Larissa Tabosa 05/12/2020
Problemático...
O livro narra a história de Verônica, uma escrivã da polícia civil que se envolve na investigação de dois crimes: um serial killer e um estelionatário.
A premissa do livro é bem interessante. O problema está no desenvolvimento. Pra começar odiei a Verônica. Entendo que a ideia original fosse retratar uma mulher forte, que por trabalhar em um ambiente historicamente masculino, acaba por ter que se moldar a esse local, imitando alguns jargões e as atitudes machistas.
Ocorre que ao invés de criarem uma mulher forte, a frente de seu tempo e dona da sua sexualidade, desenvolveram uma caricatura. Pesaram a mão na caracterização da protagonista e ela acabou por se tornar uma mulher vazia, sem motivação, vulgar, promíscua, sem respeito a nada e ridiculamente hipócrita.
Não bastasse isso o livro é recheado de passagens misóginas, machistas, racistas, preconceituosas... E no afã de parecerem, sem nenhum sucesso, politicamente corretos, os autores nunca utilizam a palavra negra ou preta para descrever raças e peles, mas apenas com conotação racista, como em "sexta feira negra".
Além disso, as cenas de violência são apenas para chocar. Apenas para causar ânsia no leitor e chamar a atenção da crítica, para o bem ou para o mal. Não existe uma motivação para estarem ali. E são descritas em minúcias, a maioria desnecessária.
A outra protagonista, se é que pode assim ser considerada, Janete, é tão mal desenvolvida quanto. É rasa e sem nenhuma motivação. É retratada apenas como uma mulher sozinha e triste que vê no marido seu algoz e seu amor, mudando de personalidade ao bel prazer da narrativa.
A motivação do serial killer é até interessante e inteligente. Mas a forma de cooptação das vítimas é extremamente preconceituosa, como se a característica que ele busca fosse perfeitamente notável apenas ao olhar para uma pessoa.
Enfim, achei o livro extremamente problemático. Realmente não gostei. O final então, pra mim, foi ridículo.
Mas assim, esse tipo de livro desperta muito nossa curiosidade, tanto que, mesmo achando tão ruim, o devorei em um dia. Mas que achei ruim, ah isso achei.