Hélio Cezar 01/05/2017minha estanteLindzey, você vai notar que nem todas as chamadas histórias, mitologias, seja da literatura, ou de qualquer área, faz um questionamento nem que seja superficial de sua área de investigação, quando muito contentam-se em descrever muito vagamente os diversos períodos com o seus respectivos autores, estilos, etc., e nunca questionam os mantras universais de que "ler é sempre bom", de que a cultura esclarece sempre, de que livros trazem sabedoria, etc., e muitos, não sei se é o caso desta que você está lendo, se não escondem, escamoteiam o fato de muitas culturas, civilizações, povos e ou indivíduos aqui e ali faziam questão de destruir bibliotecas inteiras como medida saneadora, como uma praga ser evitada como se evita uma peste, e os homens das letras, etc., botando tais atos na conta da ignorância de povos atrasados culturalmente, ditos, como ação de pura insanidade, mas, será na sua totalidade? Veja, os grandes mestres na sua maioria não deixaram qualquer registro escrito e será por acaso? Será pelo fenômeno pouco notado do discurso escrito apresentar os seus perigos, as suas armadilhas, um encantamento que pode ser mortal? E um deles não será o de nos prender no mundo dos signos em vez de no mundo da realidade? Será que todo texto vazado no "discurso positivo" não nos insere na ilusão de que entendemos alguma coisa quando assimilamos tais conhecimentos expresso nesta forma, e estando iludidos de que já sabemos, será que vamos nos abrir à verdade, e portanto, fadados a ficar patinando nas causas das guerras, etc.? E o conhecimento não é o fruto proibido, a maçã do Éden, que alimenta o dragão/serpente/demônio do pensamento em forma de ego e causa de todas as nossas misérias e nos expulsa do paraíso do estado "B" da mente? E a palavra escrita também não traz embutida na sua estrutura, como se funcionasse como um "circuito integrado", uma placa eletrônica, e que esta energia que passa por ela seja assimilada a nível inconsciente, e que traz todos os tipos de condicionamentos, perversões, trazendo estas informações a nível subliminar e funcionando como um tipo de hipnose, fazendo com que influencie nossos comportamentos? O psiquiatra Rubén Feldman Gonzaléz, conta em um de seus livros um problema de uma paciente sua que passou por uma trajetória permeada por todos os tipos de problemas complexos, justamente porque ela meio que entronizou em seu inconsciente a trama de um romance que tinha lido na adolescência e à partir daí sua vida meio que incorporou o papel daqueles personagens, criando uma situação de vida muito traumática em termos relacionais e psicológicos. E veja bem a maioria dos especialistas da literatura desconhecem estes e outros dos principais problemas que permeiam as obras escritas nestes 2.500 anos desde Aristóteles, só se preocupando com o estilo, com suas qualidades formais, e sem nem mesmo supor que em sua maioria sejam falsas, equivocadas e errôneas, servindo mais como um laço que prende a humanidade numa condição exasperantemente insuficiente para a existência humana. Entre eles, a limitação do "discurso positivo", já visto acima; a questão de que todas elas foram escritas por pessoas que operam no mais baixo nível cognoscitivo que é o estado "C" da mente, ou seja, por pessoas que "acham que sabem" e em muitos casos, de gente mentalmente doente, que é a condição de indivíduos que operam exclusivamente neste âmbito inferior; a tragédia que é o de buscar a solução do problemas nos chamados ideais, a chamada "dualidade", etc. E se estes homens da cultura fizessem isto, poderíamos considerar todas esta produção literária de milênios como literatura, ou ela passaria apenas como um registro de todas as nossas psicopatias, de todas as nossas ilusões, como retrato da nossa pré-história cultural, que infelizmente se estende até aos nossos dias? Eis um material para uma séria reflexão.