Bela Lima 20/03/2018Hora das revelações, não? Eu não gostei da protagonista da história.Em sua tenra idade, há umas quatro colheitas, Twylla descobriu que era Daunen Encarnada, filha dos deuses Daeg, o deus sol, e Naeg, a deusa lua, e que seu destino, como descendente da vida e da morte, é proteger Lormere nos seus momentos de mais necessidade, como uma vez seu pai a prometeu, em forma humana. Como Twylla vai fazer isso? Com o seu toque.
Toda lua cheia, para provar quem é, de quem é filha, Twylla bebe um veneno, a Praga da Manhã, que vai para sua pele e torna-a mortal. Toda lua cheia... Agora Twylla sabe que não veio para o castelo para ser uma princesa,uma filha para rainha, mas como a carrasca, porque, toda lua cheia, ela deve matar os traidores do trono.
"(...) por mais que eu saiba como isso é errado, sinto que é a coisa certa a se fazer. Ele me ofereceu uma redenção pelo seu pecado de raiva. Já minha confissão e o fato de ter pegado a flor da mão dele são a redenção pela minha arrogância e ingratidão. É preciso haver um equilíbrio, todo pecado deve ser redimido. Agora somos iguais."
Mortal, perigosa, assassina... Twylla sabe como a chamam quando pensam que ela não está olhando, os sussurros traiçoeiros nas suas costas, e percebe o modo como se esquivam, encostam-se na parede quando ela passa. Os únicos que são imunes ao seu toque, ao veneno que corre por seu corpo, é a família real, abençoada pelos próprios deuses. Dentre eles, o príncipe Merek, seu noivo prometido.
Só que há Leaf.
Por ser tão assustadora, Twylla só teve um amigo, que acabou sendo condenado a morte por traição, que ela mesma teve que matá-lo com suas mãos, seu toque, mas... há Leaf.
Por ser tão assustadora, seus guardas precisam ser constantemente renovados, transferidos, porque ninguém aguenta, e um tregelliano, um "inimigo" de Lormere, acaba como seu guarda.
"As pessoas não esquecem o que é ser amado. Não importa quão jovem ou velho você seja, ou quanto tempo durou esse amor, você sempre se lembra do sentimento de ser amado. Ela vai se lembrar de você."
Triângulo amoroso. Para quem não percebeu, a história tem triângulo amoroso. (Estou suspirando, mas não é de paixão.) A história é uma mistura de A Seleção, porque Twylla está entre o príncipe Merek e o guarda pessoal Leaf, e também tem um pouco de Jogos Vorazes, com a história se símbolos e tudo mais. Eu gosto dessas duas histórias (embora ambas tenham triângulos amorosos), mas... não deu.
Sabe aquele livro que não é bom nem ruim, mas você sente que não vai ganhar nada lendo e se pergunta por que está lendo? Bem, aqui estamos. Eu continuei porque não gosto de não terminar um livro, foram raros esses, ainda mais quando já estou na metade. Sinto que é algo perdido, uma vida perdida - provavelmente, por isso, demorei tanto para ler, superei minhas expectativas.
"-Esperei onze anos para ser salvo por você - diz ele baixinho. - Posso esperar um pouco mais, acho.
Salvá-lo. Ele achou que eu fosse salvá-lo. A ideia de ser uma heroína é tão atraente que quase digo a ele que aceito me casar."
Talvez por já saber o final (quando eu não estou gostando de um livro, eu tenho isso de pular para as últimas páginas), eu não gostei de alguns personagens, fui um pouco mais crítica, e não sei se teria ou não percebido as mentiras e revelações antes dela terem sido de fato reveladas.
Hora das revelações, não? Eu não gostei da protagonista da história. Durante boa parte, eu estava entediada, uma coisa aqui ou outra ali me chamava a atenção, mas nada surpreendente, já no final eu fiquei ansiosa para ler mais, porque eu queria saber como chegaria ao final que eu havia lido antes do final de fato. O enredo é interessante, adorei a história do Príncipe Adormecido, uma mistura de a Bela Adormecida (não vamos ser sexista) e o flautista de Hamelin; o problema é Twylla.
"Não, ele não pode fazer isso comigo. Não pode se arrepender e exigir meu perdão. Não agora. Pela primeira vez na vida, posso realmente escolher meu destino. Tenho todos os fatos, nada está sendo escondido de mim. Posso controlar meu destino; posso escolher o que vai acontecer em seguida. Mas que bela escolha, entre o mentiroso insensível que amo tolamente e o príncipe sofrido que acha que posso salvá-lo. (...) E quem é que vai me salvar?"
Twylla é... inocente. E, no começo, você até tolera, por que quem nunca? Até que chega um momento que não cola mais. Não tem como ela ter feito tudo e achar que era o destino dela, seu dever, e nunca ter um pouco de remorso; não gostei também que um personagem morre e ela nem tem tristeza nem nada, e num instante a vida continua; e como ela age. Algo que a rainha estava certa (uma vez na vida) é que Twylla teve escolha, ela sempre teve, mas escolheu errado e fingiu não ter ou fingiu desde o começo que não tinha. Quando tinha.
Merek X Leaf? Quem ganha? Não sei. Não estou torcendo para nenhum. Os dois são... tem seus problemas e não vejo a balança pendendo para o lado bom.
"Não sou a filha da Devoradora de Pecados. Não sou a Daunen Encarnada. Sou outra coisa, algo novo. Não um monstro em um castelo, nem um rouxinol preso em um espinho"
Sim, sim, eu sei. A resenha parece uma crítica negativa total, mas eu vou ler a continuação. Surpresos? Porque (não quero contar spoiler) o enredo é bom, toda a trama é ótima, o único problema é a autora saber trabalhar nos personagens e estou dando uma colher de chá porque é o primeiro livro dela e eu estou curiosa para saber como termina. E quem era no epílogo.
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http://sougeeksim.blogspot.com/2018/03/resenha-herdeira-da-morte-herdeira-da.html