Duas narrativas fantásticas

Duas narrativas fantásticas Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Duas Narrativas Fantásticas


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Ana Letícia Brunelli 21/09/2017

É a primeira vez que leio Dostoiévski. Achei que seu texto tem o ritmo do pensamento humano, como quando conversamos mentalmente com nós mesmos, o que traz toda a profundidade, confusão e ambiguidade do que pensamos e sentimos quando tentamos entender a nós, aos outros e ao mundo ao nosso redor.

Em a ''Dócil'', me chamou atenção principalmente a falta de diálogo entre o casal, deixando o entendimento entre eles, seus sentimentos, o que pensam um do outro, na esfera do achismo de suas próprias interpretações. A esposa parece querer se abrir no início, até mesmo chamar a atenção, mas encontra a obstinação do marido em se fechar em si mesmo, esperando que ela o entenda através de ações que ele considera serem o suficiente para deixar clara sua personalidade. A esposa se recolhe em seu canto e o marido segue com sua postura, orgulhoso por acreditar estar agindo da forma certa e sendo capaz de compreender o que vai no coração da esposa. Mas quando o véu de sua visão cai, e ele passa a querer correr atrás do tempo perdido, deixando a esposa perplexa diante de sua mudança brusca de atitude, pode já ser tarde demais.
''Aí está o que não presta, é que eu sou um sonhador: fartava-me de material e, quanto a ela, achava que ela esperaria''.

Em o ''Sonho de Um Homem Ridículo'', me levantou a questão: Qual será a verdadeira essência humana? Será o mal o estado normal dos homens, ou seriamos capazes de amar verdadeiramente uns aos outros? O autor apresenta duas situações de vida na Terra. Uma utópica, que acontece no sonho do narrador-personagem, na qual os habitantes da Terra sabem viver com serenidade, convivendo com tudo e com todos como semelhantes, usufruindo do que a Terra lhes oferece com respeito e gratidão, e exercendo um amor altruísta, livre de volúpia, ciúmes e egoísmo. E outra real, como conhecemos, e que desacreditamos ser possível um dia ter sido ou vir a ser diferente. A mentira se torna a tônica na convivência entre seres que buscam acima de tudo a realização de seus próprios interesses, causando dispersões, dissidências, lutas e destruição. Os homens começam a construir teorias, teses e códigos na tentativa de alcançar uma unidade que eles mesmo consideram ser uma ilusão. Surge a dor, e ao mesmo tempo que buscam seu alívio, a ela também se apegam.
Esse texto fortaleceu a crença que tenho na dualidade da essência humana. Há dentro de nós tanto a capacidade de exercermos o amor quanto o ódio, de vivermos em guerra ou em paz. Tudo depende da estrada que escolhemos seguir, ou melhor dizendo, daquilo que decidimos alimentar dentro de nós.

''E no entanto todos seguem em direção a uma única e mesma coisa, pelo menos todos anseiam por uma única e mesma coisa, do mais sábio ao último dos bandidos, só que por caminhos diferentes".
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Pat 25/10/2017

O sonho de um homem ridiculo
Simplesmente lindo! Me fez favoritar o livro apesar de a primeira narrativa "A Docil" nao ter me prendido. Vale a pena ser lido por todos!
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Camis Domi 10/11/2017

Para refletir
Duas novelas que abordam os conflitos psicológicos sempre presentes nas obras de Dostoiévski, tratando do tema suicídio. Gostei mais de O Sonho de Um Homem Ridículo, em que o narrador tem um sonho extraordinário que transforma toda a sua visão de mundo e da vida. Ambas as narrativas possuem a intensidade dramática típica do autor russo, um dos mais brilhantes de todos os tempos.
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Lucas 13/01/2018

Uaal
Um destaque especial para o conto 'O sonho de um Homem ridículo', este conto diz muito sobre tudo, td faz refletir e pensar realmente em alguns ideais que temos na vida e a falta de amor, indico a todos, é curto e muito bem escrito.
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Jaqueline.Menezes 15/01/2018

Duas narrativas fantásticas e totalmente possíveis
Quando Dostoiévski resolve abrir seu próprio jornal ( Diário de um escritor), lhe ocorre de ocupar uma edição inteira da sua publicação mensal com duas novelas. Uma em 1876 - A Dócil e a outra em 1881 - O sonho de um homem ridículo. O autor muito polido, pede desculpas aos seus leitores e licença para discorrer sobre as estranhezas humanas que vinha observando e lhe serviria de inspiração em uma espécie de laboratório que fazia ali mesmo no seu cotidiano de jornalista.
Mesmo tendo sido traduzido diretamente do russo, a barreira da linguagem não se mostrou tão sólida e em muitas passagens onde expressões mais difíceis de se compreender entravam na narrativa foram destacadas explicações contextuais e etimológicas.
A dócil (1786)
Uma bela e dócil criatura tirou a própria vida, ainda com o corpo estendido na sala de casa, seu consternado esposo tenta entender o que fizera para perder sua esposa dessa forma.
Havia um homem que conseguia manter sua vida financeira através de sua caixa de penhores, diante da miséria e toda sorte de desgraça que a crise econômica podia trazer, esse mesmo homem conseguia extrair da pobreza de seus clientes uma quantia consideravelmente razoável para que pudesse viver confortavelmente.
Havia uma bela jovem de quinze anos completos, uma jovem bela, órfã e muito pobre, como a maioria da gente naquela Rússia do século XIX. Essa garota pobre era maltratada na casa onde vivia com suas tias, não conseguia trabalho em lugar algum, mas mesmo assim ainda se dignava a penhorar o pouquíssimo que tinha na intenção de que alguém lhe desse uma oportunidade se visse os muitos anúncios que colocava nos jornais.
Ninguém lhe dera um emprego, mas o senhor da casa de penhores se compadeceu de toda sua angústia e lhe propôs casamento.
O tempo passou e o casamento se mostrou um carrasco ainda pior do que a própria fome. O que faz uma pessoa não se sentir conectada mais com o brilho da própria vida? A indolência pode causar um dano tão sério em alguém tão aparentemente tenro? O tema é ainda atual e totalmente possível apesar de se apresentar uma natural estranheza pois o narrador está a descrever todos seus percalços com a mulher com a qual se casou e agora é nada mais que um cadáver em sua frente.
- Minha interação com essa novela dostoiévskiana foi chegar à constatação de que pode ser fatal tornar os relacionamentos algo mecanizado que se possa pautar por manual de instruções. O uso de protocolos genéricos para algo tão dinâmico como as relações humanas, principalmente aquelas que envolvem emoções mais profundas pode causar grandes danos. Acreditar que as necessidades do outro são puramente uma extensão se seus próprios anseios é algo contemporâneo e completamente verossímil.

O Sonho de um homem ridículo (1881)
Um homem desiludido e indiferente à vida quer morrer, decide que irá cometer suicídio, decide que meterá uma bala na cabeça, com uma letargia súbita adormece sentindo um buraco no peito e acaba confuso, pois pretendia acertar a cabeça. Sonha com o mais utópico dos planetas, porém, sua simples presença no paraíso cria uma mácula crescente em todos os perfeitos habitantes do planeta. Agora esse homem não pode mais ser indiferente pois sente que criou um grande desalinho e que é de sua responsabilidade reconstruir a harmonia da perfeição. Este homem, agora tem uma missão: Desfazer a perversão que acredita ter criado quando contaminou todos com sua autoconsciência. Agora o homem é um fervoroso com um discurso proselitista.

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Luiza.Thereza 02/02/2016

Duas Narrativas Fantásticas
As duas narrativas, A Dócil e O Sonho de um Homem Ridículo são histórias que se aproximam quanto ao conteúdo uma vez que ambas envolvem seus narradores com o suicídio. Só que de maneiras diferentes.

Sabe quando uma pessoa está tão perdida que não consegue parar de andar de um lado para outro? Pois é, é assim que o narrador de A Dócil (1876) está. Sua esposa, uma jovem de 16 anos, está sobre a mesa, esperando o caixão em que será sepultada. Ela se jogou da janela de casa e ele (um homem de quarenta e tantos anos) não entende o motivo que a levou a fazer isso.

Desesperado, ele tenta juntar as lembranças de seu casamento recente, ora conversando consigo mesmo, ora com alguém imaginário, tentando entender o motivo do suicídio de sua esposa.

O narrador de O Sonho de um Homem Inútil (1877) está prestes a se matar. Um revolver está carregado diante de si e ele está determinado a tirar sua própria vida. Mas então ele adormece e um sonho extraordinário (e revelador) começa.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2016/01/duas-narrativas-fantasticas-fiodor-dostoievski.html
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Gabriel Schmidt Neto 16/01/2016

A primeira ''A Dócil'' é uma história mais convencional, já o segundo conto ''Um Sonho de um Homem Ridículo'' é simplesmente genial, fantástico, um dos melhores textos que eu já li na vida. A desconstrução da bondade humana de uma maneira que eu nunca havia pensado. Épico.
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Lucas 22/08/2015

Uma boa introdução à Dostoiévski
As “Duas Narrativas Fantásticas” de Fiódor Dostoiévski são os contos “A dócil” e “O sonho de um homem ridículo”, publicados, respectivamente, em novembro de 1876 e abril de 1877, no “Diário de um escritor” – a revista mensal dirigida pelo próprio Dostoiévski, que existiu entre 1876-79. Segundo Vadim Nikitin, o tradutor e prefaciador do livro, os dois textos são definidos por Dostoiévski como “raskáz”, um tipo de narrativa heterogênea russa, que não tem um equivalente preciso em português, mas que se assemelha à estrutura da “novela” ou do “conto”.. Farei uma breve resenha separada de cada “conto”, e, em seguida, algumas observações sobre os dois em conjunto.
“A dócil” foi inspirado em um incidente que ocorreu na Rússia à época, em que uma mulher se suicidou com um ícone religioso da Virgem nos braços. No entanto, o interessante no conto de Dostoiévski é que o narrador que conta a estória da mulher até sua morte é o próprio marido dela, que narra a estória retrospectivamente, conforme vai se lembrando e tentando compreender o sentido de seu ato. Talvez o conto “A dócil” possa ser interpretado como uma grande denúncia daquilo que o feminismo, atualmente, chamaria de “patriarcado”. Atribuir essa denominação à Dostoiévski, na Rússia czarista em pleno século XIX, talvez seja um anacronismo. Mas algumas evidências apontam na direção de uma reflexão sobre a condição da mulher e sobre o “machismo”. Por exemplo, ele faz referências diretas às reflexões de J. Stuart Mill em sua obra “A submissão da mulher” de 1869 (ver p. 43, nota 25), que são vazadas pelo crivo do narrador – o marido. Além disso, como destacou Nikitin em seu prefácio, o título original do conto, “Krôtkaia”, é a forma substantivada e feminina do adjetivo “krôtkii”, cuja etimologia tem relação com “amansado ou domesticado por castração” (ver p. 9). Por conta dessas nuances, o título teve muitas traduções diferentes em português (“Uma doce criatura”, “Ela era doce e humilde”, etc). Ao ler o conto, é fundamental prestar atenção nas entonações e divagações do narrador, e seu entendimento do caso narrado. Será que, no fundo, o conto em si não é mais sobre ele do que sobre a mulher que decidiu se matar?
“O sonho de um homem ridículo”, o segundo conto, diz respeito a um homem que faz um relato sobre a experiência visionária que viveu no dia em que decidiu se suicidar. Uma vez tendo notado o absurdo da existência e sua ausência de significado, ele decide se matar. Porém, no dia fatídico, enquanto dirigia-se para casa decidido, numa movimentada e confusa noite da São Petersburgo do século XIX, ele teve um encontro inesperado e brusco com uma menininha desesperada na rua, que abala sua visão de mundo e suas certezas. Uma vez em casa, diante do revolver, ele não tem mais tanta certeza sobre sua decisão. Acaba adormecendo com sob o lado esquerdo do peito e, em seu sonho, têm uma visão reveladora que dota sua vida (outrora absurda e insignificante) de sentido e significado.
O que os dois contos tem em comum é o tema do suicídio. Vistos em conjunto, parecem propor uma reflexão sobre a vida, a morte, a ética e a sociedade. Outro tema menos óbvio é a religiosidade: o “ícone” tem um significado importante na Igreja Ortodoxa Russa; por sua vez, a “visão” sonhada pelo homem é como uma epifania, uma revelação divina. Apesar dessas semelhanças, os dois contos são bastante diferentes. Além disso, o próprio Dostoiévski explica o sentido do adjetivo “fantástico” das suas narrativas: elas são “fantásticas” no sentido de que a própria situação da narrativa é inverossímil e absurda (p. ex., em “a dócil” o marido narra tudo diante da própria mulher morta em cima da mesa, instantes depois de sua morte). Apesar dessa natureza “fantástica”, ele pretende que cada relato seja “realista ao extremo” (ver p. 13-15). Eu sou muito suspeito pra falar das “duas narrativas fantásticas” de Dostoiévski. Mas, para mim, elas são, sem exagero, duas das melhores peças de literatura que já li na vida (pelo menos até agora). Recomendo muito mesmo. Além disso, considero o livro uma ótima introdução à obra de Dostoiévski para quem tem curiosidade de conhecê-la. Pelo menos foi para mim. Boa leitura!
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Luiz 07/08/2015

O Pequeno Príncipe para adultos
'A dócil' é um ótimo conto que nos faz pensar bastante sobre como nos faz mal submeter-se calada (o) à uma relação desgastante.

E 'O Sonho de Um Homem Ridículo' é provavelmente o melhor texto que já li. Como um cirurgião, Dostoiévski consegue retirar a essência da bondade dos homens com precisão. É um gigante na escrita, com simplicidade nas palavras e sinceridade nas intenções.
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Fernanda.Kaschuk 03/12/2018

Dostoiévski em faces do suicídio.
Duas Narrativas Fantásticas trata-se de dois contos de Dostoiévski que possuem em comum o polêmico tema do suicídio. Em "A Dócil", Dostoiévski trata de uma jovem adúltera que na cólera de ser descoberta e humilhada na indiferença do arrogante marido, dá fim a própria vida, este é narrado pelo marido que se questiona acerca do processo mental que tenha passado sua falecida. Já "O Sonho de um Homem Ridículo" diz respeito a um homem atormentado pela própria insuficiência, e que no suposto dia que daria fim a sua existência cai no sono e sonha com um mundo livre e de bondade, este sonho o faz repensar suas escolhas até o ponto de desistir do suicídio. As narrativas de Dostoiévski, são em geral fantásticas, mas a particularidade desses dois contos são justamente sua genialidade em ser bem sucedido na tarefa de canalizar sentimentos e questionamentos tão densos em dois cenários tão simples.
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Ellen.Rodrigues 12/04/2019

Dócil
QUE LIVRO IRMÃO


O livro pode identificar os estudos de
freud, nos estudos dos sonhos, é muito bom e vale a pena.


Quando o personagem está prestes a se suicidar e a menina tenta impedi-lo ele adormece e entra num sonho, que na real é seu próprio inconsciente (Freud explica sobre o sonho ser o próprio inconsciente), no imaginável mundo perfeito, e de tanto ele se acostumar com a hostilidade de como ele é no mundo real, um ser frio, apático, esse mundo de belos sorrisos faz ele ter percepções diferentes, e no final você entra numa reflexão da decisão desse homem.
É isto, bom livro!!!!
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Kenny 06/11/2014

O segundo conto, "O sonho de um homem ridículo", é simplesmente o texto mais fascinante que já li até hoje!
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Natália | @tracandolivros 01/06/2019

Duas Narrativas Fantásticas
A Dócil: Um homem que possui uma loja de penhores, um dia conhece uma jovem, linda e simpática. Logo ao ver ela, ele se sente interessado, e vai atrás de descobrir mais sobre a moça. Ele fica sabendo de sua pobreza e por tanto gostar dela, resolve pedi-la em casamento; mas o futuro reserva muito para os dois.

O Sonho de um Homem Ridículo: Um moço que é ridículo (ele se sente ridículo, e aceita quando os outros também acham isso dele) esta decidido a se suicidar naquela noite. Até que ele tem um sonho, de uma sociedade perfeita.
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Dostoiévski é aquele autor que a gente precisa aplaudir de pé! Que homem incrível. O primeiro conto fala mais sobre um amor não correspondido, e a forma como a pessoa pode reagir aos problemas que lhe são postos pela vida. Já o segundo é uma crítica gigantesca a forma da sociedade agir.

São dois contos de completa reflexão, uma pena eu não poder me aprofundar muito sem dar spoilers. Mas esse é um bom livro para se conhecer o estilo e a escrita do autor.

site: https://www.instagram.com/p/BrVxtRXAM5m/
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