Thai 04/02/2017
Resenha A Irmã da Tempestade
A irmã da tempestade vem contar a história de Ally D’Aplièse, uma jovem que se mostra um prodígio na vela, além do mais, ela vive o momento mais lindo de sua vida: esta bem resolvida no ramo do trabalho e também no amor, descobrindo ao lado do amado Theo uma nova forma de plenitude.
Ally, assim como suas outras cinco irmãs foram adotadas por Pa Salt, um homem que o que tem de rico tem de misterioso, após a morte do pai cada uma das irmãs recebeu pistas para procurarem suas verdadeiras origens. Para Ally, além das coordenadas de seu local de origem foi deixado um livro autobiográfico de um músico chamado Jens Halvorsen e uma espécie de amuleto em forma de sapo.
“O que eu sabia, porém, era que desde o dia do meu nascimento existia um universo paralelo que avançava junto com o meu e poderia facilmente ter sido meu destino. E agora esses dois universos tinham colidido, e eu trafegava pelos dois ao mesmo tempo.” p. 479
Quando todo o mundo de Ally vira de ponta cabeça resta à ela descobrir quem é, encontrar as respostas que devem preencher a lacuna que seu nascimento sempre reservou.
“A música é o amor à procura da voz.” p. 520
Indo quase 140 anos atrás conhecemos por meio da tradução do livro deixado por Pa Salt à Ally a história de Anna Landvik, uma jovem camponesa norueguesa que vê sua pacífica vida mudada completamente com a chegada de Her Bayer à sua porta, ele um homem importante, uma espécie de caça talentos para a época e chega a casa da família Landvik por interesse de fazer da simplória Anna uma estrela do canto. Deixando a cidade natal, valendo-se dos luxos e amarguras de uma cidade grande Anna conhece e se a apaixona por Jens Halvorsen, para mim, um verdadeiro boa vida, filhinho de papai que deve de largar a boa vida para virar músico após o pai descobrir de sua vida paralela. A atração por Jens pode ser a dádiva e também a perdição da doce Anna.
“[...] vou lhe dizer agora que Jens Halvorsen é problema na certa. Ele vai arrasá-la, Anna, assim como arrasou todas as mulheres que tiveram o azar de cair em sua armadilha. É um homem fraco, e a fraqueza dele são as mulheres e os excessos.” p. 319
O que essas mulheres teriam em comum? O que as ligaria, como uma mulher do final do século XIX e uma contemporânea podem ter em comum? Essas são questões centrais e que acompanham a leitura página a página, de forma magistral Lucinda cria um enredo em que o passado e o presente se confundem, sendo uma trama que faz jus as suas 521 páginas que são de puro contentamento.
A história de Ally tem mais enredo, mais consistência de história que seu anterior, “As sete irmãs”, creio que isso se deva principalmente pelo primeiro da série ser mais descritivo de quem são as irmãs, os personagens essenciais da trama, isso tudo para assimilar faz com que a leitura seja mais delicada, se me entendem. Em “A irmã da tempestade” já estava habituada com nomes, profissões e outros detalhes técnicos, por isso apesar de cada livro ser independente eu recomendaria que os lessem em sequência para poderem aproveitar mais a trama, uma vez que apesar deste segundo volume também descrever as irmãs em seus aspectos físicos e de personalidade isso é feito de forma mais prática, para dar liga aos personagens e a história e não com a mesma riqueza do primeiro, então fica a dica, aproveitem os dois volumes!
O tema em si do qual Lucinda se vale para explorar a trama das sete irmãs, o ato de descobrir sua origem, é muito válido, mesmo as irmãs sendo unidas e tendo sido criadas com conforto e amor a possibilidade de descobrir qual sua origem, sua história, sua família com a qual compartilha genes é uma verdadeira dádiva, uma vez que ao que parece nenhuma dessas irmãs chegou ao paraíso de Pa Salt por um mero acaso.
Não tenha medo de se jogar na trama, Lucinda sabe como ninguém escrever histórias de passado e presente juntos em uma mesma trama, são duas histórias lindas, que prometem cativar, não há como não se encantar e emocionar-se por Anna e Ally, duas mulheres fortes, que superam as adversidades mesmo com o coração partido e isso as tornam ainda mais fortes. Outro ponto super interessante e que vale a pena ressaltar é o fato histórico que cada livro comporta, no caso Grieg, o compositor que dá vida a canção que consagra Anna realmente existiu, de acordo com o Wikipédia segue uma breve biografia:
“Edvard Hagerup Grieg é o mais célebre compositor norueguês, um dos mais célebres do período romântico e do mundo. As suas peças mais conhecidas são a suíte sinfónica Holberg, o concerto para piano e a suíte Peer Gynt.”
Como é possível perceber o real e o irreal se misturam nas obras de Lucinda, criando assim um universo único, como se estivéssemos desvendando verdadeiros mistérios, todo esse poder de criação e execução de um enredo merece ser aplaudido de pé, pois eu Thaila já acho super complexo escrever um livro, amarrando todas as pontas ficcionais, mesclá-lo com pontos reais e fazer jus a esses se mostra um desafio que apenas autores perspicazes conseguem dominar e Lucinda está entre eles!
Neste livro Lucinda já deu um nó na minha cabeça e já estou com uma hipótese fixa na mente e que de agora até o final irá me acompanhar, já to ansiosa pra saber qual o desfecho de toda essa ideia que me passa pela cabeça e espero que esse seja o desfecho escolhido pela minha querida autora. É claro que recomendo e já imploro: “Que venha Estrela, que venha Estrela.”
Sobre a série
Como já deve ter ficado bem claro os livros dessa série se basearão na mitologia grega referente ao aglomerado de estrelas denominada “As sete irmãs”, nas quais cada uma de nossas personagens ganhou seu nome em homenagem a uma das estrelas. Li muita coisa na internet sobre o assunto e pelo que entendi dos sites que li, há muitas variações da história, o que se tem em comum é que as sete estrelas eram filhas de Atlas e Pleione sendo as mesmas perseguidas por Órion durante sete anos, deste ponto há diferentes explicações para como elas teriam virado estrelas, eu gostei particularmente da que fala que o deus Júpiter com pena das irmãs apontou à elas um caminho para o céu, para que pudessem ficar a salvo, elas estão localizadas na constelação de touro e de acordo com o site David Rivers:
“Situada na constelação de Touro, este grupo de estrelas talvez seja o conjunto mais visível do céu noturno. Estando dentro do plano da nossa própria galáxia, as Plêiades contêm mais de 500 estrelas, mas apenas 7 são facilmente visíveis a olho nu. Cercando as estrelas reluzentes, uma nebulosa de reflexão cria um lindo brilho azulado, quando vista com um telescópio.”
Assim como na mitologia apenas seis irmãs ganham destaque, sendo Mérope uma desertada, para mim sua história será o desfecho central de toda a trama de Lucinda!
Refêrencia: http://davidrivesministries.org/as-pleiades-as-sete-irmas/
site: http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/