O escravo de capela

O escravo de capela Marcos DeBrito




Resenhas - O Escravo de Capela


131 encontrados | exibindo 91 a 106
1 | 2 | 3 | 4 | 7 | 8 | 9


Tânia (@ritmoliterario) 04/12/2018

Tenso e Cruel!
"Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."

O ano é de 1972, no Brasil Colônia, a Fazenda Capela produtora de cana-de-açúcar consegue seu sucesso graças a mão de obra escrava. Quem comanda a fazenda é Antônio Segundo, filho primogênito do grão senhor, e esse não mede esforços para manter os escravos na linha. Um homem sem escrúpulos e perverso. Em sua mão sofrimento é divertimento.

Os escravos que vivem ali já se conformaram com seu destino, e não ousam desacatar esse capataz, sobrevier é o mais importante. Até a chegada de um novo escravo, Sabola. Ele não aceita a forma no qual são tratados e planeja sua fuga. Só o que esse plano tão bem pensado é um fracasso, e o que era para ser um recomeço, se transforma em um pesadelo dele e de muitos.

Eu sempre tive medo de ler esse livro, só de olhar para a capa, sentia aquele arrepio. E confesso que não foi uma leitura fácil. A crueldade transborda dessas páginas. É tanto sofrimento, que dói, que revolta. Foi uma leitura chocante em muitos sentidos.

Foi a primeira vez que li sobre a época escravocrata, e a forma como o autor constrói a trama nos permite sentir o quanto essa realidade vivida foi massacrante. O derramamento de sangue é feito sem pesar. Não há solidariedade, não há respeito. Há somente interesses e covardia.

Mas o livro é muito mais que um retrato da escravidão. Temos uma trama bem construída que nos mostra conflitos familiares, a disputa pelo poder e o embate entre visões diferentes do mundo. E em meio a tanta crueldade e sangue, ainda temos um romance laçado por segredos. Além é claro das lendas folclóricas que deixam a história sinistra e arrepiante. Morri de medo rs

"Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador."

Um livro diferente do que estou acostumada a ler, mas adorei me aventurar nessas páginas sombrias banhadas de sangue, tristeza e medo. Uma história forte e dolorosa, cheio de reviravoltas e com um final que me deixou extasiada. Sem contar na linda edição da editora Faro. Um livro belo e aterrorizante.
comentários(0)comente



@bardoriano 26/12/2018

Super tenso
No Brasil Colonial, a Fazenda Capela prosperava graças aos escravos. Administrada por Antônio Batista, grão-senhor e Antônio segundo, o medo reinava em Capela. Só Inácio, filho caçula, que não apoiava a barbárie daquele lugar.

Sabola Citiwala é o mais novo escravo comprado, nada entendia da língua portuguesa e não conhecia as regras impostas pelo capataz. Quando as primeiras chibatadas rasgaram suas costas, ele entendeu.

Isso não foi motivo para baixar a cabeça, depois desse dia, sua sede de fugir só aumentou, não ia aceitar e viver essa vida, custe o que custar, ele iria fugir. Com a ajuda de Akili, escravo de cela, sente o cheiro da liberdade.

Mas a liberdade tem um cheiro pútrido, Sabola é só um peão para o plano infernal de Akili, pois um mal aterrorizante irá surgir e não descansará até que não sobre nenhum Cunha Vasconcelos, vivo.

OPINIÃO

Surpreendente! Fazia séculos que queria ler, expectativas altas, ainda bem que não decepcionou. Sempre sonhei em ler livro onde algum folclore brasileiro fosse contado, olha ele aqui.

Um dos mais conhecidos como você nunca viu, saindo do engraçado para o aterrorizante. Sua infância será destruída, a minha não, pois amei. Detalhe interessante, não só aborda o Saci, tem outra criatura também, a Mula sem Cabeça, não vejo muito a galera falar.

Sobre a parte real e feia do nosso pais, tem o que falar? Infelizmente foi uma realidade. Caralho, lendo a pessoa sente a dor deles. Muito triste o que passaram. Muito pesado essa parte, agonizante. Oh raça de merda viu.

Tudo bem criado e verossímil, enredo que prende, personagens reais. Algumas partes previsíveis, mas quando as coisas se ligam? Velho, você fica no chão, incrível. Segredos revelados vem para destruir. Ódio puro pelos Antônios, lixos mesmo.

E o terror? Ah, esse é de arrepiar e cagar qualquer um, genial. As descrições do Marcos e escrita (apesar de achar um pouco cansativa em momentos, diferente do outro que li) excelentes demais. Quando a realidade e o sobrenatural se juntam, salve-se quem puder.

Esse é um nacional de primeira sem dúvida, terror de boa qualidade. Super favoritado e indicado.

#resenhamaníaca
comentários(0)comente



Yasmim Braga 28/12/2018

LIVRÃO !!!!!!!!!!!! LEIAM
📖 Nossa história se passa no Brasil Colônia, na época escravocrata, onde acompanharemos o surgimento de uma das maiores lendas: o saci.
Vamos conhecer como é a vida na Fazenda Capela. Na Casa Grande vivem Antônio Batista (dono), Antônio Segundo (filho), Inácio (caçula) e destaque para Damiana e Conceição (escravas domésticas). Na Senzala, destaque para Sabola, um escravo novo que acaba de chegar à propriedade mas é diferente dos outros, não se conforma com seu destino, quer ser livre e pretende correr atrás disso; e Akili, um escravo que perdeu o movimento das pernas, mas quer ajudar o novato.
⠀⠀⠀⠀ 💬 JÁ COMEÇO DIZENDO QUE AMEI! Agora vamos aos comentários (sem spoiler): O que mais revoltou durante a leitura são as humilhações e as agressões, físicas ou verbais, que os escravos sofrem diariamente. Eu sei que era comum, e por isso mesmo que é triste, muito triste mesmo! A escrita do Marcos está maravilhosa, muito envolvente e fluída, quanto mais você lê, mais você quer! Fiquei impressionada com a descrição dos locais e das cenas, foi tudo muito bem ambientado, eu entrei de cabeça na história, o que me proporcionou ter diversos sentimentos durante a leitura como: carinho, ódio, nojo, revolta, alívio, pena, compaixão...é uma mistura de sensações, foi tudo muito intenso! Por isso amei tanto! Nunca pensei sentir tanto ódio por 1 personagem, mas nesse livro eu senti. ~ O clima que o autor criou para o livro foi de terror mesmo, bem assustador, ao ponto em que imaginei como seria se fosse um filme! (eu me assustaria pra caramba assistindo haha) Temos algumas reviravoltas com revelações que eu NÃO ESPERAVA! E já aviso: muitas mortes, sangue e violência explícita, então cuidado, se você tem o estômago fraco ou não está acostumado a ler esse tipo de coisa! Eu achei forte mas, já li histórias nesse estilo, então foi mais fácil "digerir". SUPER RECOMENDADO, especialmente para quem curte história de terror, lendas ou vinganças.
⠀⠀⠀⠀
.
"- Estou surpreso que esteja vivo durante todos esses anos. - Talvez ele tenha algo pelo que lutar."
⠀⠀⠀⠀

site: instagram.com/blogliterarte
comentários(0)comente



KpopBrasil 10/01/2019

"Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."
A história se passa em 1972, no Brasil Colônia, a Fazenda Capela era administrada pelo grão-senhor Antônio e seu filho primogênito Batista Segundo, homem que os escravos tinham muito medo, ele se divertia vendo os escravos sofrerem. Inácio era seu filho mais novo, ele tinha ido estudar medicina em Portugal, era o único da família Cunha Vasconcelos que não concordava com nada que o irmão e o pai faziam.

A fazenda comprou um novo escravo, Sabola Citiwala, ele não falava português e por causa disso, não entendia as ordens dos Senhores, até ser castigado pela primeira vez com as chibatadas do capataz Batista Segundo, que não tinha nenhuma piedade quando esse era o assunto.

"Você tenta se enganar que não é senhor desta terra porque não quer admitir que a sua mão também está manchada de sangue."

Na senzala tinha Akili, um senhor que tinha as pernas tortas e por isso não conseguia mais andar, as pernas dele foram quebradas em pedacinhos pelo capataz quando ele foi castigado. Ele contou a Sabola que tinha tentado fugir uma vez, Sabola sem pensar duas vezes, queria fugir também o mais rápido possível, e Akili iria ajudá-lo. Mas Sabola não sabia que tudo aquilo fazia parte de um plano que Akili vem pensando a muitos anos, e que muitas pessoas iriam morrer.

"E não será marca de chicote nas costas que vai me impedir de tentar fugir sempre que eu tiver uma chance!"

No meio de tanto sofrimento, humilhações e chibatadas, um amor verdadeiro consegue surgir. Damiana, mucama dos senhores Cunha Vasconcelos, se apaixonou perdidamente e isso acendeu uma esperança dentro dela que algum dia ela será livre, que poderá conhecer novos lugares e andar pelas ruas sem nenhum receio. Mas um segredo e algo terrível faz com que isso não aconteça.

Que livro incrível, é a primeira vez que leio um livro que se passa na escravidão, foi uma das melhores e ao mesmo tempo mais dolorida experiência. A narrativa do autor te prende do início ao fim, a história vai melhorando a cada capítulo e você vai ficando ansioso para saber como ela termina. A parte mais dolorosa é que a cada chibatada você consegue sentir a dor daquelas pessoas, e o mais triste é saber que tudo isso foi real, e que muitas pessoas sofreram, e ainda sofrem, por causa da cor da pele. Esse é aquele tipo de livro que todos tem que ler algum dia.

"Devo ser como pássaro engaiolado. Desses que nunca voaram."

site: http://poeliterar.blogspot.com
comentários(0)comente



Clauclau/Eu leio sim e daí 23/01/2019

O Escravo de Capela
Esse é o seu terceiro livro do cineasta e autor Marcos DeBrito que nos brinda com uma das lendas mais conhecidas do nosso folclore o “Saci-Pererê, mas não se engane, nas folhas desse livro não iremos encontrar aquele garoto que fumava cachimbo, pregava peças, dando sustos e fazendo traquinagens de menino pelos cantos. Aqui ele é apresentado antes como um jovem escravizado e depois como um escravo-cadáver que tem o ódio e a vingança como combustível e ao invés de um cachimbo inofensivo ele traz consigo um facão. Também seremos apresentados a uma versão diferente de que conhecemos da “mula-sem-cabeça” que também nada se parece com aquela que nos foi contada, aqui ela surge diferente e totalmente tenebrosa. Essa é uma estória para gente grande.

O enredo retrata o final do século XVIII, uma das épocas mais cruéis e sangrentas da história que impunha para homens antes livres em seu país, agora no Brasil em situação de escravidão, tendo sido tirados de suas raízes e colocando-os em total subserviência da elite branca da época.

O ano é 1792, Fazenda de Capela, que tem uma grande lavoura de açúcar, seu dono é o senhor Antonio Bastista da Cunha Vasconcelos e seus dois filhos: o mais velho Antonio Segundo, que era o capataz cruel e impiedoso que tinha como prazer castigar cruelmente os escravos e Inácio, que muito cedo foi estudar na Europa e retorna depois de formado em medicina para o ceio familiar, apesar de não compactuar com as atrocidades que tanto o pai como o irmão faziam com os pobres e infelizes escravos não tinha força para lutar contra o que acontecia ali.

Para ler na íntegra é só ir no blog ou na fanpage.

É isso, beijos e tchau!



site: www.euleiosimedai.com.br
comentários(0)comente



Igor.Paiva 23/02/2019

Sombrio
A história se passa no ano de 1792, onde o Brasil ainda vivia os flagelos da escravidão, no auge da era colonial no Brasil. Na fazenda Capela, não era diferente de outras fazendas, haviam os escravos que trabalharam no canavial e sofriam penalidades caso desrespeitassem seus senhores. E isso aconteceu com o escravo o recém-chegado Sabola que ainda não dominava a nossa língua e sofreu comas chibatas. Preso na senzala ele conhece Aquile, um senhor já de idade que no passado sofreu muito e por revolta de seus superiores teve suas pernas debilitadas, e ele não conseguia mais andar.

Após sofrer punições por desrespeitar Antônio (O demônio em pessoa) que era capaz e filho do grão-senhor, algo terrível acontece com Sabola, que numa noite de festa, resolve fugir. (Não vou dizer acontece né haha) Mas, envolve com uma lenda muito conhecida aqui no Brasil, na verdade duas lendas. Com maestria, Marcos introduz a lenda a história de forma sangrenta, violenta e macabra. DeBrito sendo DeBrito. E partir daqui nasce duas das lendas mais famosas aqui no Brasil.

Além de toda essa história, há os segredos obscuros que muito tempo foram enterrados nas redondezas e que agora, que vão sendo desenterrados e surgindo à tona.

Segredos estes que podem mudar a vida de todos os personagens de forma drástica Vingança, inveja, torturas e muito horror. Palavras que definem esse romance de Marcos DeBrito. Meu primeiro contato com o autor foi com o livro A CASA DOS PESADELOS e jamais pensei que o cara fosse tão foda, quanto ele é! A escrita do Marcos é visceral, te pega de surpresa pela elegância ao mesmo tempo em que te prende numa narrativa super fluída.

site: https://www.instagram.com/spooky__books/
comentários(0)comente



Amanda @litera.pura 01/03/2019

"As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça."
Na Fazenda Capela, eram poucos os escravos que se atreviam a cometer qualquer deslize. Antônio, o herdeiro da propriedade, era conhecido por sua perversidade e pelo contentamento que sentia na hora de aplicar as mais desumanas punições.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Quando Sabola Citiwala chega à fazenda, sua recusa em aceitar a submissão imposta pelos feitores faz com que logo seja conhecido como um escravo problemático, mas as chicotadas que recebe só servem para aumentar seu ódio e sua vontade de se libertar. Akili, um companheiro de senzala, vê no jovem Sabola a oportunidade de levar a cabo um plano antigo e se dispõe a ajudá-lo a fugir.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Quando a tentativa de fuga dá errado, todos os escravos assistem o triste fim de Sabola: além da pele rasgada pelas chibatadas, sua perna também fora arrancada de forma lenta e seus últimos suspiros foram dificultados pelo saco que lhe colocaram na cabeça para abafar os gritos. Tudo que restou foi um corpo negro deformado, mutilado e enterrado sem nenhuma cerimônia.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Mas a morte do escravo não é o fim. De alguma forma, Sabola volta obstinado a devolver toda a dor que lhe causaram. O cadáver ensanguentado e putrefato, com uma perna só e a roupa vermelha de sangue, agora ronda pela Fazenda Capela, espalhando medo e repugnância. Se antes os gritos vinham apenas dos escravos, agora virão de outras bocas. Você nunca mais verá o Saci da mesma forma.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Já fazia teempo que eu queria ler esse livro e valeu toda a espera! O terror não vem apenas do morto que levanta de sua sepultura, vem também dos horrores sofridos pelos escravos diariamente. São castigos, exploração sexual e humilhações que nos fazem sentir um gosto amargo na boca. A violência e os cenários nos são expostos de forma detalhada e, de repente, estamos ali, no meio do canavial ou entre as paredes da casa grande, temendo pela vida enquanto uma criatura abominável está nos observando. Eu quero um filme desse livro!

site: https://www.instagram.com/litera.pura/
comentários(0)comente



Silvana 11/05/2019

Em O Escravo de Capela vamos conhecer a dura realidade em que viviam os escravos na Fazenda Capela no ano de 1792. A fazenda de cana de açúcar pertence a família Cunha Vasconcelos, que é formada por Antônio Batista da Cunha Vasconcelos, que cuida da fazenda com mãos de ferro, pelo primogênito Antônio Batista Segundo, feitor da fazenda que é a crueldade em pessoa e pelo filho mais novo Inácio, que foi estudar fora e se formou médico e não concorda com o trabalho escravo e vive batendo de frente como irmão, que tem prazer em ver o sangue dos negros sendo derramado. E como todos já conhecem o patrão, tratam de se matar na lavoura para não ter as costas açoitadas por qualquer motivo, nem ter que passar a noite pendurado de cabeça para baixo, com os punhos atados e o corpo nu anavalhado cheio de sal e mel, para serem banquetes para os insetos noturnos. Porque são poucos os escravos que sobrevivem a isso.

Mas Sabola Citiwala, um negro que acaba de chegar em Capela, não conhece a impiedade do feitor e por ainda não conhecer a língua portuguesa e nem as regras da Fazenda, acaba irritando Antônio ao entoar uma canção em sua língua enquanto trabalha. Sabola é duramente castigado e fica tomado pelo ódio contra Antônio e jura que vai fugir daquele lugar. E sua determinação encontra Akili Akinsanya, um escravo que teve sua chance de fuga há quatorze anos, mas foi pego e teve suas pernas esmigalhadas por Antônio e desde então nunca mais saiu de dentro da senzala. Akili sabe como abrir as fechaduras das correntes e assim Sabola coloca seu plano de fuga em prática no dia do aniversário de sessenta anos de Antônio Batista.

Sabola rouba uma mula para fugir mais rápido, porém é descoberto, a mula é decapitada e Sabola é castigado até a morte. Antônio Segundo não se contenta em apenas matar o escravo fujão, ele corta a pena de Sabola até arrancar o membro do corpo, enquanto seu homem de confiança sufoca Sabola com um saco de pano. Tudo isso na frente dos convidados da festa e dos outros escravos. O corpo é enterrado sem a perna, que é pendurada na porta da fazenda. E os Cunha Vasconcelos pensam ter resolvido o problema, mas então na noite seguinte os peões tem uma noite de arrepiar quando juram terem visto o morto andando e junto com ele uma mula sem cabeça. Ninguém acredita neles, até porque eles estavam bêbados. Mas noite após noite as coisas só pioram e tanto a família Cunha Vasconcelos como seus peões, irão sentir na pele todo o horror que já fizeram os escravos passarem.

"O defunto do escravo estava de pé sob a ombreira e, como a mula, também ostentava um físico mais agressivo. Antes baixo e malnutrido, o negro agora era corpulento e ameaçador, como uma criatura que acabara de abandonar os tormentos do inferno."

Antes de mais nada quero falar dessa edição. Acho que vocês estão cheios de me ver elogiar os livros da Faro por aqui, mas fazer o que quando a edição te deixa de boca aberta? Desde a capa, a contra guarda, a folha de rosto, a diagramação, o miolo, tudo está um arraso, e remete tanto a história que é só a gente bater o olho e já volta tudo o que senti lendo o livro. Desde que lançou ele lá em 2017, eu fiquei bastante curiosa com a história, já que sou fã de livros de terror, mas acho bem difícil encontrar um do gênero que realmente dê medo. E eu consegui isso nesse livro. E além do terror, também temos muito horror saindo das páginas, já que a história se passa em um período vergonhoso de nossa história.

O livro é uma espécie de releitura que conta com dois personagens do folclore brasileiro, o saci e a mula-sem-cabeça. Eu amei isso, porque não lembro de ter lido nenhum livro com esses personagens, fora aqueles livros infantis que lemos na escola. Gostaria muito que nossos autores nacionais valorizassem mais nossa cultura e usassem essa imensidão de histórias que temos, mas infelizmente isso não acontece. Por isso o autor já começou me ganhando nessa parte. E foi de arrepiar a forma como ele usou dessas figuras para dar o tom da história. Eu estava lendo o livro a noite e confesso que parei e deixei para ler durante o dia porque comecei a lembrar das histórias que meu pai contava e das vezes em que ele jurou que era tudo verdade, das criaturas que ele disse ter encontrado na época em que morava em uma fazenda e me borrei de medo.

Esse foi outro ponto positivo para o autor, que prometeu terror e cumpriu. E para quem não conhece ele ainda, eu não conhecia, o Marcos é cineasta e acho que por isso eu "assisti" a história enquanto lia. Os cenários e as cenas são descritas de uma maneira que transportam a gente para dentro da história e é como se estivéssemos lá enquanto tudo acontece e eu até chegava a ouvir os assobios do saci. #medo. E outra coisa que o autor soube fazer muito bem foi mesclar tudo isso com cenas históricas e cruéis da escravidão. Por isso que falei sobre o horror, porque é de ficar arrepiada que tamanha crueldade tenha acontecido no nosso país. A gente até sabe o que aconteceu, mas lendo uma história como O Escravo de Capela, parece que a coisa toda se torna mais real, mais dolorosa. E o pior é saber que o racismo ainda não acabou até hoje.

Quanto aos personagens, Antônio pai e filho, são dois escrotos para não dizer algo feio. Nem sei quem era o pior, o filho que fazia ou o pai que permitia e até incentivava as agressões. Nem quero falar deles porque infelizmente esse era o retrato dos senhores das fazendas da época. Inácio até que tentava fazer alguma coisa, mas tentava daquele jeito de Pilatos, só para aplacar sua consciência, não porque queria realmente mudar alguma coisa. E porque queria impressionar Damiana, uma mucama da fazenda. E se tiver algo de negativo para falar do livro, seria o romance entre eles. Achei fora de propósito olhando por um angulo, mas se olhar por outro, ele foi fundamental para o desenvolvimento da história e para o ápice do livro.

E falando nisso, o final foi de tirar o chapéu para o autor, porque quando você pensa que terminou, lá vem ele com um desfecho nada provável, e fiquei de cara com as explicações no final. Fechou a história com chave de ouro. Eu poderia falar mais sobre os outros personagens, mas acho interessante cada um ir tirando suas conclusões enquanto vai lendo. Foi o que eu fiz e por isso fui muito surpreendida no final. Por isso é um livro que recomendo sem sombra de dúvida. Se você é fá de terror, precisa ler esse livro. Ele realmente entrega o que promete e entrega de uma forma genial, que me fez querer sair correndo ler outros livros do autor. E é o que farei.

site: http://blogprefacio.blogspot.com/2019/05/resenha-o-escravo-de-capela-marcos.html
comentários(0)comente



@injoyce_ 13/06/2019

O Escravo de Capela
livro se passa na época escravocrata do Brasil colônia e trará 2 personagens do folclore brasileiro de forma bastante assustadora.
Depois que eu concluí o escravo de capela, não consigo mais ver esses 2 personagens do folclore com outros olhos, pode ter certeza que acabou com minha infância, porém o modo como Debrito relata o caso da lenda, é bem mais significativo que as besteiradas que assistimos/lemos na infância.
Se você está procurando um livro sanguinolento e violento, o escravo de capela é o livro ideal.
Eu não consigo mais ver as duas lendas com outros olhos. Cruel e perturbador.
E o Debrito trás de forma crua, como era a era escrava antigamente, e vem aquela pergunta.
Quem é o verdadeiro monstro?
comentários(0)comente



Valéria Machado 10/07/2019

Chocada!!!!!
🔪❌ Genteeeee que livro, QUE LIVRO!
O protagonista aqui, é o Sabola Citiwala, do Congo, e foi comprado como escravo para trabalhar na lavoura da grande fazenda Capela.
Os Cunha Vasconselos são comerciantes de açúcar, e para tal precisam de trabalhadores, no caso os escravos, o autor deixa muito claro, como era o trabalho debaixo de um sol escaldante.
O livro é encantadoramente assustador, cheio de emoções, medos, romance.
A história é conduzida com muita certeza sobre os fatos e muita clareza, todos os momentos de tortura foram escritos tão bem que parecia que eu estava lá.
Todo o drama acontece em volta de vingança, e momentos mal resolvidos do passado, fazendo com que tenha muito ódio e remorsos envolta dessa história.
Durante a leitura me senti triste, não pelo livro em si, mas por lembrar de tantas coisas que meus e nossos antepassados sofreram, com alimentação ruim, maus tratos, nenhuma higiene e tantos açoites para enriquecer homens orgulhosos. Estou cheia de elogios quanto a esse livro e a escrita maravilhosa, e uma diagramação incrível, o autor soube usar muito bem do folclore nacional!
comentários(0)comente



Gárgula 29/11/2019

O Escravo de Capela, de Marcos DeBrito
A indicação do livro, O escravo de Capela, de Marcos DeBrito, e publicado pela Faro Editorial, veio de uma das vendedoras do estande da própria editora, durante a Bienal do Livro de 2019. Quando ela comentou que o argumento utilizava folclore nacional, na figura do saci, fiquei bastante interessado. E agora percebo como foi acertada minha decisão.

O livro ambienta um Brasil Colônia violento, escravagista, racista e muito duro. A vida dos escravos é um fardo pesado, muito bem descrito na obra, deixando o leitor com as tripas torcidas de tanta maldade na forma como eles são tratados. Neste momento O horror já se apresenta em sua pior faceta – a real.

Porém o autor DeBrito, também, nos apresenta o lado supersticioso da vida do interior. A cruel realidade e a mística superstição se entrelaçam criando a atmosfera perfeita para o surgimento da lenda. O folclore aqui não surge das histórias de uma bondosa avó, mas sim da crueldade dos homens em suas vidas violentas e terríveis.

A tensão do horror do dia a dia se ameniza com um pouco romance, o que faz o leitor respirar para as cenas de crueldade. Contudo é melhor não se iludir, pois tudo nesse livro está primorosamente conectado. Nada é ao acaso. O autor cria uma história verdadeiramente brasileira com todos os seus temperos familiares e suas relações sociais intrincadas e bastante peculiares. No microcosmo da Fazenda Capela, temos um retrato velho, sujo, sangrento e fiel do surgimento da sociedade brasileira.

O Escravo de Capela é um daqueles livros que merece virar um filme. Ele tem elementos históricos importantes e os retrata fielmente, tenha você estômago ou não para digerir. A inocência da superstição interiorana é construída página a página e a utilização do folclore, mesmo que fazendo uma releitura de alguns mitos, é perfeita, terrível e incrível.

Com um final surpreendente, vemos o fechamento magistral de uma história onde o monstro é apenas o ponto de reflexão sobre a alma humana. O autor nos mostra alguns heróis muitas vezes esquecidos e relegados a um destino que a maioria dos livros não dá protagonismo.

Acabei de ler esse livro na noite da sexta-feira 13 de setembro de 2019 e não poderia coroar melhor um dia supersticioso e temático como esse, com uma história assustadora como essa.

Marcos DeBrito te convidou para conhecer a Fazenda Capela. Resta saber se você terá coragem de visitar aquele lugar maldito.

Essa resenha foi publicada no blog Canto do Gárgula no dia 28/11/2019

site: https://cantodogargula.com.br/2019/11/28/o-escravo-de-capela-de-marcos-debrito/
comentários(0)comente



Patricia Peres 21/03/2020

Ótima leitura!
Definitivamente recomendo a leitura deste livro. Enredo intrigante e impactante!
comentários(0)comente



Giovanna.paginasda 25/05/2021

Um dos meus nacionais prediletos
O que falar da maravilha que é esse livro?
Desde criança aprendemos sobre o saci-pererê, mas nunca sabemos como ele se tornou o Saci, afinal ele é um jovem negro, da época da escravatura e sem uma perna. Algo de ruim deve ter acontecido para ele se tornar a lenda que é.

Longe da fofura que conhecemos no Sitio do Pica Pau Amarelo, esse livro traz um Saci mais grotesco, e malvado (se bem que matar racista não é considerado malvado). É tenso ler o livro algumas vezes, por conta das descrições de como os negros eram tratados e eu em horas sentia até uma tristeza de saber que aquele tipo de coisa acontecia realmente no nosso.

Esse livro com certeza se tornou um dos meus nacionais preferidos!
comentários(0)comente



131 encontrados | exibindo 91 a 106
1 | 2 | 3 | 4 | 7 | 8 | 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR