Nu e As 1001 Nuccias 07/11/2016Resenha do Blog As 1001 NucciasResenhista: Nuccia De Cicco
Um bom suspense é aquele que te envolve e te deixa ansioso para saber o final. Você vai criando expectativas, suas próprias teorias e pá! Não é bem o que você esperava!
Em A Garota Perfeita conhecemos a família (im)perfeita de Mia Dennett. Estudante e professora de Artes, Mia sempre fora considerada a ovelha negra da família, apenas por não ter seguido a carreira jurídica do pai, como sua irmã mais velha o fez.
Mas nós, leitores despreparados, não conhecemos Mia por ela mesma. Mia nos é apresentada pelos relatos de seus familiares ao detetive Gabe Hoffman. Isso porque Mia foi sequestrada, nenhum resgate foi pedido e os segredos da família são podres e extensos. E os relatos dos familiares não batem: o pai de Mia, o famoso Juiz Dennett, apenas aponta os defeitos da filha; sua mãe, Eve, sempre fala da delicadeza, cuidado e dedicação da filha. Sua irmã mais velha, bem, nem lembra o que a irmã faz.
Colin Tatcher é um ladrão oportunista. Foi contratado para sequestrar Mia. Nunca havia se enfiado em sequestros antes, mas precisava de mais grana, aceitou e fez um bom trabalho. Estudou Mia, seus horários e manias. Ao sequestrá-la, deveria entregar a garota a quem o contratou, mas ele muda de planos. Simplesmente leva Mia para uma cabana no meio da floresta, bem ao norte do país, quando o inverno está chegando.
Mia é encontrada, mas está sob efeitos de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), não se lembra de praticamente nada, nome, feições, local, lhufas. Para ela, seu nome é Chloe. E, além de todos os pesadelos que a mantém acordada na maior parte da noite, Chloe/Mia tem de enfrentar a irritação do pai, a insegurança da mãe e suas próprias mudanças. E as coisas se complicam quando começam a acontecer outros tipos de mudanças em seu organismo.
Narrado em terceira pessoa, mudando a ótica narrativa a cada capítulo, alterna entre a mãe, o detetive e o sequestrador. Alguns capítulos narram antes de Mia ser encontrada, outros narram depois que ela está de volta à sua casa. Assim, com variadas visões dos mesmos acontecimentos, vamos descobrindo aos poucos porque a mudança de planos e quais os segredos que cada personagem esconde. Alguns leitores podem se perder nesse tipo de narrativa vai-e-volta, mas pra mim, que estou acostumada com Stephen 'Louco' King, foi moleza.
Os personagens são fortes, não caricatos, presos na estética social que o dinheiro e fama impõem a quem quer se manter com status quo elevado. O pai é um crápula insensível, o sequestrador tem mais sensibilidade que ele. A mãe, que foi submissa e cega para as atitudes toscas do marido por anos a fio, muda por sua filha.
O que achei? Mary Kubica soube montar um bom suspense. Bom, mas não espetacular. Há o suspense, há a trama complicada, há até um leve romance. A autora nos conduz a um final que parece bem previsível. Eu passei a metade final do livro com quase certeza absoluta sobre quem teria encomendado o sequestro. Errei e gostei de ter errado, mas errei por muito pouco.
O livro é recomendado a todos que se encantam com tramas policiais e um bocado de suspense psicológico. Mia é um mistério que demanda ser desvendado e que nos segura até termos desfeitos os nós deste novelo de lã.
*Resenha com citações e fotos no link do blog.
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