Val Herondale 08/03/2018Uma surpresa muito positivaAo longo dos anos Nicholas Sparks tem acumulado uma soma cada vez maior de leitores em todo o mundo. Leitores fiéis que, mesmo após duas décadas, continuam confiando em sua narrativa e encantando-se com suas histórias. Não é nenhuma surpresa que Dois a Dois estaria nas listas dos best-sellers logo na primeira semana de lançamento. Eu mesma estou sempre atenta a cada publicação. E embora haja algum tipo de protelação da minha parte, acabo lendo em algum momento.
Dois a Dois foi uma surpresa interessante em se tratando de Nicholas Sparks. Admito que, a princípio, quando me dei conta de que não haveria uma história romântica, envolvendo um casal, para me arrancar suspiros, fiquei um pouco decepcionada. Afinal, o que fez eu me tornar uma grande fã dos livros desse autor é justamente sua habilidade nata em escrever histórias de amor. Mas acontece que nós temos, sim, uma história de amor nessa obra. Um lindíssimo conto do amor de um pai por sua filha. Este, realmente, não é um de seus romances corriqueiros e inesquecíveis. No entanto, espero que você confie em mim quando digo que você vai amar esse livro, e nem tão cedo se esquecerá de Russel e London. Um enredo que, sem dúvida, surpreenderá até os fãs mais leais do autor.
Russell Green, de trinta e dois anos, tem uma vida estável e confortável. Ele tem Vivian, sua linda esposa, a doce e adorável filha de 6 anos, London, uma casa enorme e uma ótima carreira publicitária. Ele não poderia estar mais feliz, certo?
Esqueceu que é de um livro de Nicholas Sparks que estamos falando?
"E é isso. Quando você começa a tentar entender o que deu errado ou, mais especificamente, onde você errou, é mais ou menos como descascar uma cebola."
Vivian inesperadamente decide pedir o divórcio. Durante o mesmo período, Russell perde seu emprego. A vida, que era perfeita até ontem, sofre uma reviravolta que o deixa sem chão. Com a esposa fora de casa, Russel se vê como pai em tempo integral, desempregado, sem o apoio daquela que lhe prometeu o “para sempre”. Em um completo turbilhão de eventos, ele luta para se tornar um bom pai para sua filha, tendo o cuidado de manter a rotina, e assegurar que ela esteja feliz, enquanto também tenta começar seu próprio negócio.
Os primeiros capítulos arrastaram-se com um pouco de lentidão. Foi preciso algumas – várias – páginas para eu perceber que o prólogo tinha acabado, e que eu já estava dentro da história. Não sei se pelo modelo de narrativa, que se assemelha a uma história sendo relembrada, imaginei que em determinado momento eu, como leitora, seria transportada para o presente. Isso não aconteceu. De fato, o início foi camuflado por uma expectativa que seria desfeita nas páginas seguintes. Destituída de qualquer confusão, senti que a leitura ia ficando cada vez mais fluida, até se tornar viciante. Quinhentas páginas foram dissolvidas em apenas dois dias.
Uma esfera maravilhosa da trama que não posso deixar de citar, é o relacionamento de Russel com seus pais e sua irmã, Marge. A mulher de Marge, Liz, também foi um grande atributo da narrativa, além de desempenhar um papel importantíssimo na vida do nosso protagonista. O apoio que recebeu de seus familiares foi mais do que admirável. Essa parte retratou o verdadeiro amor familiar.
É uma história de amor, dores, família, coragem e cura. É uma história que vai fazer você rir e também vai arrancar muitas (ênfase aqui) lágrimas. Nos últimos 20% do livro era tudo o que eu sabia fazer.
É nítido o amor de Russel por London. Desde que a menina nasceu, sua vida inteira se transformou de maneiras que ele nunca imaginara. Quando ele se vê em uma situação inusitada e tumultuada como um pai solteiro, ele apenas reflete o comportamento da maioria dos pais, que trabalham fora, enquanto suas esposas estão dentro de casa cuidando dos filhos. É divertido, ao mesmo tempo que é inspirador a maneira como Russel lida com tudo isso.
"Abracei-a com força, pensando como um pai tão desorientado como eu podia ter ajudado a criar algo tão maravilhoso [...]"
Eu sempre fico animada quando um novo livro do Nicholas chega as prateleiras! Não cheguei a ler todos os seus romances, mas amo todos os que li. Algumas pessoas acham, erroneamente – se permitirem a minha opinião – que as obras de Nicholas não passam de um dramalhão sem fim. Talvez por não conhecer a fundo sua narrativa. Ele sempre traz histórias muito reais e personagens igualmente realistas, que moldam e representam o cotidiano de inúmeras famílias. Não posso negar, contudo, que algumas tragédias fazem parte de seu currículo, mas todas as que presenciei durante as leituras, tratam da vida como ela é, sem agressividade, e com muita sensibilidade.
Pude me conectar com essa história de várias maneiras e simplesmente amei o personagem do Russ. Me compadeci e torci pelo melhor desfecho para sua história. Se você é um fã de Nicholas Sparks, dê uma chance a esse livro. E caso não seja, permita-se conhecer o grande potencial desse autor, começando por Dois a Dois.
"E ser pai é isso. Você faz o que é preciso, e ama sua filha da melhor maneira de que é capaz."