Resenhas - Clarice na cabeceira

Infinita Ishtar 24/03/2022

"Sou desorientada na vida, na arte, no tempo e no espaço."
Clarice é fascinante, quase divina, eu diria. Claro que nem tudo são flores e eu não posso glorificar a escritora como se fosse perfeita. Não era, com certeza. A personalidade forte por (muitas) vezes me incomoda e até chega a entristecer. Ao contrário de um músico, por exemplo, não dá para separar a Clarice cronista da "Clarice pessoa", porque são (quase) a mesma pessoa. Mas acho que isso dá para relevar.
Mesmo que nem tudo me agrade na personalidade da escritora, sua forma de escrita é única. Mesmo nas Crônicas mais simples, Lispector sempre inova de alguma forma, seja com reflexões poéticas, filosóficas e existenciais, seja com desfechos inesperados, que chegam até a incomodar o leitor, seja com cenas simples que, nas palavras dela, se tornam vislumbres do paraíso.
A capacidade narrativa e inventiva de Clarice é absurdamente adimiravel. Seus métodos, como o de conversar com taxistas em busca de inspirações para seus textos (como ela bem descreve em "Amor Imorredouro"), são muito diferentes e muito humanos, eu diria. Um tipo de humanidade que falta à muita gente.
Entre os textos que mais me chamaram a atenção, destaco "O Caso da Caneta de Ouro", "Brasília: Esplendor", "Amor Imorredouro", "As Caridades Odiosas" e "Morte de uma Baleia", textos que me trouxeram reflexões profundissimas ou que me arrancaram uns sentimentos que eu nem sabia que existiam.

mrs.booksof 01/02/2022

Breve resumo
Clarice é atemporal, única, intensa, complexa. Ler Clarice é transitar entre dois extremos, a felicidade genuína e solidão devastadora. Ler Clarice é ser embalada no colo, mas não qualquer colo, aquele colo de vó, cheio de afeto maternal mas colo de vó não é colo de mãe,é diferente, um diferente melhor. Clarice é clariciana, consegue transbordar em palavras tudo que nos falta em vida, é leve, sereno e doloroso.

Amandinha_13 25/12/2021

Chato
Meu primeiro contato com obras da Clarisse Lispector não foi o que eu esperava. Dentre todas as crônicas que eu li desse livro, gostei apenas de 3, no máximo. A diagramação do livro é horrível, tem pelo menos três tamanhos de letras diferentes e isso me incomodou, entretanto não atrapalha a leitura.

Stephanie E. 11/11/2021

Ahhhhh, Clarice
Nada como o dia a dia, a complexidade da vida.
O olhar de Lispector discorridos nessas páginas me embalaram e me levaram a reflexão.

Biel 15/09/2021

Para aqueles que quer se aventurar nos contos
Clarice Lispector é uma deusa! O livro é magnífico, extraordinário. Os contos te levam a viver com os personagens de uma forma inigualável.

leiturasgi on instagram 11/06/2021

É estranho falar sobre Clarice e as suas crônicas porque tenho a impressão de que ela não é uma pessoa sobre quem se fala, cada frase é uma experiência, mas vou tentar expressar um pouco do que foi essa leitura aqui.

Esse livro é um compilado de crônicas da autora que conta com uma apresentação anterior a cada crônica, feita pela pessoa que selecionou o texto, como Lydia Fagundes e Ferreira Gullar. São, em sua maioria, textos curtos com apresentações rápidas.

Como era de esperar temos várias temáticas, desde a infância de Clarice até suas reflexões mais filosóficas. Os textos são incríveis, meu livro ficou todo grifado, em grande parte senti como se estivesse conversando com alguém com anseios semelhantes aos meus; e mesmo nos textos que eu não me identificava havia uma frase ou uma linha de pensamento que eu não podia deixar de destacar.

A Clarice é uma autora que mexe comigo de modo geral e me transforma com muita facilidade, recomendo essa leitura para todos!

Rafael.Montoito 04/06/2021

Tocante e intimista
É incrível - e praticamente indescritível - a capacidade que Clarice Lispector tem para escrever sobre o detalhe, quero dizer, sobre aquilo que às demais pessoas passaria despercebido. Com isso, não se percebe apenas sua sensibilidade no olhar, mas também o quanto suas palavras são capazes de dar destaque às coisas comuns: uma flor, um rato, uma cartela de ovos, um vestido etc são elementos capazes de fazer suas personagens mudarem de vida.
.
"Clarice de cabeceira" é um excelente átrio para as obras da escritora, pois reúne vários contos escolhidos e apresentados por artistas, escritores e jornalistas. Nestas páginas, as emoções pululam, nunca de maneira leviana: culpa, desejo, medo, solidão, inveja, descaso etc - tudo muito humano, tudo muito real.
.
Os textos fluidos de Clarice, que por diversas vezes são fluxos de consciência da personagem principal, equiparam-na à grandiosidade de Virginia Woolf; não que Clarice precise dessa referência ou comparação para existir, mas leitores que a desconhecem podem, assim, entender a grandiosidade de seu talento.
.
Nas situações corriqueiras da vida - e a partir delas -, Clarice, com maestria, força o leitor a enxergar realidades outras; por vezes, com roupagem sutil e suave, ela literalmente esfrega a verdade na cara do leitor.
.
Não sei se a obra de Clarice é suficiente para tocar as almas insensíveis - os que têm sentimentos de pedra não são dignos dela, em nenhuma hipótese -, porém tocará em profundidade aqueles que optam por abraçar as emoções da vida em suas vivências.

Renatinha 29/05/2021

Escolha certa.
Acho interessante, eu que estou começando agora ler Clarice Lispector ter feito desse livro minha 3° leitura de um livro dela. E tudo porque ele não têm apenas crônicas dela, mas também relatos de pessoas que já a conheceram além de terem sido ávidos leitores dela. Assim, eles antes de qualquer crônica que escolheram e que formam esse livro, eles falavam dela,delas, também falavam de momentos vividos com Clarice. Eles a apresentavam e eu me sentia a conhecendo em cada página. Por isso penso que fiz a escolha certa. E o que mais me marcou nesse livro foi os relatos de Caetano Veloso sobre ela. Concluindo, me emocionei, sorri e me apaixonei por Clarice Lispector em cada linha que li nesse livro, entre suas crônicas e relatos dos envolvidos que fizeram dele essa maravilha!!! Super indico ainda mais para quem não era acostumada a ler ela, como eu...

bruna 27/05/2021

Contos da Clarice
Gostei bastante. Demorei pra ler mas mesmo assim adorei. A Clarice é meio intrigante... Difícil de entender.

Paloma 25/05/2021

Livre
Comecei essa coletânea de Clarice sem saber ao certo o que esperar. A escritora é um dos grandes nomes da literatura brasileira, mas tive receio de ir com muita expectativa e quebrar a cara. Receio porque tenho resistência com coisas mais "antigas". E ainda mais resistência com discurso indireto livre. Livre. Talvez seja a palavra que resuma melhor Clarice. E por isso seus textos são bem versáteis. A coisa mais ordinária se torna um evento. Nem sempre a gente vai conseguir entender a epifania. Nem a própria Clarice entendeu alguns dos textos dela. E talvez nem seja pra entendermos. Sejam só pra gente refletir sobre o ordinário. Dessa coletânea, os que mais gostei foram: A bela e a fera ou a ferida grande demais, A fuga e Menino a bico de pena.

mmduraes 10/05/2021

Estou cada vez mais apaixonada pela Clarice

Jady 04/04/2021

Para ler com calma.
Foi meu primeiro livro de Clarisse e devo dizer que gostei demais. Algumas crônicas não me agradaram, mas tenho certeza que ela não esperava que agradasse a todos.
Esse livro foi feito para você ler com calma, sem pressa, digerindo as crônicas, gostando ou não delas.
Algumas introduções foram ótimas e direcionaram perfeitamente sobre o que era a crônica a seguir. Porém, algumas achei longas, onde a pessoa parecia querer pegar o protagonismo da obra.

No geral é um ótimo livro, talvez não seja o ideal para primeiro da autora. Vou procurar por outros livros dela.

César | @extratextos 16/03/2021

Difícil
Este livro reúne vários contos da Clarice a partir de uma curadoria de leitores e admiradores: na listagem (como vemos na capa) estão renomados artistas, escritores, estudiosos e críticos literários. Todos os contos acompanham um prefácio com as observações do curador, o que ajuda a ambientar a narrativa.

Ao total, temos 22 contos selecionados, mas eu achei difícil de me envolver na leitura. A Clarice tem uma escrita bastante difícil e/ou faz um exercício de reflexão muito complexo para acompanhar. Achei que seria uma ótima experiência para conhecer um pouco mais sobre os escritos dela (só tinha lido parte da "biografia" do Moser), mas o sentimento que carrego durante e após a leitura deste livro foi de distanciamento.

Muitas vezes eu não entendia nada e não conseguia compreender as motivações da autora. Achei que vários contos tinham um caráter muito experimental. Se meu desejo era de me aproximar de Clarice, fui altamente motivado pelo sentimento contrário. Ainda quero ler um romance escrito por ela, mas acho que isso vai ficar para outro momento.

Alguns destaques positivos, porém, foram os contos: Amor e Feliz aniversário (que eu já tinha lido previamente em tempos de ensino médio); Ela me bebeu; A bela e a fera ou A ferida grande demais; A imitação da rosa; e Evolução de uma miopia.

AndrômedaGio 10/02/2021

Vê-la nua de narrador, foi a melhor experiência de leitura.
Clarice escrevendo sobre coisas simples e as transformando em envolventes e interessantes fora o motivo de eu ter me apaixonada por ela. Como na crônica sobre Brasília, não pude conter meu ânimo e comecei a falar sozinha: "Eu também me sinto assim com alguns lugares!", ou na crônica sobre as vantagens de ser bobo, aquele foi um abraço escrito que ela me deste mas que eu jamais poderei retribui-la.

Rosina.Forteski 19/01/2021

Vasto mergulho
O livro apresenta uma diversidade de crônicas, ou não-crônicas (definição mais próxima de Clarice), que nos levam a diferentes cenários, geográficos e perceptuais, em uma jornada inebriante, salpicada de constações profundas que saltam extasiantes das páginas, em um jogo de palavras que às vezes jogamos com facilidade, outras, com certa lentidão mundana. Clarice é assim, o livro desnuda isso, múltipla. Às vezes densa, às vezes leve, sempre brilhante. As (não)crônicas são apresentadas por relevantes figuras da literatura e algumas outras áreas afins, que nos presenteiam também com o relato de vivências preciosas experienciadas com a própria Clarice, ou, não menos tocante, com sua relação com a grandiosidade da obra da autora. É um livro curto, mas pra ler com calma, pra deglutir cada frase esbaldando-se em um bufê de imprevisibilidade. Bom apetite.