Galáxia de Ideias 16/03/2018
Um torrente de emoções em forma de livro...
*** Postado originalmente no blog Galáxia de Ideias ***
Mais uma vez estou com a difícil missão de falar de um livro que amei. Mais uma vez me encontro numa situação difícil pois tudo que direi jamais fará jus a tudo que Nossa música conseguiu despertar em mim. Estava totalmente receosa pelo que encontraria aqui, muitos colegas leram e amaram sem exceção, o consideraram o melhor livro do ano mas peguei o livro sem expectativas pois não queria me frustrar. Até considerei todo o amor despejado na obra um pouco exagerado, e não imaginava o que tinha de especial para ter tantos elogios já que a sinopse é cheia de clichês. Que erro meu, não estava preparada para a enchente de emoções que a Dani Atkins derramaria sobre mim.
Considero esse livro sensacional principalmente por três pontos cruciais que estão interligados com muita maestria e caminham juntos. Primeiro é a alternância de narrativa entre Ally e Charlotte mostrando o ponto de vista das duas personagens. É um grande erro achar que Ally é a protagonista dessa história, Charlotte divide esse posto com igualdade porém ela assume esse posto poucos capítulos após Ally. Temos duas histórias de amor com o mesmo homem narradas por mulheres diferentes.
Ally é uma personagem difícil e suas atitudes são precipitadas que geraram grandes consequências na vida de todo mundo. Ela é teimosa, se acha insuficiente para o namorado por ele ser rico, e frisa a todo instante que é uma garota que não possui riquezas não aceitando gestos simples como ele pagar um táxi, ou, pagar uma compra no supermercado. Essa atitude dela chega até a ser um pouco arrogante e "julgatória" onde considera um ato de esbanjar da parte dele quando na realidade é algo simples em todo relacionamento. Porém ela é uma garota que é muito difícil não gostar. Todas suas inseguranças, incertezas e medos a tornam alguém humano e real, é fácil se identificar com a personagem, e até mesmo entender algumas de suas ações. Outro ponto positivo sobre ela são as pessoas que estão ao seu redor e que a amam e a fazem feliz.
Já Charlotte é exatamente igual a David. Veio de uma família rica, porém desprovida de afeto, é carismática, alegre e companheira. Creio que essa é a razão deles terem se dado tão bem, a vida deles é muito igual e se entendem de uma forma que poucas pessoas se entendem. O problema da Charlotte é ela ser uma garota irresponsável e mimada. Não vou dizer que ela fez de tudo para ficar com o David, mas também não impeliu as investidas dele, o que pra mim, como mulher e expectadora da estória, não consegui qualificá-la como a vilã. Vários fatores contribuiram para que Ally e David tivessem um fim, e considero eles mesmos os responsáveis.
O segundo ponto que o torna sensacional é a linha de narrativa. A história é um grande quebra-cabeça que vamos montando aos poucos. Durante a noite na sala de espera aguardando para saber se Joe e David vão sobreviver são preenchidas com situações do presente com os médicos, prontuários, medicação, etc... Mas Ally e Charlotte vagueiam pelo passado constantemente e assim vamos sabendo porque são hostis e o que de fato aconteceu entre os três. Por isso é extremamente importante ter a narrativa das duas personagens, temos uma perspectiva completa do que aconteceu, aquilo que Ally desconhece, Charlotte conta, e vice versa. E o terceiro ponto está atrelado ao segundo: a escrita da Dani Atkins.
A autora escreve de uma forma que nos deixa imersos e totalmente envolvidos na estória. Somos um expectador silencioso que sente tudo que acontece aos personagens. Além disso, ela tem o poder e domínio de despertar na hora certa sentimento ao leitor como raiva, irritação, alegria e tristeza. Toda a atmosfera da estória contribui para que fiquemos imersos e presos aos acontecimentos, como se piscássemos algo acontecesse sem que percebemos. É tudo muito forte e regado a emoções, que vão muito além fazendo o leitor refletir sobre coisas que a maioria das pessoas sequer já pensou, como por exemplo: quando um relacionamento acaba de verdade? ou, Até que ponto é justo esconder algo importante de outra pessoa por estar magoado? Além de outras que envolvem família, e como elas rompem a barreira de sangue.
Além desses três pontos, os personagens secundários dispensam elogios pois todos são extremamente bem construídos, humanos e reais. Joe é sem dúvida o meu mais novo crush da vida. Cara perfeito, compreensivo e amoroso. Jake é filho de Ally e Joe, e é impossível não se emocionar com a inocência do garotinho. Além deles também conhecemos o melhor amigo da Ally, Max, um verdadeiro irmão para ela em todos os sentidos. Além dos pais dela, como disse, Ally tem pessoas extraordinárias em sua vida.
Creio que a maioria das pessoas estão se perguntando "se amou tanto o livro então por que quatro estrelas?" Simples, o final da obra. Assim como o resto do livro ele é arrasador, difícil e extremamente emocionante. O problema é que meu lado romântica incorrigível não o aceitou muito bem, e por favor, retirem o último parágrafo desse livro, me recuso ele ser real. Só digo que vocês precisam ler com uma caixa de lencinhos de papel do lado.
A edição física do livro trás 13 capítulos impressos em folhas ásperas, levemente amarelas, com uma fonte excelente para leitura, e também, o exemplar acompanha orelhas em ambas as capas. A capa é sem dúvidas uma das mais bonitas da minha estante e trás uma textura emborrachada coroando com maestria essa belezura.
Nem preciso dizer que a resenha está gigantesca, mas ainda acho que nada do que disse aqui resume tudo que Nossa música despertou em mim. Dani Atkins se tornou uma autora que tocou meu coração e estou ansiosa para ler outros livros dela, que já pesquisei, são tão maravilhosos quanto esse. Tudo que posso dizer como leitora, e, uma pessoa apaixonada pela obra é que vocês precisam ler para entender. Esse é o tipo de livro que palavras não são suficientes, vocês podem ler inúmeras resenhas e ainda assim nenhum fará justiça pois só tem como saber a dimensão da história quando se lê. Recomendado e indicado á todos sem exceção.
site: http://www.galaxiadeideias.com/2017/07/resenha-nossa-musica-por-dani-atkins.html