Resenhas - Orlando

Rute31 12/05/2024

Conhecemos Orlando no começo do século XVI, quando ele é um jovem e nobre, um rapaz com muito tempo livre, algumas ideias e sem dúvida bastante charme. Orlando cai nas boas graças da rainha, depois se apaixona por uma russa, viaja, participa de cerimônias invisíveis de chá, se casa com uma estranha e um dia, sem que se dê conta, acorda transformado em uma mulher - e dá pouca importância ao fato, o que é digno de nota.

Passeamos com Orlando durante séculos, e observamos a relação dela com a poesia, com a arte, com a natureza e com as pessoas. Também com os cães. No entanto, seu principal projeto, e o que, me parece, a mantem funcionando, é algo muito singelo: a escrita e reescrita de um longo poema chamado O Carvalho. Ao longo dos séculos, Orlando vai refinar, apagar, reescrever, desmanchar e voltar a escrever uma obra que é sua coisa mais importante.

Tiago 06/05/2024

Uma obra para muitas leituras
Já tinha lido Orlando quando estava na graduação em Letras. Mas que gostoso foi refazer essa leitura! Sempre que relemos um livro nos abrimos para novos significados, nuances, ritmos. E foi isso que aconteceu comigo dessa vez.

Orlando é um daqueles clássicos que permitem muitos estudos e análises. Pode-se falar da passagem do tempo e de como a obra oferece flashes sobre a história da Europa, do século XIV ao século XX.

Outro tema latente são as relações de gênero. O jogo entre masculino e feminino, a androginia presente já na primeira linha do romance, fazem da obra um prato cheio para discutir identidades e performances de gênero.

Nessa leitura, o que mais me chamou atenção foi o diálogo com o narrador. Um narrador sagaz, engraçado, com ótimas tiradas. Me lembrou o narrador machadiano de Memórias Póstumas.
Ponto positivo também para a bela tradução de Cecília Meireles nessa edição da Nova Fronteira.

Enfim, se você nunca leu Orlando, leia! Se já leu, vale a pena reler e perceber novas cores e detalhes. Cada leitura é diferente e, nesse clássico, muitas leituras são possíveis.

Marília 05/05/2024

Eu achei a parte em que Orlando "vira" mulher melhor desenvolvida. Parece que a história flui melhor. O protagonista fica mais interessante.

Amanda2557 04/05/2024

Orlando
Sou suspeita para falar, já que sou apaixonada por tudo que leio de Virgínia Woolf. Uma escrita como nunca vi !
Orlando é um(a) ? Protagonista complexa e eterna, e sua história através dos séculos monta não uma só pessoa, mas o retrato de uma sociedade.
Os vários eu(s) de Orlando se encontram em um verdadeiro quando vemos que acima de todo espírito da época, existe uma personalidade própria, única e identificável.
Senti, pela qualidade da autora em construir o personagem, que saberia quais falas pertenciam à Orlando mesmo que não fosse explícito, da mesma forma que poderia saber que foi Virgínia que escreveu sem seu nome na capa.

Monaliza20 25/04/2024

Lido para o clube de leitura BVL de maio
Chato, chatíssimo!

Talvez eu tenha gerado altas expectativas em relação a essa leitura, já que Ao Farol é, provavelmente, um dos meus livros preferidos.

Mas aqui me encontrei com uma outra Virgínia Woolf. E nem sei dizer o que mais me irritou: o tom de deboche que paira no livro inteiro, o protagonista soberbo, a proposta de paródia do livro ou o próprio plot central, em torno do sexo da personagem.

Talvez, em algum momento da vida e daqui uns bons anos, releia e, quem sabe, mude de opinião. Mas, por agora, chato, chatíssimo.

rafa moreno 23/04/2024

OrlandE
Sendo muito sincero: não sei se entendi ao todo o livro.

A história de Orlando é fascinante. Cheia de aventuras e de liberdade. Orlando homem ou Orlando mulher, sempre muito interessante.

Teve momentos de reflexão profunda e questionamento, e momentos de não entender nada.

Acho curiosa a preferência da Virgínia em escrever sobre a burguesia e a aristocracia inglesa. A leitura me parece a visita a um museu.

Raquel Marina 19/04/2024

A cada nova leitura da Virgínia Woolf me sinto mais emocionada e conectada a sua obra. Em Orlando temos um enredo atípico que poderia ser de uma obra fantástica: uma pessoa que nasce homem, vive por 300 anos e no meio da vida se torna mulher. Com uma escrita afiada e irônica, Woolf mostra que existe uma diferença existencial para além das diferenças biológicas entre ser homem e mulher. E para ser uma mulher que escreve, tudo é muito mais complicado. Aqui vemos materializado em ficção o que depois ela debate no ensaio ?Um teto todo seu?. Muito bom!

Jadgy 17/04/2024

Orlando é uma inconstância
Orlando era um menino de 16 anos em 1586, desde esse tempo ele se descobre escritor, gosta da solitude, como um menino de sua época é violento, esnobe, nobre escravagista, acaba caindo nas graças de uma rainha, em Londres aproveita a vida como um perfeito adolescente, se apaixona por Sasha, a quem nunca esqueceu. Mas o que acompanha a história de Orlando, mesmo depois de se descobrir mulher, é sua busca inconstante por um lugar de pertencimento, do autoconhecimento, as suas inúmeras insatisfações vem de não saber exatamente o que quer, o que realmente busca, de não ser clara e dizer o que quer ou não. Há momentos em que nem ela sabe o que é importante para si, e nos quase 400 anos de sua existência, era a busca da satisfação interna que sempre a moveu, até se desconectar e reconectar novamente.

filipetv 10/04/2024

Virginia Woolf é uma autora tão detalhista e rica que seus livros ganham outra dimensão quando são lidos novamente. Foi o que aconteceu com "Orlando", que reli após quase 20 anos. A biografia do personagem que vive mais de 300 anos e que muda de sexo no meio da história ganhou infinitas novas camadas duas décadas depois.

Não é à toa que García Márquez considerava a autora inglesa uma de suas principais influências, afinal os aspectos fantásticos de suas obras podem ser facilmente encontrados em "Orlando", cujo protagonista passeia pela história envelhecendo apenas alguns anos em três séculos sem que isso cause estranheza alguma nos personagens com quem interage.

Já a mudança de sexo é um evento extremamente à frente da época em que o livro foi escrito e publicado, há quase cem anos. Orlando simplesmente acorda e percebe que se tornou uma mulher. A partir daí a narrativa muda completamente, pois ela percebe a diferença gritante das possibilidades que o mundo oferece às pessoas de gêneros diferentes, uma discussão que, um século depois, ainda não se esgotou.

Orlando percebe que o mundo é dos homens, enquanto à mulher cabe apenas a casa. E percebe também como é difícil desempenhar o papel que, quando era homem, desejava que as mulheres desempenhassem. A própria narrativa passa a ser mais contemplativa e questionadora após a transição, em contraste com a primeira parte, que acompanhava a vida frenética do Orlando aristocrata, sedutor, desbravador.

Um dia, ela acorda e se dá conta de que está em 1928, uma época em que as carruagens são velozes e não são puxadas por cavalos. Seu livro, "O Carvalho", que cultivava há séculos, já está na sétima edição, e foi premiado. Ela dirige seu automóvel e se questiona sobre a velocidade do mundo, em que não é possível sequer ler os letreiros dos estabelecimentos ao passar de carro em frente a eles. Não poderia ser mais atual!

Arih 08/04/2024

Uma dança com Orlando pelas encruzilhadas da indentidade
Desde sempre, Virginia Woolf me intrigava, um chamado irresistível que pairava sobre suas obras. Ao escolher "Orlando" por mera casualidade, jamais imaginei que embarcaria em uma jornada tão profunda e transformadora.

Mergulhei em um universo complexo, onde a intimidade se entrelaça com a filosofia, tecendo reflexões densas e atemporais sobre os dilemas da vida. A cada página, "Orlando" me provocava, me obrigando a confrontar meus próprios conceitos e convicções.

Confesso que a leitura nem sempre foi fácil. A linguagem rica e poética de Virginia Woolf exige atenção e entrega, mas a recompensa é inestimável. Cada frase cuidadosamente elaborada guarda em si um universo de nuances e possibilidades.

"Orlando" é um livro que transcende definições. É uma obra de arte, um convite à reflexão, um soco no estômago que nos desperta para a beleza e a complexidade da existência. É um livro que me marcou profundamente, que me fez repensar quem sou e o que realmente importa.

Se você busca uma leitura que te desafia, te intriga e te faz questionar o mundo ao seu redor, "Orlando" é a escolha perfeita. Prepare-se para uma jornada inesquecível, que te transportará para diferentes eras e te fará confrontar as mais diversas faces da alma humana.

ellen 03/04/2024

As palavras de Virigia ressoam uma eternidade
Ao longo da minha leitura fui anotando e as vezes compartilhando aqui as frases que me fizeram parar de ler e olhar pro nada.
As cutucadas na alma foram tantas que senti cócegas ao ponto de ter que parar de ler pra rir! Diversas vezes me senti compreendida e tive sentimentos descritos em palavras que sozinha eu, até então, não saberia dizer.
Quero reler a obra daqui um ano e retornar às reflexões que me fizeram sentir a vontade para boiar nessa imensidão de pensamentos.

maria 29/03/2024

Completamente completamente obcecada não tenho palavras pra quanto gostei desse livro sinto que ele realinhou o interior do meu cérebro pra sempre ???

Anatalia 26/03/2024

Orlando foi uma surpresa, ao ler me deparei com assuntos tão atuais, como misoginia, patriarcado, preconceito e as dores que nos mulheres sofremos até hoje.

j.myaki 20/03/2024

Sem palavras
Orlando precisou viver quatro séculos, a experiência de dois sexos, muitas viagens pelo mundo e amores para escrever um único poema. E depois disso, percebeu que as coisas mais profundas da vida são as impossíveis de colocar em palavras - e que são melhores não ditas. Mesmo assim, isso não impede que sua jornada seja poesia pura.

Esse livro é uma combinação rara. Amo histórias que, por serem fantasiosas, são ainda mais verdadeiras do que as que não são. Virginia é mestre em escrever pequenos momentos de epifania a partir das menores coisas, e Orlando é a personagem perfeita para vivê-los. Ao mesmo tempo que minha imaginação voou longe, fui tocada por cada sentimento descrito.

Incrível que, apesar de todas as experiências incomuns por que a personagem passa, o mais interessante da história seja ver sua vida interior. Ler registradas suas impressões - que, em essência, não diferem das de qualquer outra pessoa - e seu desenvolvimento. Assim, terminamos a leitura vendo Orlando em seu momento mais vulnerável; não quando a personagem é desvendada por completo, mas quando descobrimos que é impossível fazê-lo.

Não tenho certeza qual final ela levou. O livro começa e termina com a visita de uma rainha; talvez porque o fim natural da culminação de todos os "eus" seja uma volta ao início. Isso, entretanto, não está escrito, porque as verdades mais sinceras não o são. Por essas e outras, acho impossível descrever esse livro. Todos deveriam ler!

midnightrainz_ 10/03/2024

Qm tem medo de virginia woolf?
Primeiro contato q eu tenho com a autora dps de mt tempo enrolando e posso afirmar que com ctz foi uma experiência.

é um livro bem diferente pros padrões de escrita atuais, quase sem diálogos e repleto de parágrafos e mais parágrafos descritivos que são do tamanho do mundo e todos repletos de uma poeticidade que eu nunca vi nada que seja minimamente parecido. é um texto mt sofisticado e estranhamente fluido (não no sentido de ser um livro fácil de ler, pq não é, mas no sentido "ela consegue passar por diversos acontecimentos que as vezes não possuem uma correlação clara, mas de alguma forma a autora os correlaciona).

a história tbm é bem interessante, com discussões bem progressistas sobre papéis de gênero e sexualidade (algo bem incrível, considerando que é um livro do século passado), com trechos bem irônicos que me lembraram um pouco machado de assis.

não vou me alongar com analogias e simbologias, ou falar sobre os paralelos da personagem Orlando com Vita - grande amiga e amante da autora - pq sinceramente não tenho culhão para isso, é um livro bem complexo nesse sentido e eu não sou um grande entendedor da obra da virginia - para falar bem a verdade, nem esse livro eu entendi 100%. tampouco me atrevo a fazer uma avaliação dele, pois não captei seu conteúdo por completo nessa primeira leitura e, por isso, não me sinto digno de fazer uma avaliação objetiva sobre ele. vou apenas reafirmar o que eu já falei no ínicio: é definitivamente uma experiencia