Aione 29/09/2016Fazendo jus ao título de seu primeiro chick-lit, Bianca Briones tem o dom de envolver os leitores em suas histórias como se sua narrativa fosse mágica. Já havia lido As Batidas Perdidas do Coração e sucumbido à sua intensidade; agora, tive o prazer de me encantar por Como Se Fosse Magia.
Eva é uma escritora de sucesso, mas vem enfrentando, há um ano, um fortíssimo bloqueio criativo, que a impede de escrever o último livro de uma de suas séries de sucesso. Enquanto tenta encontrar em si as palavras que teme ter perdido, seu caminho se cruza com o de um estranho que perdeu a memória e que acaba tendo apenas Eva para ajudá-lo. O mais curioso de tudo é que esse estranho é idêntico a Enzo, o protagonista da série que Eva precisa finalizar.
Em primeira pessoa, a narrativa ora traz a voz de Eva e ora a de Enzo, de maneira que podemos conhecer melhor ambos personagens. Como marca de Bianca Briones, Como Se Fosse Magia traz passagens com uma escrita bastante sensível e intensa, ainda que, aqui, haja também uma boa dose de leveza e humor, características próprias dos chick-lits.
Não apenas a escrita é cativante como a própria história de Como Se Fosse Magia não demora a conquistar. Me encantei pelos universos de Eva e por seu processo criativo, bem como gostei de como a autora atrelou esse aspecto aos conflitos enfrentados por Eva. Aliás, de maneira geral, gostei bastante das questões trabalhadas por Bianca, independentemente se relacionadas a Eva ou a Thiago, seu melhor amigo e personagem extremamente cativante. O romance, por sua vez, não só é apaixonante como também proporcionou um desfecho belíssimo à trama, tornando tudo ainda mais encantador.
Contudo, ainda que a escrita de Bianca Briones seja maravilhosamente fluida e que a trama em si conquiste, senti que a leitura não me conquistou tanto quanto poderia. Minha impressão foi de que havia uma ânsia no narrar dos fatos, como se a própria autora estivesse tão imersa em sua própria intensidade e desejo de contar a trajetória de Eva e Enzo que acabou transmitindo tudo com certa velocidade, o que resultou tanto em cenas que poderiam ter sido mais aprofundadas quanto em detalhes do enredo que poderiam ter sido melhor trabalhados e explicados. A história convence, cativa e envolve, mas poderia ter sido ainda mais convincente, cativante e envolvente. Fechei o livro tendo gostado da leitura, mas senti que ela tinha potencial para me fazer me apaixonar e me emocionar por ela, o que, infelizmente, não aconteceu.
Ainda que eu tenha sentido falta de um pouco mais de Como Se Fosse Magia, é inegável o quanto ele carrega amor e magia; sobretudo, o quanto ele carrega a própria Bianca. Em seus agradecimentos, Briones menciona que Eva tem muito dela, e basta acompanhá-la em suas redes sociais para sentir o quanto isso é real. Mais do que ligada à história, me senti ligada à Bianca, a ponto de, inclusive, ser capaz de imaginá-la imersa em emoções durante a escrita do romance, e tal impressão é só mais um atestado da verdade e sinceridade das palavras com que a autora nos presenteia em suas obras.
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