Rafa 16/02/2023
Jornada de pai e filho no fim do mundo
Pai e filho adentram em um caminho errante, seguindo a estrada em uma realidade pós apocalíptica, onde existem poucos humanos e há tempos que o mundo normal deixou de existir.
Em meio ao caos total, eles lutam diariamente para sobreviver, com o pai se questionando se ter sorte nesse contexto, não seria morrer logo. Vivendo tanto tempo dentro de um pesadelo, faz com que os sonhos sejam ainda mais aterrorizantes.
Cada esconderijo onde possa haver roupas e alimentos, eles se arriscam para entrar. Muitos humanos, passaram à se alimentar de carne humana e isso torna ainda mais difícil confiar em um semelhante.
O menino possui uma pureza triste, carrega trevas e frustração, por não ter vivido um mundo melhor. Tudo que ele conhece do passado, se deve às histórias que seu pai lhe conta.
Com o início do fim do mundo, a mãe do menino, os abandonou. Desde então, seu pai foi o porto seguro literal dessa criança.
Em uma narrativa em terceira pessoal, o autor descreve muito bem os cenários devastados, além de conseguir cativar o leitor com a relação fraterna e calorosa entre pai e filho. O pai tenta ensinar coisas para seu filho ser forte e sobreviver, mas jamais deixa de dar carinho e proteção, principalmente exercendo compreensão diante das dúvidas, medos e ingenuidades de seu filho.
Na metade do livro, sinto que o ritmo começa à ficar um pouco mais arrastado, pois tive a sensação de ficar lendo um looping de acontecimentos que se repetiram com muita frequência (fome extrema - noites difíceis - encontra esconderijo - vasculha - encontra alimentos - partem para outra - encontram perigo - fome extrema - noite difíceis - ...).
Mas no fim das contas, essa repetição de eventos semelhantes, serviu para fortalecer o laço de afinidade com as personagens e fazer o leitor parte integrante dessa jornada macabra.
A carga emocional nas últimas páginas é bem poderosa, mas o desfecho deixa nossos corações quentinhos ao máximo possível, assim como nas noites frias onde o pai abraçava seu filho para lhe esquentar, usando o fogo que havia dentro de si.