Viccthor | @mathvictor 08/02/2023Ouvi falar de Terramar pela primeira vez através de uma amiga. Como eu já estava querendo conhecer outros mundos de fantasia, decidi dar uma chance. Por se tratar de uma saga um tanto extensa (6 volumes), confesso que fiquei um pouco receoso de comprar e acabar não gostando tanto (pois é: quando começo sagas, tendo a tentar terminar mesmo sem gostar). Mas, como ela havia comentado especificamente deste título, não quis arriscar em outras obras da autora que fossem de volume único ou coisa do tipo. Assim, digamos que o livro não esteja na minha lista de prioridades. Entretanto, acabei ganhando o mesmo no final de 2022, num amigo secreto. Gostei da surpresa! Bem, até aqui foi como eu conheci o livro. A partir daqui, vamos ao livro em si e minhas impressões a respeito deste.
"O feiticeiro de Terramar" é o primeiro volume do ciclo e conta a história de um menino que, depois de ter visto uma mulher conduzir um rebanho de cabras (ou bodes, ou algo assim) após enunciar algumas palavras estranhas. Mais tarde, esta mulher explicaria a Ged que apenas chamou aqueles animais por seus nomes verdadeiros. Depois disso, Ged passou a querer aprender mais a respeito desta arte. Aqui aproveito para fazer uma observação importante: sinceramente, não recordo se este é nome primário do personagem ou este é o nome que recebeu posteriormente do arquimago do qual se tornou aprendiz.
Então, com o passar do tempo, esta mulher ensinou tudo o que sabia para Ged. Como chamar um gavião pelo nome, por exemplo, ou como realizar algumas manipulações do clima. Mas, isso era uma gota em meio a um oceano e, nem de perto, se igualava a verdadeiros feitiços. Entretanto, aquilo que aprendeu com esta mulher fez com que Ged salvasse seu vilarejo, que estava sob invasão. Esse feito fez com que Ged, além de ficar conhecido entre as pessoas de seu vilarejo e até mesmo de habitantes de ilhas próximas, reconhecesse seu potencial para a magia e, então, fosse em busca de aprender mais para se tornar um mago reconhecido. Então é aí que o protagonista embarca numa verdadeira jornada do herói.
Apesar de aprender rápido e ser dedicado a ponto de ser destaque em seus feitos, Ged tem uma personalidade forte, competitiva e, às vezes, impulsiva. Para encurtar, foi essa personalidade forte que fez com Ged, ao ser desafiado por Jasper (um de seus colegas na Ilha dos Sábios), tentasse realizar um feitiço poderoso e extremamente arriscado: trazer uma alma que estivesse no mundo dos mortos de volta à vida. Ao invés disso, o que Ged conseguiu foi liberar um ser quase que como uma sombra, sem forma, sem rosto, sem nome. Isto lhes trouxe cicatrizes, arrependimentos, traumas e quase lhe custou a vida.
E assim seguiu-se longos anos: Ged fugindo da própria sombra. Até que um dia, decide enfrentá-la, mesmo que isso lhe custasse a vida desta vez, ele sentia que precisava encarar as conseqüências de seus atos passados.
Tendo uma ideia geral o enredo, poderia dizer que esta aventura é uma viagem introspectiva – embora o personagem viaje bastante, passando por entre as ilhas de Terramar durante esta jornada.
Com relação às impressões gerais que tive da obra: achei o estilo de escrita da autora um tanto quanto corrido; não só com relação a cronologia (já que em alguns momentos ela cita eventos futuros – que só irão ocorrer em livros posteriores), mas com poucas pausas. Mas, como não li a versão original, não sei se isso se deu devido ao processo de tradução.
Além disso, achei os nomes um tanto confusos. Apesar disso, minha percepção era que os nomes (o verbo, o ato de nomear, nominação... não sei bem como adjetivar isso), tinham uma simbologia forte dentro deste universo. Acho que esta resenha fosse um podcast, eu me faria entender um pouco melhor.
Há ainda o fato de que aventuras marítimas também não são das minhas preferidas, pois tenho dificuldade com a geolocalização da história e, embora entenda a importância para compreensão da história, não me agrada muito ter que ficar revisitando o mapa (e isso acontece até com as Canções de Gelo e Fogo, que é minha saga prefira hein!) a cada novo nome de ilha. Por sinal, Terramar é um ambiente cheio de ilhas! Então, já dá pra imaginar. Em alguns momentos tive a sensação que, de alguma forma, a autora fez questão de que o personagem passasse por praticamente todas as ilhas (ainda que a certa distância, sem pisar em terra firme) somente para citá-las.
Ainda quanto a isso, notei também que a autora parecia ir conhecendo as ilhas na medida em que Ged passava por elas (e fiquei feliz em saber que não foi mera impressão minha, tentando desgostar da história; afinal, a própria autora comenta sobre isso no posfácio e nas páginas que o seguem). Embora, a autora não foca em descrever coisas e cenários de maneira extensiva e detalhista; o que pode ser exaustivo às vezes. Porém, os percursos de viagem do personagem enquanto navegava por vezes eram longos – e isso acabava acontecendo com certa frequência; afinal, grande parte do percurso do personagem acontecia nomes mares que cercam as ilhas de Terramar.
Bem, de um modo geral é isso. Talvez eu leia os próximos livros, porém, não diria que estão no topo da minha lista de leituras priorizadas.