A cidade sitiada

A cidade sitiada Clarice Lispector




Resenhas - A Cidade Sitiada


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Léia Viana 17/03/2021

Este livro é um fragmento de Clarice
O significado do título deste livro de Clarice Lispector 'A Cidade Sitiada', pode levar o leitor a entender que trata-se de uma cidade dominada por militares, mas na leitura percebe-se que Clarice faz uma comparação entre a cidade São Geraldo e o amadurecimento de uma mulher: Lucrécia Neves. Na ânsia em ser rica e de sair da cidade pequena, Lucrécia acredita que o casamento com um homem rico a levará a morar na cidade grande. No entanto, a nostalgia da cidade a invade de tal forma que ela retorna a São Geraldo, agora tão diferente daquela em que vivera.

Como nessa obra não há o fluxo de consciência, uma característica tão presente em seus outros livros, tanto a personagem, como Clarice - em um certo período da sua vida - passam pela vida apenas a vendo, vivendo pela superfície. Como descrito em sua biografia, Clarice sentia tanta falta de suas origens, de estar mais próxima dos seus, do seu país e de uma certa liberdade.

Para quem leu o livro "Correspondências", entenderá o que estou tentando expressar em palavras. Em algumas cartas era nítido o quase desespero de Clarice em receber correspondências das pessoas que ficaram no Brasil, parecia que ela vivia através dessas cartas, ou seja, na superfície da vida pois estava "Sitiada"em terras estrangeiras.

Nunca um título caiu tão bem em uma obra!

"Mas enquanto mantinha o rosto sufocado, e toda a sala que ela não via girava tonta, a moça parecia descobrir que não era de tristeza que gritara. É que não podia suportar aquela muda existência que estava sempre acima dela, a sala, a cidade, o alto grau a que chegavam as coisas sobre a prateleira, o passarinho seco prestes a voar empalhado pela casa, altura da torre da usina, tanto intolerável equilíbrio - que só um cavalo sabiam exprimir em cólera sobre as patas."

Achei um livro triste, vi Clarice em cada linha dessa obra e toda a sua solidão. Ao contrário do livro "O Lustre" que achei a leitura densa, capaz de me deixar esgotada emocionalmente, nesta obra achei um pouco monótona, solitária, mas fluída.

Deixo aqui um pouco das minhas impressões desse livro tão renegado por editoras, e com críticas feitas na época em que Clarice enviou a amigos e escritores, que não faziam jus a essa obra que fala tanto de Clarice.

Leitura recomendada!
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comentarisa 17/03/2021

Difícil
Livro mais difícil de ler da Clarice. Parece não chegar a lugar nenhum.
Tedioso. Simplesmente tedioso.
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Rodrigo 25/12/2020

Sensorial
Clarice nos descreve uma cidade e os elementos que a compunha através da vida de Lucrécia, que se transforma, assim como a cidade.
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Jana 24/12/2020

Primeiro livro que li da Clarice, quase desisti, só não deixei de lado porque estou tentando levar ao fim as coisas que começo. Ela usa muitas metáforas, ela usa palavras simples para dizer coisas complexas. Eu até brinquei que nem parecia que fui alfabetizada porque não entendia metade do que ela descrevia. Porém, meu escritor favorito é Machado de Assis, que muitas pessoas acham difícil de ler, então talvez com o estilo da Clarice ou com este livro não tenha rolado ainda uma identificação. Vou tentar ler outros livros dela.
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marislimc 26/10/2020

esse livro é perfeito!! logo nas primeiras páginas, depois de ler e reler, percebi que seria uma leitura bastante densa, mas a partir de 30% o livro engatou muito pra mim.
é incrível como a escrita de clarice é única, consegue expressar tão bem sentimentos que passam tão despercebidos por nós.
apesar da personagem lucrécia não ser o foco da narrativa, é muito interessante acompanhar o seu amadurecimento, tal como o da cidade.
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Elion.Gabriel 07/10/2020

Desenvolvimento mútuo: S. Geraldo e Lucrécia Neves.
A cidade sitiada... Como falar desse romance? Como falar de Lucre?cia Neves? Como falar de S. Geraldo nos anos 192..?
Esse livro tem um pequeno pro?logo: ?No ce?u aprender e? ver; Na terra, e? lembrar-se.?
Fiquei muito tempo tentando entender o que isso queria dizer ate? perceber que so? o compreenderia - assim como Lucre?cia - a partir do desenvolvimento da histo?ria, sobretudo, a de S. Geraldo.
Lucre?cia sempre foi muito superficial no que diz respeito a si mesma, como o narrador em terceira pessoa nos conta: de si pouco mais sabia que o pro?prio nome. Por toda a sua vida ela tentava encontrar sentido para as coisas ao seu redor, bem como para si mesma. A considerada ?verdade? mundana que diz, conhece-te a ti mesmo, na?o se a aplica a Lucre?cia. Seu desenvolvimento acontece concomitante ao florescer daquele subu?rbio, outrora arcaico, em que vivia. De modo que, o desvincular de Lucre?cia desse meio acontece de maneira a?rdua e, mais a? frente, retro?grada.
Ler esse livro e?, em sua maior parte, tentar encaixar-se em S. Geraldo, tentar encaixar-se em L. Neves, tentar encaixar-se em ...? em si mesmo.
Parafraseando o que disse ao ini?cio, dele sei pouco mais que o pro?prio ti?tulo. Humildemente tentei absorve?-lo.
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Evy 05/09/2020

Encontrei nesse livro uma narrativa diferente dos demais livros que tinha lido dela até então. Percebi logo nas primeiras páginas que a leitura tinha mais foco na cidade, nos objetos e animais do que propriamente nos personagens em si. Aliás, arrisco a dizer que os objetos, a cidade e os animais ali descritos e citados foram mais personagens que as próprias pessoas. Não houve aquele mergulho dentro da alma, porque a alma ali retratada era a de Lucrécia Neves e Clarice foi magistral em vestir a personagem e nos contar uma história (em terceira pessoa, que é outra diferença que senti nesse livro) através do que ela via.

Lucrécia era uma moça simplória, sem muitas reflexões e questionamentos e que queria uma única coisa na vida: casar com um homem rico para escapar do subúrbio e viver uma vida confortável. Através do olhar de Lucrécia e de suas emoções, sem muita consciência, vamos conhecendo a cidade de São Geraldo, um subúrbio na década de 20 com cavalos e homens disputando as ruas para o trabalho numa luta entre campo e cidade que já vimos em outros livros de Clarice, mas que neste é essencial para a construção da personagem.

Há que se pensar também no contexto histórico e na palavra sitiada do título. Clarice dá alguns vislumbres da época em que se passa o livro, com militares pelas ruas e uma certa tensão e medo no ar. Lucrécia inclusive tem um pequeno romance com tenente Felipe, por gostar da farda, mas logo percebe que ele odeia a cidade de São Gerardo e logo também não gostaria dela, que é o espelho do lugar onde vive.

Além de Felipe, Lucrécia desenrola mais alguns relacionamentos na tentativa de encontrar o marido ideal, mas acaba se casando com Mateus Correa, comerciante rico que a leva para viver na cidade grande, apresentando-a aos bailes, teatros, museus que ela tanto queria. Ela se torna uma mulher rica, com empregadas e logo descobre que o dinheiro traz a falsa sensação de que se pode tudo, mas que não a faz feliz como imaginava, retornando para São Geraldo com o marido e voltando a sua rotina de ver, diariamente, o movimento da cidade, do trânsito que aumentara com os bondes, os bibelôs nas estantes, as preocupações domésticas do marido...

Fica muito claro ao longo da leitura que Lucrécia é aquilo que vê e nada mais. Não está disposta e, por escolha, a refletir sobre o que vê e portanto, quando fica viúva e tenta encontrar o amor verdadeiro, percebe o quanto é difícil pra ela. Não é possível ver o amor, portanto ela não sabia o que era.

"Sua forma de se exprimir, reduzia-se a a olhar bem".

Neste livro não temos fluxos de consciência, e muito raramente a personagem tinha alguns vislumbres de reflexão, como quando expressava, às vezes "como nossa vida é triste". E ainda assim nos faz refletir sobre muitas situações. É um livro diferente, e a própria Clarice, disse ao ao jornal Correio da Manhã que foi seu livro mais difícil de escrever.

Eu gostei bem mais que O Lustre, por exemplo, e recomendo a leitura!!!
Wilson172 15/03/2024minha estante
Confesso que senti vontade de abandonar A CIDADE SITIADA pela metade, porém mantive-me firme na leitura. Este é o sexto livro que li da grandiosa Clarice Lispector, sendo que há três meses lancei-me num desafio próprio de conhecer a sua grande obra. Se Clarice disse que este foi o livro que tivera mais dificuldade para escrever, digo que até aqui este foi o mais difícil dela que li. Justamente porque em A CIDADE SITIADA, Clarice não leva o leitor para o interior de nenhum personagem, como Macabéa de A HORA DE ESTRELA e G.H, por exemplos. Lucrécia Neves não provocou-me nenhum suspense, nenhuma curiosidade que despertasse a minha vontade de ler a próxima página, No entanto vejo que Clarice foi sábia em dividir o livro em pequenos capítulos, pois era em cada novo capítulo é que eu esperava que algo levaria-me a perscrutar o interior, a mente, a alma da personagem principal. Só depois de lido todo o livro é que pude entender que Lucrécia Neves não tinha ambições para sua própria vida, além de querer casar-se com um homem rico, depois de ter ficado viúva. Lucrécia era realmente aquilo e tão somente aquilo que ela via. Lucrécia identifica-se um pouco com Macabéa, com relação a não terem nenhuma ambição e nem impulso para uma vida de grandes emoções, porém Macabéa teve o seu despertar e viveu, mesmo que uns poucos minutos, uma grande e aventurosa experiência. Clarice Lispector = genial e misteriosa !




Asenhoritadoslivros 30/08/2020

Livro concluído! o que dizer? tudo que já li da Clarice me promoveu uma conexão inacreditável com a leitura, não é sobre o que ela escreveu e sim a maneira que ela escreveu, não é algo pronto, é algo que só se completa com uma outra consciência, é um falar silencioso nas entrelinhas, não importa se não concordo ou se não gosto da protagonista, mas sim da forma que ela é colocada no livro, do seu papel, da plenitude que se sente quando tudo se encaixa, Clarice poderia ter escrito sobre o nada que esse se materializaria. Obrigada Clarice!
Recomendo e classifico com 5 estrelas.
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Alexandre 07/07/2020

O meio faz a pessoa ou a pessoa faz o meio?
A influência do ambiente nas pessoas, o que elas buscam nos locais, as diferentes interações que cada lugar proporciona, as zonas de conforto que não são confortáveis. Tudo isso tá aqui com Lucrécia Neves. Lucrécia é a cidade. Ela é sitiada por tudo, até por ela mesma.
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Glauber 19/06/2020

Obra densa
Conta a história de uma mulher no subúrbio, que significa a sua vida pelas coisas exteriores.

E assim acompanhamos seu olhar pelos objetos, pela cidade, pela realidade, pelos sonhos.

A introspecção aqui é mais do estilo clariceano de ver o mundo do que do interior da personagem. Eis uma tensão interessante.

E há mesmo limite entre interior e exterior?

Esse é um livro que, mesmo lido, não se pode dizer "já li".
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