A estrada

A estrada Cormac McCarthy




Resenhas - A Estrada


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Paulo 30/12/2018

A Estrada é uma daquelas histórias magníficas, mas dolorosas à beça. Aquela narrativa que te deixa mal depois que você a termina. Você quer estar junto dos personagens e ajudá-los de alguma forma. Acompanhar o calvário deles é uma tarefa ingrata, mas que acompanhamos até o final esperando que no final exista um raio de esperança para eles. Não há. Cormac McCarthy deixa isso claro desde o começo, mas nos enganamos a cada etapa da história imaginando que algo pode acontecer a eles e mudar seu rumo.

Já preparo os leitores logo de cara avisando que Cormac não gosta muito da separação por capítulos. A história corre direto e sem parar ao longo de pouco mais de duzentas e trinta páginas. Vai em um fôlego só. A escrita do autor também é diferente: da maneira como ele constrói o parágrafo até a sua formação de diálogos. Para mim, cada parágrafo parece ser uma cena acontecendo (isso porque ele separa bem os parágrafos formando quase subseções). Ao mesmo tempo, me passou a impressão de que cada parágrafo acontece no ponto de vista ora do Homem, ora do Menino. A narrativa segue em terceira pessoa, mas sempre estamos com os dois personagens da narrativa. A escrita é bem seca e muitas vezes crua. Dentro da minha experiência de leitura, a escrita do Cormac me fez lembrar a do Rubem Fonseca, onde cada frase serve como um tapa no leitor. Porém, Cormac pode ser bem poético em determinados momentos enquanto Fonseca é mais cru. Mas, não se enganem: os diálogos em A Estrada às vezes são praticamente monossilábicos.

"Ficaram de pé junto à margem mais afastada de um rio e chamaram-no. Deuses esfarrapados caminhando recurvados em seus trapos pela desolação. Andando pelo solo seco de um mar mineral onde este jazia rachado e partido como um prato que tivesse caído no chão. Trilhas de fogo feroz na areia coagulada. Os vultos indistintos a distância. Ele acordou e ficou ali deitado na escuridão."

O autor foi genial ao desumanizar os personagens. Nenhum personagem recebe um nome na história. Nem mesmo os protagonistas que são conhecidos apenas como o Homem e o Menino. Mesmo aquele que dá seu nome, na verdade é um nome falso para andar na estrada. Esse recurso foi usado pelo autor para transformar todos em sobreviventes. Dentro daquela nova realidade, nomes não possuíam a menor serventia. Isso sem falar nas ações dos humanos remanescentes que de humanas não tinham absolutamente nada. Claro que se formos pensar, a visão de Cormac sobre como a humanidade iria sobreviver diante de tais circunstâncias é bem pessimista, mas sabe-se lá o quanto ele está distante da realidade.

Em alguns momentos é preciso ter estômago para encarar a narrativa. Já previno os leitores que tem dificuldades com determinados tipos de cenas que temos situações de canibalismo, violências físicas e sexuais (em um momento específico) absurdas e total falta de humanidade. Estamos diante dos seres humanos em seu lado mais obscuro possível. Assim como a escrita do autor é crua, os personagens são violentos, covardes e aproveitadores. A jornada dos dois personagens é difícil e nas poucas oportunidades que eles tem de interagir com outros seres humanos, estes demonstram ser horríveis.

Ambos os personagens são complexos e demonstram o domínio do autor sobre os sentimentos deles. O Menino representa a inocência sendo amaldiçoada por um mundo onde os inocentes são o alimento dos malditos. Algumas interações entre pai e filho são lindas e levam uma lágrima aos olhos. Impossível não se emocionar com o forte sentimento de apego do pai a seu filho. Aos poucos o mundo vai ferindo o Menino, mas mesmo assim sua bondade inerente permanece. Mesmo em situações absurdas, ele é capaz de mostrar que a humanidade ainda é capaz de boas ações. Porém, Cormac vai pisar em cima dessa bondade e ao final nos questionamos se vale a pena ou não o Menino ser uma pessoa tão boa. O mundo em que ele vive não o merece.

Já o Homem é o pai protetor. Mas, existe uma pequena pegadinha nessa proteção. O Menino é a única coisa que mantém o Homem vivo. Ele é a sua bengala para permanecer vivo. O personagem faz questão de lembrar a todo momento que ele tem um revólver com duas balas preparadas para o momento em que a esperança desaparecer por completo. De vez em quando o Homem acaba precisando fazer ações reprováveis o que o coloca sob o julgamento do filho. Este deseja que os dois sejam os Caras Bons. E este mundo não tolera Caras Bons. Porém, a ligação que une os protagonistas é forte demais e embarcamos junto com ambos rumo ao sul sem direção aparente.

A Estrada é um livro sensacional e gerou um fime belíssimo que eu recomendo a todos. Aliás, quem viu o filme, leia o livro. Apesar da fotografia do filme ser belíssima e os dois atores representarem de forma exemplar os personagens, Cormac tem um estilo de escrita única. E deixo um desafio final a vocês: vocês sabem por que o Homem e o Menino referem-se a si mesmos como os portadores do fogo?

site: www.ficcoeshumanas.com
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Thiago.Castro 11/01/2019

Fuligem por todo.
A estrada é daquelas histórias que trabalham a empatia do leitor quanto ao sofrimento dos personagens, deixando um gosto amargo a cada desafio e um alívio a cada lata de comida encontrada.
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Van 01/04/2019

Não gostei
A história é sobre o pai e o filho tentando sobreviver em uma cidade destruída, queimada,sempre procurando o que comer para conseguir sobreviver.
Ele escreve bem, com muito detalhes
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Angell 13/04/2019

Nada a declarar
Só penso uma frase:
Que final sem sal.

Vou pensar sobre esse livro..depois escrevo alguma coisa...
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Francisco M. 25/04/2019

agustiante
o livro em si é muito bom pois McCarthy consegue nos transportar para um cenário que ele justamente queria o fim do mundo.(ou o começo dele?). Bem não sei, o livro em si é bem escrito salve algumas vezes que ele usa muito o "e" repetidas vezes em vez de vírgulas.

Não sei se foi de propósito ou culpa do diagramador, mas a ausência de travessões e aspas para indicar os diálogos das personagens, que não são muitas alias, é um ponto que achei muito negativo deixa você perdido ou se for o propósito do autor fazer vc adivinhar quem fala o que no decorrer da história, (sorte que você não tem muitas opções para escolher).

ainda em relação aos diálogos, são bem curtos e não expressam muita empatia entre a relação entre as personagens, e com o pai fala : " vamos por aqui hoje a noite" e ai o filho responde: " Está bem, Pai" ... " mas você não quer ir pro outro lado? " ... " não pai, tudo bem"... "tudo bem?" ... "tudo bem, pai"... e assim por diante, fazendo parecer duvidar da relação entre pai e filho se é mesmo pai e filho.

Outro ponto que me deixa confuso e que talvez não seja muito relevante é que todo e qualquer personagem do livro não tem nome, acho que autor usou desse artifício para fazer o leitor pensar que o homem e o filho podem ser qualquer pessoa e que ele , o leitor, pode viver esses papeis.

mas enfim, é um bom livro, se você não levar muito a sério, pois o romance tá cheio de cenas grotescas que talvez te façam vomitar se você tiver um estômago sensível, mas mesmo assim é um bom livro para se ler, não durante o café da manhã claro, mas talvez a noite, se você não tiver traumas com pesadelos, afinal é só um homem e seu filho tentando sobreviver ao um mundo pós-apocalíptico numa jornada rumo ao desconhecido.
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Michael 12/08/2019

O Livro que todo mundo precisa ler
Cara, esse livro todo mundo precisa ler! Bom, isso foi a primeira coisa que ouvi a respeito desse livro. Ouvir algo como isso logicamente desperta uma curiosidade gigante sobre sobre o que está escrita nessas páginas, e foi o que aconteceu comigo.
O mundo pós apocalíptico é pano de fundo dessa história, e claro, esse tema já não é mais novidade tanto em leituras como nas telas, ( Ah sim, esse livro tem uma adaptação para o cinema) mas aqui eu considero as coisas mais cruas e provavelmente muito mais realista dentro de uma situação como essa. Seguimos aqui o Homem e o Menino, não existe nomes. Nessa história a esperança é quase nula, mas ela tende em existir e em certos momentos te faz refletir se realmente vale a pena acreditar nela. Os diálogos são são diretos e crus, o que é até uma característica do Cormac McCarthy, só que isso eu considero algo que ilustra ainda mais toda a situação, pois não há tanto o que falar a não ser o essencial.
Ao final das contas esse é um dos melhores livros que já li, e acabei por concordar com esse meu amigo. Realmente é um livro que todo mundo deveria ler.
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Vinicius.Villela 27/08/2019

De uma simplicidade perfeita, de uma profundidade absurda.
Esse é um livro como nenhum outro que li. Tudo é dito com uma simplicidade absoluta, nem vírgulas são usadas a mais. É perfeito e cinzento da maneira que tem que ser. Nunca havia chorado antes com um livro. Nunca algo mexeu comigo assim, e é tão simples... os diálogos funcionam de maneira assustadora, é algo que nunca senti antes. A desolação é sentida em casa palavra e respirar. Meus pulmões ardiam ao ler, mas nada se comparava ao que ocorria com minha alma.

Você se sente pai e filho, e sofre dos dois jeitos. Homem e menino. Por favor, leia.
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Cris 01/10/2019

Angustiante
"Então partiram sobre o asfalto sob a luz cinza-chumbo, caminhando vagarosamente por entre as cinzas, cada um o mundo inteiro do outro." Pág. 9

Este é um daqueles livros que eu queria ler há um tempão, mas não imaginava que tipo de narrativa eu iria encontrar.

O cenário com que nos deparamos é totalmente desolador. Em um mundo pós-apocalíptico, em que não sabemos o que aconteceu para o planeta chegar àquele ponto, temos um homem e o seu filho caminhando por uma paisagem horrorosa rumo ao litoral.

Não sabemos exatamente o que eles esperam encontrar, mas eles caminham com medo por esta estrada, com poucas provisões, e muito frio. Os diálogos entre eles são de partir o coração e eles se deparam com uma paisagem cinzenta, pessoas em que não se pode confiar, e morte por toda a parte.

O livro tem um clima muito deprimente, conforme eu ia lendo e imaginando aquele cenário, eu fui ficando angustiada. Eu achei a escrita do autor extremamente tocante, ele consegue fazer com que você se sinta inserido na história, e a gente sente a dor dos personagens.

Os diálogos são narrados sem nenhum tipo de aspas ou travessão, às vezes isso me confundiu um pouco, mas ao mesmo tempo, foi fácil de discernir qual personagem estava falando no momento.

O final do livro foi bem surpreendente, mas eu confesso que estava esperando algo mais sobre a origem deste caos todo, mas acredito que não foi a intenção do autor explicar algumas coisas, e sim nos mostrar um mundo corrompido e quem sabe, o recomeço de uma nova era.

"Todas as coisas graciosas e belas como as que se levam guardadas no coração têm uma origem comum na dor. Nascem do pesar e das cinzas." Pág. 49


site: https://www.instagram.com/li_numlivro/
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Carol | @carolreads 28/10/2019

A estrada
Sobrevivência.

O livro apresenta uma história relativamente simples: um pai e seu filho caminham pelas estradas remanescentes de uma América pós-apocalíptica em busca de algo melhor. Entretanto, a forma como Cormac McCarthy descreve a relação do pai e filho revela a complexidade da história.

Durante a narrativa, o filho sempre questiona o motivo de estarem sempre seguindo em frente, e a batalha do pai (que conheceu um mundo diferente) em despertar no filho a vontade viver e buscar um lugar melhor é assustador. Principalmente pelo fato que, para garantir a sobrevivência do filho, o pai precisará fazer escolhas moralmente duvidosas, se tornando - mesmo que por um momento - aquilo que tanto evita.

A forma como o autor descreve as infinitas estradas, o frio, a fome e a destruição - física e moral - em volta dos personagens também é sensacional!

Já leram algum livro do Cormac McCarthy? O próximo que quero ler dele, se rolar uma reedição, é Meridiano de Sangue!

site: https://www.instagram.com/carolreads
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Luiz Miranda 04/11/2019

Fim do Mundo
A Estrada basicamente acompanha a trajetória de pai e filho tentando sobreviver no mundo devastado de um futuro pós-apocalíptico. Apesar deste pequeno livro ter boa dose de suspense e alguma aventura, Cormac se concentra mesmo no relacionamento afetuoso entre pai e filho e na dureza do dia a dia de uma terra estéril.

Bem escrito, com poucas explicações e menos ainda vírgulas (o que deixa qualquer tradutor em apuros), este vencedor do Pulitzer Prize traz uma linguagem mais direta e acessível que a obra-prima do escritor, o difícil Meridiano de Sangue.

Um belo e melancólico trabalho que merece sua atenção.

4 estrelas
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Nicolas.Rodrigues 20/02/2020

Com diálogos e acontecimentos monótonos e repetitivos, o autor nos decepciona com sua narrativa superficial e extremamente estática. Não Recomendo
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CAPA 05/03/2020

A estrada pode nos levar a perdição ou a salvação!
Quando hipoteticamente em mundo apocalíptico, sem recursos e sem vida, o autor nos força a pensar a respeito da racionalidade e personalidade da que cada individuo como ser humano, há dois personagens principais apenas, sendo eles pai e filho.
O pai com lembranças de um mundo que outrora sociável e habitável e o filho sem lembranças desse mundo, afinal já nasce em mundo apocalíptico, o pai com sua racionalidade e personalidade voltada para a sobrevivência e cuidado como tutor, procurando defender e proteger o seu "mundo", o filho por sua vez na esperança de que o mundo um dia venha se tornar um local onde a bondade e generosidade possam coabitar.
O pai me faz pensar em como o ser humano se torna
cruel e irracional quando se estar acuado pensando exlusivamente em apenas sobreviver, o filho nos traz a lembrança de que ainda somos animais racionais e providos de bondade, e que ainda há esperanças na humanidade.
Assim é A estrada, onde a mesma pode o levar a perdição ou a salvação
da humanidade!
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Alex 29/03/2020

Você vai se surpreender
Leitura incrível, me supreendeu. Confesso que o início foi difícil, mas a medida que a trama se desenrolava a história se mostrava mais e mais interessante.
A descrição do mundo, dos locais, dos sentimentos do menino e seu pai, da luta pela sobrevivência, da superação dos desafios.
O relacionamento dos dois é lindo, o pai que quer proteger seu filho.
Senti raiva, senti alívio, senti ansiedade e me emocionei, muito.
Valeu cada minuto de leitura.
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Helen Cunha 17/04/2020

Ainda não consigo escrever nada sobre esse livro a não ser: é um livro triste, mas belíssimo, e todos deveriam ler.

Terminei a leitura com os olhos marejados e o aperto no peito continuou por horas...

Os melhores livros são assim, né? Mexem com o coração e nos fazem refletir por muito tempo.
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