período de guerra. Em 1819, ano em que se passa a estória, apenas os magos de sangue, ou Antari, conseguem transitar entre os mundos. O detalhe é que existem apenas dois magos, já que a raça passou por um genocídio durante e após a guerra. A criação de tudo aqui é rica em detalhes e desenvolvimento, com descrições que beiram a perfeição. A autora joga uma informação que parece ficar solta, apenas para retomar lá na frente e ser a chave para alguma situação se resolver. Tudo fica bem amarrado, sem excessos. A ambientação também é muito bem trabalhada, levando mais de 100 páginas, mas é feita de um modo tão interessante que nem chega a realmente incomodar.
Os personagens são especiais a seu modo, complexos e com personalidades fortes. O Kell e a Lila não são nada meigos ou fáceis de lidar, e formam uma dupla que funciona muito bem. Como li em outra resenha por aqui, eles estão em um nível de igualdade que poucas vezes se vê. Ambos têm suas habilidades e nisso eles se complementam, sem nunca um parecer melhor que o outro em força ou inteligência. O Rhy é o típico herdeiro que não quer ser herdeiro e sim curtir a vida. Quero ver mais dele nos outros livros. Por um momento achei que ele ia ter uma virada tipo o Rhys de acomaf, só que ao contrário, e ainda bem que eu estava errada. O Holland é meio que um anti-herói aqui (eu acho?), não consegui criar uma antipatia por ele por causa do que ele passou e acho que ele terá um papel essencial na continuação. (Já entrei nas minhas teorias, rs.) O Athos e a Astrid foram os vilões que eu amei odiar, com suas maldades e traições sem parecerem caricatos.
Tudo acontece no momento certo e na hora certa, sem precipitações. Esperei por uma reviravolta que mexesse drasticamente com tudo, mas não vemos isso. A jornada tem suas complicações e as consequências destas, virando uma grande bola de neve que parece nunca parar, e é aí que fica a tensão, sempre se acumulando. Prendi o fôlego inúmeras vezes, em torcida ou desespero pelo que ia acontecendo. Só na última parte, quando as coisas começam a se resolver, é que vem alguma tranquilidade. E achei ótimo a autora se demorar nessa parte também, sem pressa, colocando tudo no seu lugar. Parece que sua fama não é sem fundamento, e vou querer conferir tudo o que ela publicar. Se você gosta de fantasias, não vai se decepcionar com esta.