Nessa Gagliardi 20/07/2010"-(...)Mas, correndo o risco de parecer idiota, eu queria um amor verdadeiro e duradouro. Acho que até envelhecer seria interessante, desde que eu pudesse fazê-lo ao lado de outra pessoa. Eu queria um companheiro. Talvez não aé o último suspiro; alguém sempre tem que ir na frente. Mas pelo menos até os setenta e tantos anos, sabe? A questão é que... eu achava que essa era uma ambição modesta. Achava que, almejando tão pouco, eu teria uma chance de conseguir o que queria. E agora, mesmo com um objetivo tão mísero, fracassei.(...)
- Talvez não seja uma ambição modesta. Talvez você estivesse desejando o impossível."
O livro é sensacional!
Todos já se perguntaram algum dia o que teria acontecido caso tivessem agido de forma diferente da que agiram. É o que Lionel Shriver faz nesse livro: nos mostra que poderia ter sido se, bem se não fosse o que já foi.
Irina, a protagonista, vai ao aniversário de um amigo e sente uma vontade louca de beijá-lo. A partir daí, a história de divide em duas, com capítulos pares narrando a vida de Irina após ceder à sua vontade e beijar Ramsey e os capítulos ímpares mostrando seu futuro após resistir à tentação.
Em muitas vezes, vemos similaridades extremas nas duas situações, como acredito que também seria na vida real (nem todo bater de asas de borboletas causam furacões do outro lado do planeta). Em outras, há uma disparidade absurda entre as possíveis consequências e, óbvio, com algumas infinitamente melhores que outras. Como saber qual é qual?
Não é um livro com uma narrativa ágil, pelo contrário. Acho até que em alguns momentos chega a ficar arrastada, mas ainda assim é impossível largar "O Mundo Pós-Aniversário". Não há como não se identificar com Irina e suas muitas dúvidas, suas atitudes estúpidas ou brilhantes, mas humanas. Não há como não amar e odiar Lawrence e Ramsey. Dois homens que, se triturados e remoldados dariam o homem perfeito, mas não o são porque ninguém nunca o é.
Cada um com suas qualidades e defeitos, me peguei torcendo pra um e no capítulo seguinte pro outro, de forma totalmente volúvel e desavergonhada.
E no fim das contas, chega-se à conclusão de que não importa muito o caminho que se tome. O que buscamos será sempre o mesmo: a felicidade. E se ela virá ou não vai depender bem mais do que estamos dispostos a aceitar e se saberemos reconhecer essa bifurcação do nosso destino.
"Na verdade, tive a convicção inabalável, naquele momento, de estar estranhamente colocada diante da maior decisão da minha vida."