Michele Duchamp 03/02/2021"Tratado da Verdadeira Devoção A Santíssima Virgem" - São Luis Maria Grignion De Montfort Louis-Marie Grignion, mais conhecido como São Luís Maria Grignion de Montfort (31 de Janeiro de 1673 - 28 de Abril de 1716), foi um sacerdote francês e é um santo católico. Ele é reconhecido por ser um pregador e um escritor, cujos livros são amplamente lidos nos dias atuais e considerados de extrema importância no Magistério da Igreja Católica. (retirado da Wikipedia).
Li esse livro faz alguns anos, quando era tradicionalista (continuo católica, mas não sou mais dessa vertente) , pois havia resolvido fazer a consagração à Virgem Maria, algo quase obrigatório nessa ala conservadora da Igreja, embora não exclusiva deles, claro.
É um livro - como a maioria das obras, sem surpresas aqui - que tem que ser colocado dentro do contexto da época e local em que foi escrito, a saber, França do século XVIII.
Ele enfatiza ao máximo as qualidades perfeitas de Nossa Senhora, sempre pontuando que ela é a estrada para Jesus Cristo, o objetivo final.
Algumas partes talvez sejam um pouco polêmicas, como a necessidade de ser devoto da Virgem Maria para ser salvo, algo que não é um dogma da Igreja, embora possa ser reconhecido como uma escolha muito boa e de grande ajuda. Prova disso é que Montfort, para sustentar a defesa dessa tese, não traz citações oficiais, mas opiniões de santos e visões místicas. Se alguém puder me trazer um embasamento maior para que eu amplie meu conhecimento, ficarei imensamente agradecida.
Trecho retirado do livro:
“Em segundo lugar, sendo a Santíssima Virgem necessária a Deus, duma necessidade que se chama hipotética, em conseqüência da Vontade Divina, é preciso concluir que Ela é muito mais necessária aos homens para alcançarem o seu fim último. Em razão disto não se deve confundir a Devoção à Santíssima Virgem com a devoção aos outros Santos, como se Ela não fosse muito mais necessária, e fosse apenas de superrogação, isto é, um acréscimo.”
A mentalidade da época me parece ser bastante focada em um Deus severo e punitivo, atraindo para a devoção mais à base da obrigatoriedade do que da lógica de amar alguém que só é puro amor, como a Virgem. Atualmente, tento fugir dos extremos, portanto esse tipo de espiritualidade - que considero legítima para os que se atraem por ela - não se harmoniza comigo.
A minha impressão, quando ele lista os tipos de devotos falsos da Virgem Maria, é que é humanamente impossível não cair em uma das categorias citadas, tornando o nosso relacionamento com a Mãe de Deus algo quase impossível de ser vivido na realidade. Pelo menos foi essa a sensação que eu tive.
O Cardeal John Newman pontuou muito bem o que eu senti ao ler o livro quando ele próprio disse o que sentia em relação ao Tratado. Em “The Life of John Henry Cardinal Newman” por Wilfrid Ward, há referência a um texto onde o Cardeal explicitou que esse tipo de devoção montfortiana “o assusta e o confunde”. “Eu não seria mais santo, mas espiritual, mais certo da perseverança, se eu retorcesse o meu senso de moral ao recepcioná-los.” (...) “Permancerei na simples devoção a ela praticada pelos Padres da Igreja”.
Minha conclusão: todas as qualidades de Maria citadas por Montfort são verídicas e a devoção a ela só tem a trazer frutos maravilhosos para a alma; meu problema foi com a obrigatoriedade e a linguagem agressiva que ressoou mal em MIM. Fico feliz de que muitas outras pessoas se deram melhor com essa obra, graças a Deus! Assim continuem.