O escravo de capela

O escravo de capela Marcos DeBrito




Resenhas - O Escravo de Capela


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Ernani.Maciel 22/08/2018

Valorização do folclore brasileiro.
DeBrito deu uma cara nova - e bastante sangrenta - a personagens célebres da nossa cultura. Algo admirável, visto que muitos autores brasileiros pouco valorizam o que é nosso. Agradou-me a ambientação; toda a história se passa na Fazenda Capela, com poucos e bem descritos personagens.

Gostei muito das cenas de ação, que continham muito sangue, suspense e um leve terror.

No entanto, oscilei durante a narrativa em vários momentos, ora deslumbrado com a originalidade do autor, ora decepcionado com suas escolhas e desenvolvimento de algumas cenas cruciais ao enredo.

O detalhamento quanto às intenções ou motivações dos personagens entre os diálogos incomodou-me um pouco. Em muitas passagens apenas os diálogos bastariam.
As analogias e os excessos de clichês também prejudicaram a fluidez da leitura.

Valeu a experiência porque DeBrito é um escritor ousado. Pretendo ler o A Casa dos Pesadelos, espero que esse me arrebate.

Edição: maravilhosa, material excelente, letras grandes.
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Silvana 11/05/2019

Em O Escravo de Capela vamos conhecer a dura realidade em que viviam os escravos na Fazenda Capela no ano de 1792. A fazenda de cana de açúcar pertence a família Cunha Vasconcelos, que é formada por Antônio Batista da Cunha Vasconcelos, que cuida da fazenda com mãos de ferro, pelo primogênito Antônio Batista Segundo, feitor da fazenda que é a crueldade em pessoa e pelo filho mais novo Inácio, que foi estudar fora e se formou médico e não concorda com o trabalho escravo e vive batendo de frente como irmão, que tem prazer em ver o sangue dos negros sendo derramado. E como todos já conhecem o patrão, tratam de se matar na lavoura para não ter as costas açoitadas por qualquer motivo, nem ter que passar a noite pendurado de cabeça para baixo, com os punhos atados e o corpo nu anavalhado cheio de sal e mel, para serem banquetes para os insetos noturnos. Porque são poucos os escravos que sobrevivem a isso.

Mas Sabola Citiwala, um negro que acaba de chegar em Capela, não conhece a impiedade do feitor e por ainda não conhecer a língua portuguesa e nem as regras da Fazenda, acaba irritando Antônio ao entoar uma canção em sua língua enquanto trabalha. Sabola é duramente castigado e fica tomado pelo ódio contra Antônio e jura que vai fugir daquele lugar. E sua determinação encontra Akili Akinsanya, um escravo que teve sua chance de fuga há quatorze anos, mas foi pego e teve suas pernas esmigalhadas por Antônio e desde então nunca mais saiu de dentro da senzala. Akili sabe como abrir as fechaduras das correntes e assim Sabola coloca seu plano de fuga em prática no dia do aniversário de sessenta anos de Antônio Batista.

Sabola rouba uma mula para fugir mais rápido, porém é descoberto, a mula é decapitada e Sabola é castigado até a morte. Antônio Segundo não se contenta em apenas matar o escravo fujão, ele corta a pena de Sabola até arrancar o membro do corpo, enquanto seu homem de confiança sufoca Sabola com um saco de pano. Tudo isso na frente dos convidados da festa e dos outros escravos. O corpo é enterrado sem a perna, que é pendurada na porta da fazenda. E os Cunha Vasconcelos pensam ter resolvido o problema, mas então na noite seguinte os peões tem uma noite de arrepiar quando juram terem visto o morto andando e junto com ele uma mula sem cabeça. Ninguém acredita neles, até porque eles estavam bêbados. Mas noite após noite as coisas só pioram e tanto a família Cunha Vasconcelos como seus peões, irão sentir na pele todo o horror que já fizeram os escravos passarem.

"O defunto do escravo estava de pé sob a ombreira e, como a mula, também ostentava um físico mais agressivo. Antes baixo e malnutrido, o negro agora era corpulento e ameaçador, como uma criatura que acabara de abandonar os tormentos do inferno."

Antes de mais nada quero falar dessa edição. Acho que vocês estão cheios de me ver elogiar os livros da Faro por aqui, mas fazer o que quando a edição te deixa de boca aberta? Desde a capa, a contra guarda, a folha de rosto, a diagramação, o miolo, tudo está um arraso, e remete tanto a história que é só a gente bater o olho e já volta tudo o que senti lendo o livro. Desde que lançou ele lá em 2017, eu fiquei bastante curiosa com a história, já que sou fã de livros de terror, mas acho bem difícil encontrar um do gênero que realmente dê medo. E eu consegui isso nesse livro. E além do terror, também temos muito horror saindo das páginas, já que a história se passa em um período vergonhoso de nossa história.

O livro é uma espécie de releitura que conta com dois personagens do folclore brasileiro, o saci e a mula-sem-cabeça. Eu amei isso, porque não lembro de ter lido nenhum livro com esses personagens, fora aqueles livros infantis que lemos na escola. Gostaria muito que nossos autores nacionais valorizassem mais nossa cultura e usassem essa imensidão de histórias que temos, mas infelizmente isso não acontece. Por isso o autor já começou me ganhando nessa parte. E foi de arrepiar a forma como ele usou dessas figuras para dar o tom da história. Eu estava lendo o livro a noite e confesso que parei e deixei para ler durante o dia porque comecei a lembrar das histórias que meu pai contava e das vezes em que ele jurou que era tudo verdade, das criaturas que ele disse ter encontrado na época em que morava em uma fazenda e me borrei de medo.

Esse foi outro ponto positivo para o autor, que prometeu terror e cumpriu. E para quem não conhece ele ainda, eu não conhecia, o Marcos é cineasta e acho que por isso eu "assisti" a história enquanto lia. Os cenários e as cenas são descritas de uma maneira que transportam a gente para dentro da história e é como se estivéssemos lá enquanto tudo acontece e eu até chegava a ouvir os assobios do saci. #medo. E outra coisa que o autor soube fazer muito bem foi mesclar tudo isso com cenas históricas e cruéis da escravidão. Por isso que falei sobre o horror, porque é de ficar arrepiada que tamanha crueldade tenha acontecido no nosso país. A gente até sabe o que aconteceu, mas lendo uma história como O Escravo de Capela, parece que a coisa toda se torna mais real, mais dolorosa. E o pior é saber que o racismo ainda não acabou até hoje.

Quanto aos personagens, Antônio pai e filho, são dois escrotos para não dizer algo feio. Nem sei quem era o pior, o filho que fazia ou o pai que permitia e até incentivava as agressões. Nem quero falar deles porque infelizmente esse era o retrato dos senhores das fazendas da época. Inácio até que tentava fazer alguma coisa, mas tentava daquele jeito de Pilatos, só para aplacar sua consciência, não porque queria realmente mudar alguma coisa. E porque queria impressionar Damiana, uma mucama da fazenda. E se tiver algo de negativo para falar do livro, seria o romance entre eles. Achei fora de propósito olhando por um angulo, mas se olhar por outro, ele foi fundamental para o desenvolvimento da história e para o ápice do livro.

E falando nisso, o final foi de tirar o chapéu para o autor, porque quando você pensa que terminou, lá vem ele com um desfecho nada provável, e fiquei de cara com as explicações no final. Fechou a história com chave de ouro. Eu poderia falar mais sobre os outros personagens, mas acho interessante cada um ir tirando suas conclusões enquanto vai lendo. Foi o que eu fiz e por isso fui muito surpreendida no final. Por isso é um livro que recomendo sem sombra de dúvida. Se você é fá de terror, precisa ler esse livro. Ele realmente entrega o que promete e entrega de uma forma genial, que me fez querer sair correndo ler outros livros do autor. E é o que farei.

site: http://blogprefacio.blogspot.com/2019/05/resenha-o-escravo-de-capela-marcos.html
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Amanda @litera.pura 01/03/2019

"As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça."
Na Fazenda Capela, eram poucos os escravos que se atreviam a cometer qualquer deslize. Antônio, o herdeiro da propriedade, era conhecido por sua perversidade e pelo contentamento que sentia na hora de aplicar as mais desumanas punições.
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Quando Sabola Citiwala chega à fazenda, sua recusa em aceitar a submissão imposta pelos feitores faz com que logo seja conhecido como um escravo problemático, mas as chicotadas que recebe só servem para aumentar seu ódio e sua vontade de se libertar. Akili, um companheiro de senzala, vê no jovem Sabola a oportunidade de levar a cabo um plano antigo e se dispõe a ajudá-lo a fugir.
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Quando a tentativa de fuga dá errado, todos os escravos assistem o triste fim de Sabola: além da pele rasgada pelas chibatadas, sua perna também fora arrancada de forma lenta e seus últimos suspiros foram dificultados pelo saco que lhe colocaram na cabeça para abafar os gritos. Tudo que restou foi um corpo negro deformado, mutilado e enterrado sem nenhuma cerimônia.
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Mas a morte do escravo não é o fim. De alguma forma, Sabola volta obstinado a devolver toda a dor que lhe causaram. O cadáver ensanguentado e putrefato, com uma perna só e a roupa vermelha de sangue, agora ronda pela Fazenda Capela, espalhando medo e repugnância. Se antes os gritos vinham apenas dos escravos, agora virão de outras bocas. Você nunca mais verá o Saci da mesma forma.
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Já fazia teempo que eu queria ler esse livro e valeu toda a espera! O terror não vem apenas do morto que levanta de sua sepultura, vem também dos horrores sofridos pelos escravos diariamente. São castigos, exploração sexual e humilhações que nos fazem sentir um gosto amargo na boca. A violência e os cenários nos são expostos de forma detalhada e, de repente, estamos ali, no meio do canavial ou entre as paredes da casa grande, temendo pela vida enquanto uma criatura abominável está nos observando. Eu quero um filme desse livro!

site: https://www.instagram.com/litera.pura/
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Igor.Paiva 23/02/2019

Sombrio
A história se passa no ano de 1792, onde o Brasil ainda vivia os flagelos da escravidão, no auge da era colonial no Brasil. Na fazenda Capela, não era diferente de outras fazendas, haviam os escravos que trabalharam no canavial e sofriam penalidades caso desrespeitassem seus senhores. E isso aconteceu com o escravo o recém-chegado Sabola que ainda não dominava a nossa língua e sofreu comas chibatas. Preso na senzala ele conhece Aquile, um senhor já de idade que no passado sofreu muito e por revolta de seus superiores teve suas pernas debilitadas, e ele não conseguia mais andar.

Após sofrer punições por desrespeitar Antônio (O demônio em pessoa) que era capaz e filho do grão-senhor, algo terrível acontece com Sabola, que numa noite de festa, resolve fugir. (Não vou dizer acontece né haha) Mas, envolve com uma lenda muito conhecida aqui no Brasil, na verdade duas lendas. Com maestria, Marcos introduz a lenda a história de forma sangrenta, violenta e macabra. DeBrito sendo DeBrito. E partir daqui nasce duas das lendas mais famosas aqui no Brasil.

Além de toda essa história, há os segredos obscuros que muito tempo foram enterrados nas redondezas e que agora, que vão sendo desenterrados e surgindo à tona.

Segredos estes que podem mudar a vida de todos os personagens de forma drástica Vingança, inveja, torturas e muito horror. Palavras que definem esse romance de Marcos DeBrito. Meu primeiro contato com o autor foi com o livro A CASA DOS PESADELOS e jamais pensei que o cara fosse tão foda, quanto ele é! A escrita do Marcos é visceral, te pega de surpresa pela elegância ao mesmo tempo em que te prende numa narrativa super fluída.

site: https://www.instagram.com/spooky__books/
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Clauclau/Eu leio sim e daí 23/01/2019

O Escravo de Capela
Esse é o seu terceiro livro do cineasta e autor Marcos DeBrito que nos brinda com uma das lendas mais conhecidas do nosso folclore o “Saci-Pererê, mas não se engane, nas folhas desse livro não iremos encontrar aquele garoto que fumava cachimbo, pregava peças, dando sustos e fazendo traquinagens de menino pelos cantos. Aqui ele é apresentado antes como um jovem escravizado e depois como um escravo-cadáver que tem o ódio e a vingança como combustível e ao invés de um cachimbo inofensivo ele traz consigo um facão. Também seremos apresentados a uma versão diferente de que conhecemos da “mula-sem-cabeça” que também nada se parece com aquela que nos foi contada, aqui ela surge diferente e totalmente tenebrosa. Essa é uma estória para gente grande.

O enredo retrata o final do século XVIII, uma das épocas mais cruéis e sangrentas da história que impunha para homens antes livres em seu país, agora no Brasil em situação de escravidão, tendo sido tirados de suas raízes e colocando-os em total subserviência da elite branca da época.

O ano é 1792, Fazenda de Capela, que tem uma grande lavoura de açúcar, seu dono é o senhor Antonio Bastista da Cunha Vasconcelos e seus dois filhos: o mais velho Antonio Segundo, que era o capataz cruel e impiedoso que tinha como prazer castigar cruelmente os escravos e Inácio, que muito cedo foi estudar na Europa e retorna depois de formado em medicina para o ceio familiar, apesar de não compactuar com as atrocidades que tanto o pai como o irmão faziam com os pobres e infelizes escravos não tinha força para lutar contra o que acontecia ali.

Para ler na íntegra é só ir no blog ou na fanpage.

É isso, beijos e tchau!



site: www.euleiosimedai.com.br
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Valéria Machado 10/07/2019

Chocada!!!!!
🔪❌ Genteeeee que livro, QUE LIVRO!
O protagonista aqui, é o Sabola Citiwala, do Congo, e foi comprado como escravo para trabalhar na lavoura da grande fazenda Capela.
Os Cunha Vasconselos são comerciantes de açúcar, e para tal precisam de trabalhadores, no caso os escravos, o autor deixa muito claro, como era o trabalho debaixo de um sol escaldante.
O livro é encantadoramente assustador, cheio de emoções, medos, romance.
A história é conduzida com muita certeza sobre os fatos e muita clareza, todos os momentos de tortura foram escritos tão bem que parecia que eu estava lá.
Todo o drama acontece em volta de vingança, e momentos mal resolvidos do passado, fazendo com que tenha muito ódio e remorsos envolta dessa história.
Durante a leitura me senti triste, não pelo livro em si, mas por lembrar de tantas coisas que meus e nossos antepassados sofreram, com alimentação ruim, maus tratos, nenhuma higiene e tantos açoites para enriquecer homens orgulhosos. Estou cheia de elogios quanto a esse livro e a escrita maravilhosa, e uma diagramação incrível, o autor soube usar muito bem do folclore nacional!
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thaisdreveck 05/09/2017

Resenha
Livro: O ESCRAVO DE CAPELA
Por: MARCOS DEBRITO
Editora: FARO EDITORIAL

? CAPA 5/5
Vamos começar com essa capa maravilhosa, desde a fonte rebuscada branca que tem todo um contraste espetacular com o negro é o vermelho, as imagens de ótima resolução e todo o charme em si são convidativos para o gênero de terror. Uma capa perfeita para se querer ter na estante.

? HISTÓRIA 5/5
Com certeza esta é uma das resenhas mais complicadas que já fiz pela qualidade do livro, ele é maravilhoso em todos os aspectos, Marcos é extremamente detalhista o que torna toda a trama de certa forma mais real, macabra e viciante. Uma escrita elaborada e dramática que instiga a cada página, que faz o leitor se prender e não soltar mais, é simplesmente impossível parar de ler até que a leitura esteja totalmente finalizada.

O autor nos faz mergulhar no Brasil Colônia do final do século XVIII, em uma fazenda canavieira chamada Capela onde Antônio Batista e seu filho controlam com uma destreza cruel e macabra todos os escravos que ali habitam. Sem piedade inflige castigos apenas por diversão em grande parte das vezes. Todos os outros funcionários pagos da fazenda seguem as diretrizes aplicadas pelo pai e filho, sem importar-se muito com a vida dos escravos.

Sabola Citiwala é um escravo comprado e recém chegado na fazenda, sem sequer saber falar o idioma, é levado ao trabalho forçado no campo, porém ele não aceita a perda repentina de sua liberdade e tenta de todas as formas conseguir sair daquele inferno. Entretando estamos falando de líderes sádicos, e com a morte de vários escravos sem piedade, os detalhes sórdidos que Marcos nos passa (alguns momentos de ânsia de tantos detalhes macabros), um morto começa a assombrar a fazenda.

É ótima a forma como o autor conseguir mesclar o folclore brasileiro junto com uma época tão sombria. Como se fosse a real história do SaCi em uma versão macabra e bem escrita. Imagino a quantidade de pesquisar feitas pelo autor para conseguir um livro tão completo e tão criativo, as formas de tortura, o trabalho escravo, além de um amor proibido em meio a tudo.
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Compre pela capa 06/01/2018

O FOLCLORE BRASILEIRO RECONTADO COM PITADAS DE TERROR EM O ESCRAVO DE CAPELA, DE MARCOS DEBRITO
ENREDO

Ambientado na época escravocrata, o livro tem como cenário a Fazenda Capela, onde inúmeras torturas eram executadas contra os escravos que ali viviam e "trabalhavam".

Além de sofrerem por terem sido vendidos de suas casas, como meros objetos, os escravos tinham como infeliz companhia Antônio, primogênito e herdeiro de Batista, o Senhor da fazenda. Antônio era um jovem sádico que tinha prazer em ver sangue e sofrimento escorrendo da pele negra de um escravo.

Mas quando uma nova remessa de escravos é comprada e chega na fazenda, as coisas mudam drasticamente para a família Batista. para os capatazes que ali trabalhavam e até mesmo para os escravos. Nessa remessa está Sabola, nosso protagonista. Um jovem corajoso e destemido que se vê de um dia para o outro, como escravo acorrentado e obrigado a trabalhar duro debaixo do sol escaldante.

Quase junto com a remessa, ressurge também Inácio, o filho mais novo de Batista, que estava no exterior cursando Medicina. Ao contrário do irmão mais velho, Inácio sente compaixão pelos escravos e acha o tratamento dado a eles injusto. É por isso que haverá desavenças entre os irmãos durante a estadia de Inácio na fazenda. Uma personagem importante aparece no caminho de Inácio, e ele então se apaixona, mas acaba descobrindo um terrível segredo.Em seu primeiro dia de trabalho, Sabola que não conhece as regras da fazenda, começa a cantar em seu dialeto de origem, e é flagrado por Antônio, que fica feliz por ter uma desculpa para açoitar um escravo. E assim Sabola começa a guardar rancor e ódio de Antônio.

Durante o pouco tempo que passou na fazenda, Sabola conhece um senhor de idade, Akili, que por se encontrar imobilizado, não trabalha com os outros escravos, passando seus dias e noites preso na Senzala. O motivo é que Akili foi flagrado por Antônio tentando fugir da fazenda, e teve então seus dois joelhos cruelmente quebrados pelo jovem.Logo que os dois escravos se encontram, Akili enxerga grande potencial em Sabola para terminar o que o velho escravo nunca conseguira concluir. Ele então cria um plano junto de Sabola, para o jovem escravo conseguir fugir. O plano dá errado e Sabola acaba capturado por Antônio, e tem uma de suas pernas decepada friamente, para só depois ser morto.

Mas com a morte do escravo, algo totalmente novo e assustador nasce na fazenda, arrepiando os mais corajosos homens.

OPINIÃO

O resultado de uma boa narrativa, enredo delicioso e momentos assustadores é o livro de DeBrito, que inova totalmente em recontar a história dos dois personagens mais curiosos e inquietantes do nosso Folclore.

Com muitos personagens importantes no enredo, o livro fica cada vez melhor, chegando em seu êxtase no final revelador que possui.

A história nos mostra que a vingança é muito maior e mais poderosa que a crueldade, e que uma pessoa ferida física e emocionalmente faria qualquer coisa para conseguir o que tanto anseia.

Parabenizo o autor pelo livro super bem escrito, com um final excepcional e com a inovação em abordar um tema tão esquecido na nossa literatura.

E parabenizo também a Faro Editorial pela edição impecável, com capa maravilhosa e ótima diagramação.

site: comprepelacapa.wixsite.com/home
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Felipe Zamoran 02/01/2018

Não sei bem o que realmente achei.
Estou sentindo-me deveras perdido, decidi pensar melhor antes de avaliar o livro, até chegar a esta conclusão. É pesado? Sim. Arrastado em alguns momentos? Bem poucos. Soa forçado e com clichês (nos personagens) em certas partes? SIM. Provavelmente meu problema foi ter ido com expectativas demais, visto que todo mundo que leu adorou, no entanto muito me surpreende que as pessoas tenham gostado de um personagem com diálogos tão forçados como os de Inácio. Poderia ter tido mais terror, esse terror poderia ter sido acometido de um suspense maior, que envolvesse o leitor, mas não foi o que aconteceu. Das 288 páginas, talvez 10 tenham passagens que aterrorizem, não chegando a de fato causar medo. Apesar de tudo, de algumas expectativas frustadas, gostei sim do livro, o autor consegue envolver, tem uma escrita gostosa de se ler, não foi nem de longe maçante. Mérito para o final, que apesar de ter-me deixado triste por certa personagem, fugiu do clichê "final feliz para todo mundo". Previsível em muitas partes, imprevisível no final (para mim). O Escravo de Capela foi uma boa leitura, mas que não supriu minhas expectativas.
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cotonho72 28/12/2017

Muito bom!!!
“No ano de 1972, auge da era colonial brasileira, a produção de açúcar nas fazendas de cana era controlada pelas mãos impiedosas dos senhores de engenho. Os homens acorrentados que não derramassem seu suor no canavial encontravam na dor de um lombo dilacerado o estímulo para o trabalho braçal.” Página 7.
Nesse cenário do Brasil Colônia no final do século XVIII que conhecemos a história da Fazenda Capela, que é administrada pela Família Cunha Vasconcelos, mais precisamente por Antônio Batista, grão-senhor da fazenda. Seu filho primogênito, Antônio Batista da Cunha Vasconcelos Segundo era o capataz responsável pelo trabalho na lavoura de cana-de-açúcar, ele era temido pelos escravos devido a sua violência desproporcional e sua falta de amor, esse era o resultado de anos de treinamentos para assumir o cargo de feitor. Mas suas atitudes exageradas não agradavam muito o seu pai, pois estava diminuindo os números de trabalhadores e aumentando o gasto na compra de novos escravos.

Sabola Citiwala é um escravo recém-chegado da Fazenda Capela, ele foi comprado recentemente e ainda não entendia uma palavra do idioma português, por desconhecer as regras do capataz acabou despertando a ira de Antônio Segundo, sendo assim açoitado de maneira cruel, e depois de levado inconsciente para assistir uma missa Sabola foi enviado para senzala junto dos demais escravos e jogado perto do velho Akili Akinsanya. Akili era conhecido na fazendo por Fortunato, e já tinha mais de sessenta anos de idade, não trabalhava mais na lavoura porque estava inválido devido os castigos que recebeu, não demorou muito para surgir uma amizade entre eles.
Inácio Batista é o filho mais novo dos Cunha Vasconcelos e acabara de chegar na Fazenda Capela, ele estivera estudando medicina na Universidade de Coimbra, Portugal, e já estava ausente há cinco anos. Ele é diferente do pai e do irmão e não gosta da maneira que eles tratam os escravos, por causa do tempo que morou fora seu pensamento é muito a frente e já acredita no fim da escravidão. Mas durante um jantar de família Inácio vê adentrar a escrava Damiana, uma mulata belíssima de apenas dezenove anos, tinha um corpo esbelto e uma pele amorenada que realçava a beleza de seus traços, ela era pequena quando ele partira para a Europa, agora sendo uma moça formosa fez com que o coração de Inácio fervilhasse, ele acaba se apaixonando por ela, mas esse amor proibido entre eles na época pode coloca-los em grandes apuros.
Sabola não aceita o novo modo de vida que lhe foi imposto, assim junto com Akilli arquiteta um plano para fugir dali, todas às noites, eles estudam uma estratégia que resultaria na reconquista de sua liberdade, mas na noite de sua fuga ele é capturado, sendo surrado até a morte por tentar fugir da fazenda. Antônio Segundo corta uma das pernas de Sabola enquanto Jonas, seu capataz, o sufoca com um saco para abafar os gritos de dor que ecoavam na fazenda. Toda essa crueldade foi executada na frente dos outros escravos para serem intimidados, mas essa atitude cruel só aumentou a revolta entre eles, a partir daí coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer na Fazenda Capela e parece que ninguém está a salvo.
Esse é o primeiro livro que leio do autor Marcos DeBrito, não leio muitos livros de terror, mas a sinopse e as resenhas que li me convenceram a acreditar no livro. A história é narrada em terceira pessoa e retrata muito bem as crueldades impostas aos escravos numa época de muita injustiça, triste realidade vergonhosa que não devemos esquecer, o Saci e a Mula sem Cabeça criados pelo autor são muito bem construídos, as características pelas quais os conhecemos são as mesmas, porém bem mais assustadoras e sangrenta. Confesso que não gostei da capa, a editora sempre capricha na qualidade, os acabamentos vermelhos nas bordas é show e isso já da um tom sinistro, a série As Crônicas dos Mortos da editora é bem elogiada, só algumas capas, em minha opinião, são feias e sinistras e por isso ainda não solicitei, acho que capas como a do livro Horror na colina de Darrington são bem melhores para ter em casa.
A leitura flui bem e li o livro em praticamente dois dias, os personagens são bem construídos e nos envolvemos com eles, mostra a violência física, verbal e emocional que os escravos sofriam, o estrupo era um deles. Também aborda assuntos como a religião, que era imposta, cultura, não só a do Brasil como a Africana também, além de resgatar uma figura mitológica do folclore brasileiro. A história é cheia de suspense, segredos e reviravoltas, o final nos surpreende, para os fãs de um bom suspense e de terror essa é um livro imperdível.

site: http://devoradordeletras.blogspot.com.br
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Emily.fonseca 16/12/2017

Queria ter resenhado esse livro antes do dia 31 de outubro, mas não rolou, ele fala das lendas do nosso país, mas não daquele jeito amigável que aprendemos na escola ou vemos em desenhos animados, e sim de um modo cruel, perverso que fez eu querer largar o livro muitas vezes simplesmente por ódio dos administradores da Fazenda Capela..

👹""Tendo as costas do escravo como tela, o feitor pincelava de vermelho o seu escárnio. Naquela aquarela abstrata de sangue e suor, a dor encontrava bem o seu entorno."👹

Neste livro vemos um enredo forte que se passa no Brasil Colônia, no final do século XVIII, no ano de 1792. Só pela época histórica os maus tratos om os negros nos vem a mente, a escravatura, esta história se passa na fazenda Capela, que possui um canavial, os donos dessas terras são os Cunhas Vasconcelos, uma família de nome muito conhecido, Antônio é o filho mais velhos e adora ver os escravos sofrerem, ele não mede forças quando se trata de tortura, ama ver sangue rolar. O pai dos rapazes apoia a ideia de torturar escravos que fizeram algo "errado" para servir de lição, e temos Inácio o filho mais novo que assim que pode foi embora da fazenda, ele é formado em medicina e nunca gostou de ver as crueldades o seu irmão..

👹""As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça. Apenas a boca escancarada, que insistentemente buscara o ar nos seus últimos suspiros, estava descoberta e não foi poupada de ser alimentada com a terra que o encobria." 👹

Para Antônio não importa os lucros e gastos da fazenda e sim ele ter a "propriedade" sobre a vida dos escravos, escolhendo quando esses vivem ou morrem. Fora os donos, temos os funcionários Irineu, Jonas e Fagundes que ajudam e apoiam Antônio em tudo.
Tudo corria em perfeita ordem, com escravos educados e bem bandados, até a chegada de Sabola Citiwala, um recém chegado que não sabia nem a língua portuguesa, ele foi tirado do seu lar e não se conforma com isso, está disposto a fazer de tudo para se ver livre. No primeiro dia no Canavial por não saber o idioma ou as regras, já levou chibatadas e ficou extremamente revoltado..

👹""— Escravo aqui só tem direito a duas coisas — continuou: — Primeiro: não ter direito a nada E segundo: não reclamar desse direito. Se tem negro que discorda, para quem ainda não sabe, domesticar os selvagens é a função pela qual eu tenho mais apreço."👹

Na senzala o único lugar com corrente sobrando é ao lado do Velho Akili, que teve suas pernas quebradas e deformadas a muitos anos por Antônio, enquanto tentava fugir, mas se distraiu vendo alguém pela janela, assim sofrendo as consequências pelos seus atos, Akili era o único que conseguia abrir os cadeados se tivesse as ferramentas suficientes, será que ele era a única esperança de Sabola?
Do outro lado da trama temos Inácio, que veio visitar sua família depois de muito tempo, e não pretende ficar por muito tempo, pois seus ideais vão em contraponto com a de seus familiares. Ele sente uma grande falta de amor materno, pois sua mãe fugiu de casa quando ele era bem pequeno. Seu pai concorda que ele possui facilidade em argumentar, mas acredita que estes são extremamente liberais e que negro não é gente como a gente. Antônio odeia o irmão, acha ele mimado e que não tem que se meter no serviço dele na fazenda, o rapaz não suporta a ideia de dividir o patrimônio com o caçula..

👹""Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."👹

Conforme os dias vão passando, Sabola arquiteta um plano de fuga juntamente com Akili, mas para o velho ajudá-lo ele teve que prometer que voltaria pra se vingar, mas o plano tinha tudo para dar errado, e nas mãos de Antônio, Sabola teve um fim horrível e sua perna foi cortada e amarrada na entrada da fazenda, para servir de exemplo. Após sua morte, várias tragédias e acontecimentos sobrenaturais começam a ocorrer na fazenda, será que teria a ver com a morte do escravo?
A escrita é dolorosa, dói mais ainda saber que isto realmente ocorria no nosso país, o autor conseguiu com maestria juntar um período histórico com nossas lendas, ele começou a construir desde o início para o leitor não ficar perdido nos acontecimentos. Além do tema de terror, podemos encontrar vários segredos de família, um passado cruel, uma paixão perigosa e disputas. .

👹""Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador."👹

A leitura no início é densa, por trazer esses fatos de tortura, e acredito que os capítulos gigantes tenham atrapalhado na desenvoltura do enredo, mas mesmo assim a história intriga o leitor e faz este querer chegar no final e desvendar os mistérios.
Vale salientar que esse livro é pra quem tem estômago forte, Marcos não romantiza em nenhuma parte da história, ele descreve cada emoção, cada dor que os personagens sentem na mais pura realidade.
Foi o primeiro livro de terror que eu li, amei demais, mas não me assustei, pois eu já to acostumada a assistir filmes nesse gênero, que são meus favoritos, e é raro algo me assustar. Entretanto, concluí essa leitura as três da manhã, e sonhei a noite toda com saci, bruxas e lobisomens. Super recomendo a leitura

site: Livrosrabiscando.blogspot.com
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"Ana Paula" 21/08/2017

Começo essa resenha dizendo que meu primeiro contato com alguma obra do autor foi o filme "Condado Macabro". Não consegui terminar de assisti-lo pelo simples fato de: eu odeio palhaços.
Depois disso, me vejo envolta pelo mistério e horror contido neste livro. O Escravo de Capela foi uma surpresa para mim tando em sua versão física que está linda demais, quando no conteúdo que sangra entre as páginas e nos deixa ávidos por matança e vingança! hehehehehe

"Os escravos sabiam que eram poucos os homens que sobreviviam a uma noite pendurados de cabeça para baixo com os punhos atados e o corpo anavalhado cheio de sal para lhes arder as feridas. Ainda eram deixados inteiramente nus, cobertos por mel para que os insetos noturnos os picassem. Os requintes de sadismo eram infinitos."

Como a sinopse diz, a história se passa na época escravocrata do Brasil Colônia. Vamos acompanhar a história de Sabola, um negro que foi vendido como escravo para a Fazenda Capela. Sebola ainda é jovem e não fala nada do nosso português. Chegou a pouco tempo na fazenda, mas não vê a hora de se ver livre. Logo que chega, faz amizade com outro negro, Akili Akinsanya, que teve suas pernas atrofiadas devido a uma surra que levou do feitor a muito tempo atrás. Akili sabe que não pode fugir, mas passa a ajudar Sabola nessa empreitada.
A Fazenda Capela é conhecida pela sua plantação de cana. O senhor dessas terras é Antônio Batista da Cunha Vasconcelos; o feitor, seu primogênito Antônio Segundo. Este último é encarregado de cuidar dos negros que fazem a colheita da cana, e assim, Antônio faz o que mais gosta: maltratar os negros e quando pode, surrá-los até a morte para aplacar sua sede de sangue.

O destino de Sabola é traçado quando o mesmo é surrado até a morte por tentar fugir da fazenda. No auge de seu sadismo, Antônio corta uma das pernas de Sabola enquanto Jonas, seu capataz, o sufoca com um saco para abafar os gritos de dor que o mesmo emana.
Em contrapartida, conhecemos o dia a dia da casa-grande e seus ocupantes. Além de Antônio, Batista tem outro filho, Inácio que volta a fazenda para passar alguns dias. Inácio não se importa com a fazenda, rapaz estudado e formado médico, Inácio quer mesmo abrir mão de sua herança e continuar sua vida longe daquele lugar.
Mas nem tudo acontece como queremos e Inácio se apaixonará e descobrirá segredos sórdidos escondidos nas paredes da casa-grande.

"A lâmina ainda suja do sangue do animal foi cravada impetuosamente próxima ao joelho direito de Sabola. O jovem quase inconsciente despertou pela dor excruciante e seu berro pôde ser ouvido da mansão, mesmo de portas fechadas."
Partindo dessa premissa, Marcos DeBrito cria um enredo assustador e verossímil, que desfaz aquela imagem infantil que temos do famoso Saci Pererê. Abusando de detalhes sangrentos e do mais puro terror, o autor recria essa história com personagens marcantes que nunca mais abandonarão nossas mentes.
Sabemos por meio da história que o Brasil escravocrata foi uma época de terror verdadeiro, vivenciado apenas pelos negros. Neste livro, DeBrito retrata sem censura, algumas das mais variadas maldades sofrida pelos negros. Nos dá nojo e vergonha, nos faz pensar a que ponto o ser humano pode ser hipócrita, ganancioso e sádico.

O Saci criado pelo autor é perfeitamente construído, mantém as características pelas quais o conhecemos e ainda trás algumas outras para deixá-lo assustador. A criação do Saci é forte e sangrenta. O livro todo não mede maldade e realidade. Marcos DeBrito conseguiu, em poucas páginas, criar uma história única que não perde em nada, só agrega. O Escravo de Capela é tão real que poderia sim ser a verdadeira história do Saci Pererê; e não obstante, o autor ainda narra a criação de outro personagem do nosso folclore: a Mula sem Cabeça, o que foi assustador e lindo de se ler.

"O defunto do escravo estava de pé sob a ombreira e, como a mula, também ostentava um físico mais agressivo. Antes baixo e malnutrido, o negro agora era corpulento e ameaçador, como uma criatura que acabara de abandonar os tormentos do inferno. Mas era no rosto que o terror despachava sua epístola. Mesmo coberto com o pano encarnado pelo próprio sangue que vertera até a morte, a boca estava livre para expor os afiados dentes amarelados. E entre os buracos da trama de algodão, podia-se notar a intenção de carnificina nos olhos opacos cavados no interior do crânio."

A narrativa é em terceira pessoa, nos dando total abrangência dos pontos de vista necessários para irmos desvendando a trama. Minha leitura não fluiu na rapidez que eu desejava por não estar acostumada com a escrita rebuscada do autor. Acostumei-me com escritas rápidas e sucintas, com poucos adjetivos, o que o leitor não encontrará aqui. DeBrito abusa do vocabulário extenso da língua portuguesa e nos trás sinônimos diversos durante a leitura. A diagramação é simples, mas bem feira, sem erros aparentes. A capa é perfeita, condiz com o enredo apresentado e nos deixa curiosos para saber mais. O corte das páginas em vermelho trouxe um charme a mais para um livro completo em todos os sentidos.

Do mais, só posso indicar. Gostei muito de ter conhecido essa versão da história do Saci, claro que o terror/horror sempre terá um lugar no meu coração trevoso, ainda mais se for nacional.
Para quem gosta do gênero, não deixe de conhecer este livro. Tenho certeza que vocês vão gostar e se surpreender com o quanto de elementos assustadores a história do Brasil pode conter.

site: http://livrosdeelite.blogspot.com.br/2017/08/resenha-o-escravo-de-capela-marcos.html#.WZrnhj597Dc
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ELB 18/11/2017

Tendo as costas do escravo como tela, o feitor pincelava de vermelho o seu escárnio. Naquela aquarela abstrata de sangue e suor, a dor encontrava bem o seu entorno.
Nessa trama, nós somos levados ao Brasil Colônia, no final do século XVIII, no ano de 1792, aqui conhecemos o Antônio Batista da Cunha Vasconcelos que é filho do dono da fazenda, ele é um capataz cruel e adora infingir dor aos escravos e na maioria das vezes, acaba os matando com sua crueldade.

Dentre esses escravos se encontra o Sabola Atiwala, ele é novo no canavial e não fala a língua local, ele não se conforma com o seu destino e acaba despertando a ira de Antônio.

Aos poucos, vamos conhecendo um pouco mais sobre os personagens, como Inácio Batista que é o filho mais novo do Senhor Antônio, ele voltou para a fazenda depois de passar cinco anos em Portugal estudando, ele vê os escravos como pessoa e não como propriedades. Logo no começo percebemos que o filho mais velho guarda um certo rancor em relação a Inácio e não faz segredo disso.

O capataz Antônio é uma pessoa horrível, sádico que não pensa duas vezes antes de infingir dor aos escravos e ver isso como um ato qualquer, o simples fato de que ele tem poder sobre todos aqueles homens é o que importa para ele.

-Escravo aqui só tem direito a duas coisas
-Primeiro: não ter direito a nada! E segundo: Não reclamar desse direito. Se tem negro que discorda, para quem ainda não sabe, domesticar os selvagens é a função pela qual eu tenho mais apreço.
Seu pai é um pessoa passiva em relação ao seu comportamento, ele não se importa com a dor que o capataz inflige aos escravos ou as punições escolhidas por ele, desde que os mesmos possam trabalhar, está tudo bem para ele.

Com o passar dos dias, Sabola se mostra cada vez mais revoltado com a situação no qual se encontra, e resolve tomar uma atitude, atitude essa que fará com que ele perca sua vida.
"As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça.
Após sua morte, estranho acontecimentos passam a ocorrer na fazenda, e o espirito dele volta em busca de vingança. O Escravo da Capela é uma mistura do folclore Brasileiro com algumas crenças Africanas, ele é sem sombra de dúvidas bem eletrizante.

Esse não foi o primeiro livro de terror que leio, mas foi um dos que me deixou sem dormir por alguns dias, mesmo depois que terminei o livro, continuei pensando nos acontecimentos e em tudo que o autor quis passar ao reproduzir um momento tão triste em nossa história.

A narrativa é feita em terceira pessoa, a edição é simplesmente incrível, algumas ilustrações no livro, na aba lateral é toda em vermelha, a capa descreve muito bem o cenário proposto no livro, a revisão está ótima, não encontrei nenhum erro ortográfico ou de concordância verbal.
Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador.
A escrita é bem fluída, apesar de ter alguns capítulos um pouco longos. O mais impactante para mim no contexto geral foi o final, que é literalmente de tirar o fôlego. O obra é bem reflexiva apesar de triste, digo triste porque nunca sequer passou pela minha cabeça o quanto os escravos sofriam naquela época, eu sei que essa é uma visão ingênua da escravidão, mas nunca sequer imaginei o tamanho do sofrimento daqueles homens que foram obrigados a viver em uma situação tão desumana.

O autor escreveu o livro com maestria, não se perdendo em momento algum, sei que ficarei mais alguns dias pensando a respeito de tudo o que aconteceu, mas valeu a pena. Eu recomendo muito O Escravo da Capela se você gosta de livros de terror e thrillers, esse é um dos melhores livros que já li do gênero e ele cumpre tudo o que promete.
Quando a morte é apenas o começo para algo assustador.

site: http://www.everylittlebook.com.br/2017/07/resenha-o-escravo-da-capela-marcos-de.html
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Tânia (@ritmoliterario) 04/12/2018

Tenso e Cruel!
"Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."

O ano é de 1972, no Brasil Colônia, a Fazenda Capela produtora de cana-de-açúcar consegue seu sucesso graças a mão de obra escrava. Quem comanda a fazenda é Antônio Segundo, filho primogênito do grão senhor, e esse não mede esforços para manter os escravos na linha. Um homem sem escrúpulos e perverso. Em sua mão sofrimento é divertimento.

Os escravos que vivem ali já se conformaram com seu destino, e não ousam desacatar esse capataz, sobrevier é o mais importante. Até a chegada de um novo escravo, Sabola. Ele não aceita a forma no qual são tratados e planeja sua fuga. Só o que esse plano tão bem pensado é um fracasso, e o que era para ser um recomeço, se transforma em um pesadelo dele e de muitos.

Eu sempre tive medo de ler esse livro, só de olhar para a capa, sentia aquele arrepio. E confesso que não foi uma leitura fácil. A crueldade transborda dessas páginas. É tanto sofrimento, que dói, que revolta. Foi uma leitura chocante em muitos sentidos.

Foi a primeira vez que li sobre a época escravocrata, e a forma como o autor constrói a trama nos permite sentir o quanto essa realidade vivida foi massacrante. O derramamento de sangue é feito sem pesar. Não há solidariedade, não há respeito. Há somente interesses e covardia.

Mas o livro é muito mais que um retrato da escravidão. Temos uma trama bem construída que nos mostra conflitos familiares, a disputa pelo poder e o embate entre visões diferentes do mundo. E em meio a tanta crueldade e sangue, ainda temos um romance laçado por segredos. Além é claro das lendas folclóricas que deixam a história sinistra e arrepiante. Morri de medo rs

"Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador."

Um livro diferente do que estou acostumada a ler, mas adorei me aventurar nessas páginas sombrias banhadas de sangue, tristeza e medo. Uma história forte e dolorosa, cheio de reviravoltas e com um final que me deixou extasiada. Sem contar na linda edição da editora Faro. Um livro belo e aterrorizante.
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