danilo_barbosa 19/12/2023Como lidar com o medo paralisante trazido pela morte?
Quando criança, Caitlin Doughty viu um incidente no shopping que a fez temer o final da vida, não só a dela, mas a de seus pais e de todos que se importava. Os anos passaram e a forma que ela encontrou para lidar com isso foi ressignificar o fim de todo ser humano.
De que forma? Trabalhando em um crematório.
E é ao narrar sua experiência, que vai desde barbear cadáveres a queimar pedaços de corpos vindos de hospitais-escolas que ela nos dá uma lição diferente e irreverente sobre os nossos processos de luto, rituais e a maneira com que cada vez mais omitimos a “ceifadeira” de nossas rotinas. Não só através de procedimentos médicos e estéticos para prolongar a vida, mas com rituais apáticos, limpos e higienizados, onde nos afastamos para não lidar com a ausência.
Com o seu “Confissões do Crematório”, Caitlin nos traz uma experiência diferente, difíceis inúmeras vezes, principalmente quando lidamos com nossos receios e pânicos incutidos referentes a morte, um processo natural da existência. Através de suas metáforas, indiscutivelmente mórbidas, passamos a analisar essa nossa relação e celebrar todo o processo de existir.
Tendo como tema de cada capítulo fatos corriqueiros de sua rotina, ela varia entre os processos funerários de diversas civilizações até sentimentos humanos e limitações, fazendo com que aceitemos a morte e a dor do luto de forma mais carinhosa e necessária. Um livro inesquecível, que te fará ver a morte como energia impulsora para que possamos viver.