Resenhas - O Papel De Parede Amarelo

Fabio 24/01/2024

" A Loucura da Fragilidade"
O conto "O Papel de Parede Amarelo", escrito pela novelista, poetiza e ativista feminista, Charlotte Perkins Gilman, foi publicado pela primeira vez em 1892, é considerado um dos precursores da literatura feminista Norte Americana, e figura na lista de contos mais influentes da história.

Escrito em primeira pessoa em forma de diário, Perkins, nos entrega um conto lacônico de terror psicológico com evidentes tons biográficos, que transmitem indignação e angustias, e evidencia o papel feminino dentro de uma relação matrimonial repleta de abusos e intensos conflitos, além dos conceitos sociais visivelmente retrógrados, inaugurados no fim do século XIX início do século XX.

"Papel de Parede Amarelo", nos conta as inquietudes de uma mulher com a saúde mental debilitada, diagnosticada com depressão nervosa, que, na época era amplamente tratada como "histeria" feminina, e que, forçada pelo marido, (que também era seu médico) a se isolar em uma casa no campo, limita as atividades físicas e intelectuais da conjugue, privando-a até mesmo da rotina doméstica.

Durante a "reclusão" em um quarto que possui um papel de parede que dá o título a obra, a mulher em visível estado confusional, escreve escondido do marido, um diário, e anota em suas folhas, todos seus devaneios e delírios, e principalmente sua obsessão pelo papel de parede infantil de cor amarela, o qual enxerga alucinações de todos os tipos, que a atormentam durante toda a narrativa.

Repleto de simbolismos e ambiguidades, "O Papel de Parede Amarelo", é uma obra de cunho extremamente proselitista, que foi elaborado para colidir com as convenções sociais da época que impunham à mulher a submissão, e claro, a conduzir o leitor e a uma reflexão sobre as mazelas sociais, e também sobre a pouca atenção dedicada a saúde mental feminina no início do século no qual fora composto.

"O Papel de Parede Amarelo" é uma prosa sociológica, de caráter feminista, repleto de sutilezas, onde a autora, com sucesso aborda o tema proposto, utilizando de subterfúgios que não deformam a estética ou o argumento, mas, que, em perfeita consonância, resultam em um texto de alta qualidade literária, sob medida, que chega a evocar em muitos momentos a escrita do mestre Edgar Allan Poe.

Em suma, "O Papel de Parede Amarelo" é um texto sinestésico e sensorial, que brinca com o humor sarcástico, e que nos conduz a um mundo "cinza" repleto de delírios, e ilusões, e nos obriga a pensar, sobretudo a tentar enxergar o interior daqueles que sofrem e que são acometidos pelas privações da alegria e do prazer, que irremediavelmente leva até os mais sãos à loucura.

Obs. Tenho obrigação de alertar que, o conto é repleto de gatilhos e aborda temas sensíveis, mas que estão em perfeita harmonia com aproposita da autora em conduzir o leitor a um labirinto insultuoso e a um final surpreendente.

Leticia.Ayumi 23/01/2024

Não ignoro que o livro seja transgressor para a época. Mas, num geral, não sou a maior fã de livros de contos. Isso porque sempre acho uns excelentes e outros não muito bons. Foi o que aconteceu neste aqui.

Dos excelentes, ?O papel de parede amarelo?, que entitula o livro, é um dos melhores contos que já li. Recomendo fortemente a leitura.

Barbara 20/01/2024

Eu entendo que por ser um livro antigo, esses pensamentos feministas eram novidade e ela tava super arrasando, mas sinto que tá tão batido. As críticas são iguais e tão rasas quanto qualquer genérico que se pegue por aí.
O que eu quero dizer é que não existe nada de novo aqui, e o tão aclamado conto, só tenta ser diferentão e na verdade acaba parecendo uma cópia dos contos de Edgar Allan Poe.
Pra deixar bem claro, eu não odiei o livro, eu só não achei tudo isso que as pessoas falam. Me prometeu tudo e entregou nada.

Tetê 14/01/2024

A linha tênue da sanidade.
?Ele é muito cuidadoso e terno, não me deixa dar um passo sem que eu siga uma direção específica.?
 
Terror psicológico em formato de conto, é uma leitura que gera desconforto e uma sensação de sufocamento. A personagem-narradora é isolada em uma casa pelo seu marido com a finalidade de cuidar da saúde. Detalhe: o esposo é o médico e responsável pelo seu tratamento. Mas para além desse isolamento físico e social, o que impacta é o isolamento simbólico, a violência psicológica e o silenciamento da mulher.  Logo, o adoecimento mental da personagem está totalmente entrelaçado com os fatores sociais. Escrito em 1892, ainda tão atual. 

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eunjörd_ 11/01/2024

"O Papel de Parede Amarelo" é uma obra profundamente tocante que mergulha nas complexidades emocionais enfrentadas por muitas mulheres, revelando uma triste realidade persistente. O livro destaca como relações tóxicas podem podar e levar ao declínio mental. Ao explorar a protagonista aprisionada em um padrão opressivo, a narrativa serve mesmo nos dias atuais, onde mulheres enfrentam desafios similares em relacionamentos que mais parecem prisões.

Wispofsilk 08/01/2024

Pode até não ser uma história de fantasmas, mas causa terror
Logo no começo do livro, a gente se depara com a seguinte estrofe:

"Não sei se estão a ver, mas ele não acredita que eu esteja doente! E que pode uma pessoa fazer?
Se um médico de grande reputação, para mais um marido, convence amigos e familiares que nada de grave se passa realmente connosco senão uma temporária depressão nervosa ? uma ligeira tendência histérica ? que poderá uma pessoa fazer?"

e acredito que descreve muito bem a essência do conto no geral

resumindo, ele conta a história de uma mulher mentalmente instável que é um exemplo excepcional de como uma pessoa, negligenciada, menosprezada e jogada de lado, mergulha na insanidade


sempre ignoraram os problemas mentais das mulheres, chamando de histeria, ou exagero, desde sempre, e é essa mania de negligenciar tanto os problemas mentais que fez com que muitas não se recuperassem

vivemos numa época relativamente privilegiada, a depressão é reconhecida, sem tantos tabus porém, Charlotte - a escritora - que viveu no final do período vitoriano não teve tanta sorte na batalha contra seus próprios demonios mentais

naquela época, as soluções envolviam isolamento em hospícios, prisões ou até mesmo em outros países (dependendo da situação financeira/social) ocultando o verdadeiro motivo sob desculpas variadas, dizendo aos vizinhos que você estava indisposta por um tempo muuuuito longo, ou que estava tendo "pequenas férias", semelhante as pequenas férias que você seria enviada se ficasse grávida sem ter arrumado um marido

basicamente, você desaparecia por um tempo, fazendo com que todos sentissem que a sociedade tinha sido poupada da visão terrível de você fazendo um espetáculo de si mesma, pq claro, não queremos perturbar a sociedade certo?

o papel de parede, é uma metáfora da desesperança, uma gaiola invisível ao redor da protagonista, que sentia sua mente refletida naqueles estranhos padrões amarelos, e se via na "mulher presa na parede"

essa obra é sobre a luta contra essas prisões - figuradas ou não - impostas as mulheres da época, destacando a indignação que surge quando seus sentimentos são desconsiderados como mero drama

a narrativa é breve, direta e triste, e termina em uma ambiguidade que me fez pensar: onde termina a loucura?

manuelaaz 07/01/2024

O papel de parede amarelo...
Uma história curta, mas que discute muito bem um problema profundo que é a negligência com os problemas psicológicos femininos.
A escrita é tão imersiva que o livro chega a ser angustiante! As metáforas são geniais.
Essa história é tão boa que eu adoraria que fosse maior!

Liara.Brem 07/01/2024

Revelador
É conto curto autobiográfico, onde a protagonista escreve sobre sua interação com um papel de parede amarelo em um casa aonde ela e seu marido, um médico, vão passar um tempo para ela se recuperar das suas crises de histeria. Ouvi o audiobook da Storytel e fiquei impressionada o quanto a história transmitiu os sentimentos que a repercussão do tratamento que os médicos da época davam para pessoas com depressão, isolando os pacientes e envolvendo-os em uma espiral de dor e sofrimento.

MLaura_ 04/01/2024

Esse livro é simplesmente sensacional
A Charlotte é totalmente genial, ela usa palavras tao simples mas tao carregadas de significado, acho que toda mulher deveria ler seu conto. É curtinho mas a mensagem passada te marca e te faz refletir sobre o mundo como um todo mas principalmente sobre a injustiça para nos mulheres.
Como mulher foi tao facil entender e me identificar com a personagem compreendendo o peso de suas palavras e simplesmente é impossível nao se emocionar

Mavi 31/12/2023

Envolvente
Um conto bem rápido de ler e com uma leitura tranquila que explora de uma forma interessante o psicológico de uma personagem trancada em seu quarto a encarar o odiado papel de parede amarelo. A suposta loucura colocada na personagem nos faz refletir nessas poucas páginas sobre vários assuntos e sobre o que de fato está sendo narrado.

@wesleisalgado 30/12/2023

Um pouco augustiante demais pro seu tamanho
Pra mim como homem foi assustador ver o modo como uma mulher ficava a mercê do que o marido quisesse fazer pra ela e com ela naquela época.
Apesar de pequeno o conto é bastante assustador e ressoa até os dias de hoje. A protagonista tinha seus problemas psicológicos, mas a alcunha de loucura como doença e mesmo sua internação na casa de campo se deu somente pela vontade do homem.
Você é louco porque eu digo que você é.

Anderson 29/12/2023

Uma história que equivocadamente é tida como literatura fantástica, quando, na verdade, trata-se de uma exploração profunda dos aspectos psicológicos da situação vivida pela protagonista.
(Nº 300)

ThAmis.Pinheiro 25/12/2023

Um livro para todas as mulheres
Essa obra - praticamente um conto - curta, de poucas palavras, é muito, muito forte.

A autora consegue envolver o leitor perfeitamente na mente da narradora fazendo com toda a angústia e loucura seja sentida.

O livro, inclusive por ter sido escrito por uma feminista histórica, é um clássico do feminismo e trata da prisão em que todas nós, mulheres, estamos inseridas. Ele aborda as dificuldades de expormos o próprio pensamento, tomar decisões, cuidar da própria vida, fazer as escolhar que julgamos necessárias. Enfim, a nossa falta de liberdade nesse mundo patriarcal. E a falta desta liberdade, dependendo da intensidade, pode levar à perda da razão.

Sem sombra de dúvidas, uma leitura poderosa para nos fazer refletir sobre o quanto somos tolhidas e como é importante continuar a luta incessante por nossos direitos.

Recomendo muito!

Wania Cris 13/12/2023

Me vi na estória...
Leitura coletiva de janeiro que antecipei pra dezembro de um título que há muito já queria ler. E foi bem contundente.

Trata-se da estória de uma mulher puerpéria que não tem seus sentimentos validados pois é óbvio que nada lhe falta já que tem um bom casamento, um filho saudável e tá triste por frescura. Acreditem, ainda hoje as mulheres com depressão pós-parto são vistas assim por muitos e, por já ter passado pela situação, me vi ali muito bem representada.

Um conto curto, bem traduzido por Diogo Henriques, que retrata bem a realidade de uma pessoa deprimida e invalidada socialmente. Recomendo demais!