Pattr_ 13/02/2024
O despertar da mulher selvagem interior!..
Este é o primeiro livro de psicologia que eu tive contato desde quando comecei a ler. Conheci a autora na internet e tive muito interesse no assunto, pois me fascina o universo dos contos de fadas e do folclore, e sempre tive a gana de aprender mais sobre como a humanidade inseriu em seus mitos os segredos mais profundos da nossa alma e do nosso espírito.
Em "Mulheres que correm com os lobos", Clarissa traz uma análise junguiana sobre uma série de lendas e fábulas antigas, e de diversas culturas, no intuito de trazer à tona o modo de como as mulheres, ao longo do desenvolvimento das sociedades, sofreram com a opressão de sua natureza instintiva. Segundo a autora, esse tipo de história é capaz de revelar o modo de como o ciclo natural do pensamento e da intuição feminina acabou sendo influenciado negativamente pelas forças sociais e/ou religiosas das sociedades patriarcais.
Não há aprendizado vago nessa obra. Desfrutá-la foi um prazer de todas as formas, e a quantidade de aprendizado contido nela é tremendo. É fato que o uso de termos atrelados à psicologia pode fazer com que a leitura soe maçante e confusa, mas nada que uma ida ao dicionário não resolva. Ainda eu seu seja homem e não faça parte diretamente do público-alvo dela, creio eu que absorver esse tipo de conhecimento faz com que nossa capacidade de ser empático com o próximo seja expandida. Muitas vezes esquecemos que carregamos conosco os traços biológicos e psicológicos de uma espécie que é antiga e culturalmente rica, e acabamos reprimindo toda a nossa pureza instintiva. Esse livro oferece ferramentas para que nós possamos compreender melhor o modo de como esse lado selvagem da consciência humana influencia as nossas decisões e os nossos sentimentos, não deixando de fazer com que saibamos lidar melhor uns com os outros.
Há quem critique essa obra por ela ser universalista e não abranger questões minuciosas sobre o feminino na sociedade moderna, como por exemplo a prática do que Clarissa propaga em sociedades socioeconomicamente frágeis. Eu particularmente não sei bem se esse foi o objetivo da autora ao escrever essa obra; ela apenas se propõe a analisar os contos antigos de acordo com a psicologia analítica e arquetípica, abordando seus valores históricos e culturais. Clarissa não oferece uma solução para os problemas da mulher na sociedade moderna, mas aponta para uma direção onde um dia a humanidade poderá ser capaz de encontrá-la.