spoiler visualizarnamu 18/04/2024
?Uma nova alvorada, um novo deserto.?
Eu tive que passar longas horas pensando com calma no que eu deveria falar, se não acabaria comentando cada página desse livro. Há muito eu não lia uma fantasia tão boa, e tão diferente das fantasias que estamos acostumados a ler.
A Rebelde do Deserto conta a história de Amani Al?Hiza que, após a morte dos pais, se vê obrigada a morar com parentes distantes. E viver em uma casa onde todos parecem te odiar e em uma sociedade extremamente machista era o melhor que a Vila do Poeira poderia oferecê-la, por isso, motivada pelo medo de se tornar mais uma entre as tantas esposas de seu tio, Amani resolve se arriscar. Vestindo-se de homem para tentar fugir, a moça acaba se envolvendo em uma competição de tiro onde conhece o forasteiro Jin.
Depois de armarem uma grande confusão, os dois finalmente conseguem fugir e são obrigados a enfrentar a imensidão do deserto de Miraji juntos.
Apesar de eu achar que a narrativa foi um pouco cansativa e arrastada no início, isso logo mudou, apresentando uma narrativa surpreendente e uma ambientação melhor ainda. E acredite em mim, A Rebelde do Deserto tem como seu ponto mais forte a ambientação. Aos poucos a autora vai nos mostrando um deserto cheio de mistérios e segredos e eu confesso que no começo foi um pouco difícil de entender como a magia desse mundo funcionava, acho que foi, principalmente, por causa dos nomes complexos.
Alwyn Hamilton trouxe elementos da cultura árabe e ao mesmo tempo em que fazia uma crítica social importante, abordando temas como machismo, desigualdade social e disputas religiosas, tudo isso muito bem de forma clara em trabalhada sem parecer algo na história.
Quanto aos personagens secundários, a autora soube criar personagens cativantes e necessários para compor a história. Um destaque para Bahi que me surpreendeu como um dos favoritos para se tornar o meu favorito ? isso se ele não tivesse morrido, é claro. E Jin, que desde o primeiro capítulo se mostrou ser um ótimo par romântico para Amani, mesmo que eu não pudesse evitar desconfiar da identidade dele desde o início ?, mas também não é como se ele tivesse feito algum esforço para esconder que ele não estava falando toda a verdade sobre si. Confesso que, mesmo que já desconfiasse desse ar misterioso dele, a autora me pegou de surpresa quando contou a verdade.
E, sendo sincera, eu senti na pele a raiva e a frustração da Amani. Me senti tão traída quanto ela (talvez até um pouco mais.)
Acho que muito por conta da narração em primeira pessoa. Esse tipo de narração sempre faz parecer que eu estou mais próxima dos protagonistas e com a Amani não foi diferente. Isso permitiu que eu entendesse melhor seus sentimentos, medos e pudesse acompanhar seu amadurecimento durante sua jornada pelo deserto.
O livro terminou com algumas pontas soltas, algo já esperado para um livro que tem continuação, mas se mostrou ser uma história bem divertida e cativante que entregou muito mais do que promete e com certeza merece mais reconhecimento. Eu espero ter em breve a oportunidade de ler a continuação desse livro e descobrir o final da história.