Clarice na Cabeceira

Clarice na Cabeceira Clarice Lispector




Resenhas - Clarice na cabeceira


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DIRCE 14/06/2010

Valem a pena ler de novo
Meu marido costuma dizer que uma das vantagens de se ter vivido várias décadas é que, quando assistimos à reprise de um filme se tem a sensação de que o estamos assistindo pela primeira vez, pois já não lembramos de mais nada.
Com o livro Clarice na cabeceira a sensação que tive foi semelhante: de que estava lendo pela primeira vez, que eu estava “debutando” nos contos ali contidos, contos , que eu já havia lido, se não todos, quase todos. Mas essa sensação não foi porque eles haviam caído no meu esquecimento.O que me aconteceu foi que a releitura desses contos me permitiu novos entendimentos, novas descobertas,novos enternecimentos.
È um livro apaixonante ( e daria para não ser?) e a apresentação dos contos por leitores famosos , juntamente com a introdução do livro, são um deleite a parte.
Entretanto, há um porém: no meu entendimento, não é um livro destinado à cabeceira. Não é um livro para se ler quando se está sonolenta, e sim, quando se está bem desperta para se poder desfrutar da leitura ou releitura, como é o caso do conto Felicidade Clandestina, que eu havia lido no livro A Descoberto do Mundo com o título: Tortura e Glória, ou ainda se “descabelar” por ficar, mais uma vez, sem entender o conto O ovo e a galinha ( que triste!!!) .
É um livros , cujos contos, constam de outros livros da Clarice, mas que sempre valem a pena ler de novo, e se, a leitura for feita em voz alta, é uma experiência e tanto.
Wilde Green 20/02/2022minha estante
Dirce, isso que você falou sobre sua leitura da Clarice já aconteceu comigo também, mas na leitura de outros autores. Quando lemos um livro aos 16 anos de idade fazemos determinada leitura, mas se lermos o mesmo livro outra vez aos 37 a leitura será completamente outra.

Acredito que isto acontece porque, embora o texto seja o mesmo, o leitor já é outra pessoa. Isto que te relatei está acontecendo comigo. Estou lendo "O Silmarillion", um dos livros de J. R. R. Tolkien, autor de "O Senhor dos Anéis". Quando li pela primeira vez estava saindo da adolescência e fiz uma leitura rasa, focando apenas no enredo e meio sem paciência para os detalhes. Queria só saber onde o livro ia chegar. Hoje estou com 37 anos e estou relendo o livro. Embora seja um texto de fantasia, não é um texto qualquer, seu autor era um erudito linguista, logo há muito o que se admirar, é o que eu chamo "uma escultura literária", uma grande obra. Há muita poesia e muita humanidade transformada em texto nesta obra. Mas eu só consigo perceber tais coisas hoje em dia, que além de ter muito mais experiência de vida também sou bem mais culto do que naquele tempo. Fico pensando no teu caso e do seu marido. Ao que percebo ambos têm mais de 50 anos. Nossa! Que leitura devem fazer!

O texto não muda, mas o leitor sim, logo a leitura é quase que inteiramente outra. Por isso temos a sensação de estar diante de algo novo.

Isso é uma das coisas que acho mais fascinantes na literatura. E é mais incrível ainda quando fazemos isto com textos que nos forneceram fundamentos de percepçao de mundo ou bases morais. Quando relemos estes textos parece que é toda nossa vida e nossas escolhas que passam diante de nossos olhos.




Katita 18/02/2010

Doce
Os contos da Clarice são sempre doces, mesmo quando tristes e engraçados. Ela consegue enfeitar todos os seus contos, dando vida e carisma a seus personagens tão comuns.
O primeiro conto - Ruído de passos - que conta a estória da Senhora Cândido Raposo, que mesmo aos 81 anos ainda sofria vertigem de viver. O conto fala sobre a morte de uma maneira doce e engraçada. Fala da sexualidade de uma maneira muito sútil. Em poucas palavras ela consegue dizer e se fazer compreender em tudo o que se lê nas linhas e o que não lê, mas que estão nas entrelinhas. Gostei especialmente desse livro. Recomendo para quem gosta de viajar e de ler contos de qualidade, recheados de sentimentos a flor da pele.
comentários(0)comente



Marinélia 17/02/2010

Cada conto foi cuidadosamente escolhido para nos encantar!
A cada conto você vai se deparar com personagens encantadores que ficam passeando pelo seu imaginário. Não vou comentar cada conto porque tiraria o prazer da leitura, mas deixo abaixo um trecho de um conto que retrata um bebê que olha ao lado e não vê a mãe.

"E para o seu terror vê apenas isto: o vazio quente e claro do ar,sem mãe. O que ele pensa estoura em choro pela casa toda. Enquanto chora, vai se reconhecendo, transformando-se naquele que a mãe reconhecerá. Quase desfalece em soluços, com urgência ele tem que se transformar numa coisa que pode ser vista e ouvida senão ele ficará só, tem que se transformar em compreensível senão ninguém o compreenderá, senão ninguém irá para o seu silêncio ninguém o conhece se ele não disser e contar, farei tudo o que for necessário para que eu seja dos outros e os outros sejam meus, pularei por cima de minha felicidade real que só me traria abandono, e serei popular, faço a barganha de ser amado, é inteiramente mágico chorar para ter em troca: mãe.Até que o ruído familiar entra pela porta e o menino, mudo de interesse pelo que o poder de um menino provoca, para de chorar: mãe. Mãe é: não morrer..."



GraAa18 26/02/2013minha estante
até agora é o meu preferido, este conto se chama Menino a bico de pena, é simplesmente PERFEITO.




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