Resenhas - O olho mais azul

layli 09/01/2024

[?] simplesmente, MORRISON cara!
Queria iniciar falando do TANTO que essa mulher consegue conversar BEM com vários dos problemas internos que são enfrentados por mulheres negras e com palavras tao simples.

Segundo, enquanto pesquisadora de um tema que vai me ajudar muito no futuro que eu quero organizar pra mim, posso afirmar que há uma grande necessidade de falar da infância de pessoas negras, especialmente de uma menina.

É notória a perspicácia da Morrison na construção do núcleo que envolve a Pecola enquanto indivíduo em um mundo que não acolhe em momento algum a figura humana dela. Ela podia muito bem ter só colocado mil e uma atrocidades acontecendo na vida da garota, porém, mais do que isso, ela dá trajetórias e contexto pros personagens que passam na vida dela até o estopim e o final triste onde flores murcham e nada mais nasce.

Seria simples odiar Cholly (e foi muito simples pra mim, na verdade), seria extremamente fácil surtar com o Soaphead, seria muito cômodo criticar o assumir do papel de Mama da Polly em relação a garotinha branca e o esnobar dos seres que ela própria colocou no mundo. Então Morrison te dar a opção de saber quem eles são e de onde eles vêm, pra que você forme o conceito de cada um com a consciência de COMO o sistema funcionou pra eles e ainda funciona pra gente em pleno 2024. Isso é genial.

No mais, só agradecer ao meu professor por dizer que esse livro pegaria meu coração nas mãos e o quebraria em milhões de pedacinhos. Foi uma pancada enorme e dolorida, professor, e ainda assim me ganhou demais. Morrison, eu sou sua fã.

Edna 08/01/2024

Gritante
O livro é uma oração, um desabafo, um pedido de socorro, as vezes confuso, outras nos soa como um grito do passado que ainda ecoa no presente.

Um livro atemporal, sobre a devastação que o desprezo racial pode causar.

Jenny 06/01/2024

"Não há realmente mais nada a dizer - a não ser por quê. Mas, como é difícil lidar com o porquê, é preciso buscar refúgio no como."

marisa13 04/01/2024

A culpa foi do solo
É tão honesto que machuca. Uma poesia violenta, tal qual a realidade. É humano, é bonito e é feio. O que me parece é que Toni Morrison despejou seus mais profundos sentimentos aqui. Deu certo!

?Agora até penso que a terra do país inteiro era hostil a cravos-de-defunto naquele ano. Este solo é ruim para certos tipos de flores. Não nutre certas sementes, não dá certos frutos, e, quando a terra mata voluntariamente, aquiescemos e dizemos que a vítima não tinha o direito de viver.?

Como é pensar numa história de uma criança, uma criança negra, nos anos 40, nos Estados Unidos. São só meninas se descobrindo e crescendo, mas estas não escapam a nenhuma frieza que o mundo tenha a oferecer. Toni Morrison escreve magnificamente. Entretanto, não deixa a crueza de fora, afinal, como deixar?
Mulheres negras são violentadas, assassinadas, submetidas a padrões estéticos brancos? não se ignora isso. A dor de não ter esperança. A dor de uma menina negra que quer ter olhos azuis.

A narrativa, por não ser linear, me envolveu muito, ou seja, desde a primeira página não consegui me desvincular dessa história. Confesso que em algumas partes a leitura se tornou dificultosa por conta dos temas tratados, são extremamente sensíveis. No entanto, esse é um livro que realmente vale a pena. Uma leitura transformadora! Fiz essa resenha bem rapidinho, não expressa nem um terço da explosão de sentimentos que foi encontrar e me acabar nesse livro. Vou tentar fazer resenha de todos que lerei esse ano para me ajudar a lembrar.

Geo 03/01/2024

"São mais azuis do que os meus?"
Senti um soco no meu estômago ao ler essa obra da Toni Morrison. Ela fala sobre racismo, colorismo, desigualdade social, padrão de beleza, fala sobre pedofilia... não foi fácil finalizar a leitura.

O livro traz a história de Pecola Breedlove, uma criança negra, que vive em meio a pobreza e sofre abuso do próprio pai, além dessa violência, ela é violentada pela sociedade também, ao vivenciar momentos constantes de racismo. Considerada preta retinta, ela se torna alvo de discriminação entre as próprias crianças, crianças essas, que também são negras, mas que possuem a pele mais clara.

A autora mostra as situações que a Pecola enfrenta através do olhar de sua melhor amiga (que também é uma criança) e em outros momentos na narrativa somos levados por outra pessoa a mergulhar na história de vida dos pais da menina Breedlove, em que percebemos todo o histórico familiar de violência, negligência, perdas, vícios.

Uma das partes que me deixou para baixo, foi quando Pecola pede que tenha olhos azuis, todo o seu contexto familiar e o ambiente ao seu redor não permitem ver sua própria beleza. Quantas crianças não se sentem assim? Inferiores por não estarem no padrão de beleza imposta por nós (sociedade), e com isso se tornam adultos vazios, frustrados.

Gostaria de abraçar Pecola e lhe mostrar as suas possibilidades e potência enquanto ser humano, mulher, protegê-la. Quantas Pecolas temos nesse mundo?

Escrito na década de 60, o Olho Mais Azul não é uma leitura fácil, mas necessária, não esconde, mas escancara como o racismo, a desigualdade social, padrão de beleza absoluto podem ser adoecedores. É atual e nos tira da bolha.

AmandaGotardo 02/01/2024

Um livro necessário
Uma história muito pesada com uma escrita linda. Esse livro é muito bom, do tipo que todo mundo deveria ler, a única coisa que me incomodou foi a quantidade de personagens, que me deixou um pouco confusa, mas vale muito a pena.

Ana Barbalho 26/12/2023

Que história pesada!
Apesar das pouco mais de 200 páginas, precisei pausar e estender a leitura por vários dias. Se não lesse aos poucos, creio que não seria capaz de continuar. Algumas cenas foram gatilhos fortes para mim.
Ainda assim é uma obra valiosa e muito vem escrita. O que a torna triste é saber que foi e (pior) ainda é a realidade de muitos. Infelizmente sei bem como é.

Mari M. 26/12/2023

Tem que ter estômago
O livro me tocou em um ponto que chegou a ser visual, embora eu não tenha lugar de fala como uma mulher preta. Mas só pelo fato de ser mukher já basta para a empatia rolar. Meu estômago revirou muitas vezes e me peguei assustada com o final, sendo que lá no início ele foi bem direto ao ponto. Que importância damos às palavras e falas das crianças? Elas querem contar histórias e muitas vezes só precisam de silêncio para serem ouvidas. Não é uma historia sobre o que acontece, mas como acontece e quais as consequências no corpo e na mente das pessoas. Leitura obrigatória!

Day 26/12/2023

Ótima história com algumas questões na execução
Um livro recheado de diversas violências ? cotidianas ou drásticas ? contra uma criança por conta de sua cor. Foi muito duro ler as 206 páginas em que a história se passa, e demorei 1 ano pra conseguir concluir, entre muitas pausas na leitura.
Observando os aspectos da leitura, o livro começa num ritmo melhor do que termina. Entrei na história pensando que o ponto de vista de Pecola teria destaque, mas não foi o que ocorreu. Me adaptei à narrativa de um ponto de vista terceiro, mas isso também é quebrado do meio pro final do livro, só voltando no encerramento. Além disso, a falta de cronologia atrapalhou um pouco a experiência, por exemplo quando lemos a cena de Pecola e Cholly e, logo em seguida, um personagem completamente novo aparece e toda a história de sua vida é contada. Eu não queria saber os pormenores desse personagem, queria saber sobre Pecola.
É inegável a importância e a mignitude desse livro, com uma realidade infelizmente muito palpável, e os alagamentos que Pecola sofre perpassam as páginas e até mesmo a contação de sua própria história, em que nem aí ela é protagonista.
Todos que fazem mal a Pecola tem um momento para que o leitor os conheça e a autora diz no posfácio que foi uma tentativa de humanizar aquelas pessoas, e ela conseguiu, mas também fala sobre como isso pode ter contribuído pra Pecola aparecer menos, e concordo que isso ocorre.
Quanto à trama, não há pontos negativos, realmente uma história triste, profunda e tocante sobre as diversas violências sofridas por uma menina negra que, por conta do racismo, sonhava em ter os olhos mais azuis.

Cristiane 26/12/2023

Toni Morrison despertou em mim lembranças e, acima de tudo, o desejo de mudança.
Acho lindo como o livro nos coloca em frente a uma realidade tão palpável, tão dura e impossível de ignorar, sem nos fazer simplesmente odiar os "personagens maus", e sim entendê-los, entender a história de cada um, seus problemas e conflitos internos.
O livro é ainda mais tocante para todos que um dia já se sentiram como a Pecola, que se sentiram menos amados por não terem os olhos azuis, que sentiram que seriam menos ignorados se fossem brancos.
É com certeza um livro que todos deveriam ler.

Sarah Dora 23/12/2023

Doloroso do início ao fim...
Um livro duro, triste, que parte os nossos corações. Um livro pesado e que precisa ter um certo estômago para ler, mas muito necessário! Com certeza é meu livro favorito da vida.

Bianca Martins 20/12/2023

Um livro doído
É uma história doída, afinal estamos falando de racismo.
Por muitas vezes não é fácil de completar, as passagens que mais me doeram foram dela sendo atacada pelos racistas sem entender o motivo, afinal, ela é uma criança.

Recomendo a leitura.

Aline 17/12/2023

Necessário
A narrativa do livro me fez pensar em Clóvis Moura e os processos de marginalização e peneiramento da população negra, no caso desse livro em um contexto dos EUA, o que mais me marcou no livro foi a narrativa que conta a história da mãe de Pecola, o que ela esperava da vida dela e o que a vida dela se tornou, trabalhar de babá pra uma família branca, estar casada com um homem alcoólatra, ninguém desde a infância deseja tal tipo de coisa para a sua vida, mas os caminhos que a vida faz sem que a pessoa tenha escolhas as leva a tantas situações que elas nem imaginam que chegariam. Os abusos sofridos pela própria Pecola também são extremamente dolorosos de se ler, assim como no livro Eu sei porque o pássaro canta na gaiola que tbm contém relatos de abuso infantil, mas o mais triste é saber que tais coisas acontecem no mundo real a todo minuto.

Literathatha 15/12/2023

Muito interessante e igualmente importante
Este livro de Toni Morrison me lembrou muito ?Eu sei porque o pássaro canta na gaiola.? Fala sobre a dura realidade de uma pessoa cuja raça a distingue negativamente. Um peso que a própria pessoa tem dificuldade de carregar. Nos faz perceber ainda mais como o racismo é uma aberração cruel. Como é triste e ruim pro mundo que tenha sido tão declarado e absurdo e que ainda exista, às claras ou não.

Andrea.Karli 14/12/2023

Livro muito necessário!
Conheci esse livro e a Toni Morrison, por conta de uma pesquisa que fiz sobre escritores negros e o sobre o "colorismo". A história é protagonizada pela Pecola, uma menina negra que queria que seu seu olho fosse azul. Na narrativa, não parece que a PECOLA é a principal da história, pois sua história é contada por outras pessoas, por outros pontos de vista, no caso a história é contada por outra garota negra, chamada Claudia e junto com sua amiga Frieda, tudo isso acontecendo em pleno anos 1940, nos EUA, em uma sociedade muito racista. Tudo isso é apenas um pequeno resumo da história, visto que o livro é cheio de acontecimentos horríveis que ocorria com a sociedade negra, principalmente, com as crianças e mulheres, como abusos sexuais, violência psicológica, violência simbólica, violência física. A história da Pecola em querer ter olhos azuis me lembra do filme "Preciosa" em que a protagonista não se gosta, por ser negra, por ser gorda e ela queria ser uma menina branca, loira e magra. No filme e no livro as personagens querem ser algo ou ter algo, para serem aceitas na sociedade, um ótimo filme sobre o racismo escancarado no nosso meio. Um livro incrível e necessário para todas as pessoas enxergarem as pessoas negras, porque o racismo é algo terrível em nosso país e no mundo.