NightPhoenixBooks 26/10/2016[Resenha] ExorcismoSe você gosta de terror é bem provável que você tenha ouvido falar ou tenha assistido o filme “O Exorcista” de 1973. Esse filme vai contar a história de uma menina de 12 anos chamada Regan que, basicamente, ignorou todas as chamadas do senhor senso lógico de sobrevivência e brincava com adivinhem o que? Sim uma porra de tabuleiro Ouija. Olha sério, fica difícil defender alguém que “brinca” com essa desgraça em forma de madeira...
Enfim... O capeta possui Regan – que surpresa – e onde antes havia uma menina dócil, amável, calma e feliz surge uma coisa agressiva, mentirosa, com força sobre humana, resumindo: com uma personalidade completamente diferente da doce menina.
Claro que depois de um bom tempo vivenciando eventos sobrenaturais relacionados com a sua filha, a querida mãe de Regan, Chris, toma as devidas medidas e finalmente é realizado um exorcismo, por padres católicos, que expulsa o capiroto do corpo de Regan, não antes de uma morte ou outra, algumas cabeças serem viradas e um belo banho revigorante de vômito.
Esse filme foi baseado no romance escrito por William Peter Blatty em 1971, muitas pessoas devem ter se perguntado na época de onde surgiu a ideia para um filme tão deturpado. Você se sentiria melhor se soubesse que a ideia veio de um caso real?
Poucas pessoas sabem que tanto o romance quanto o adaptação cinematográfica foram baseadas em um caso real em que Regan, na verdade, é um garoto de 14 anos chamado Robert Mannhein (nome fictício).
Eu tinha expectativas altíssimas para esse livro e adivinhem só? Me decepcionei bastante (quem me conhece sabe da minha saga de leitura que durou tanto quanto o tempo que Robbie ficou “possuído”). Primeiro, eu esperava algo que fosse me dar medo, imaginem só: “O relato do caso real que inspirou o romance de William Peter Blatty”.
“O sacerdós Christi, tu scis esse diabólum. Cur me derógas? [...]Ó padre de Cristo, você sabe que eu sou o diabo. Por que continua me incomodando?” (página 37)
Na verdade o livro se trata de uma narração jornalística contanto os fatos que acometeram a família Mannheinn em janeiro de 1949. Até certo ponto o romance e o “caso real” andam lado à lado: Robbie tinha uma tia da qual era muito próximo, e essa querida tia gostava de brincar com forças ocultas, usando um tabuleiro Ouija. Após a sua morte, Robbie fica desolado e tenta fazer contato com a tia utilizando o bendito tabuleiro Ouija, até que ele começa a ouvir estranhos barulhos e uma coisa liga a outra: Robbie está possuído.
Porém os relatos de possessão de Robbie não eram o que eu esperava, ele vivia uma vida sem “normal” durante o dia e a noite era assombrado pela entidade presente em seu corpo. O demônio fazia com que objetos voassem, aparecessem marcas estranhas no corpo de Robbie e faziam com que ele tivesse uma munição infinita de saliva e urina, da qual usava e abusava nas pessoas ao seu redor...
As ações realizadas pelo demônio não tinham credibilidade – não que eu seja uma exímia expert em demônios, porém tenho uma certa bagagem – e não levavam a lugar nenhum, quem em sã coincidência obedece um demônio que está habitando o corpo do seu único filho, quando ele diz para que você mude de cidade? Sendo que nessa cidade os pais de Robbie encontram a ajuda de padres que começam a realizar os exorcismos.
“A covardia não é apenas uma questão de medo ignóbil, ela encolhe a alma. E essa não é a conduta de um jesuíta.” (página 55)
Ao decorrer dos 14 capítulos que compõem o livro a mesma narrativa se repete todas as noites: Robbie passa um dia normal e feliz, chega a hora de dormir, tudo parece normal até que começam as manifestações, os padres intervem rezando e realizando os rituais de exorcismo até o dia raiar, ou até que Robbie durma um sono natural. No dia seguinte tudo se repete novamente.
O livro apresenta o diário de um dos padres presentes ao decorrer de todo esse processo, e que na minha opinião é muito mais informativo e direto do que todo o livro, a impressão que fica é que o autor não sabia o que escrever então resolveu transcrever o diário e utilizar do bom e velho: encher linguiça. A grande maioria dos fatos “extras” que o autor apresenta poderiam ter sido ignorados pois são desinteressantes, confusos e irrelevantes à narrativa. Se o livro tivesse sido elaborado contendo apenas o diário do padre e comentários do autor, teríamos em mãos uma obra muito mais interessante, direta e dinâmica.
“Um exorcista tem que tocar o mal, respirá-lo, se concentrar nele.” (página 83)
O que eu senti no final da leitura desse livro foi que eu poderia ter pulado 13 capítulos e simplesmente ter lido o diário do padre Bishop e depois o 14º capítulo, no qual o autor explica como o diário foi encontrado, o que me rendeu uns bons arrepios.
Em diversos capítulos existem orações, que são colocadas em latim para depois em seguida serem traduzidas e isso não acontece apenas uma vez, confesso que chegou um dado momento que o livro estava tão maçante que eu simplesmente pulava todas as orações e descrições irrelevantes.
De um modo geral acho que eu talvez não tenha sido bem o público alvo para esse livro, me entendam: não é que eu não goste de textos jornalísticos, afinal de contas eu estou acostumada a ler artigos científicos (tem como ficar mais descritivo que isso?). Porém a narrativa não me prendeu em nenhum momento, pelo contrário eu não via a hora de acabar. Essa não foi uma leitura abandonada pela simples expectativa que uma hora as coisas iriam melhorar, o que não aconteceu...
“Pela primeira vez, o jesuíta sentiu desespero, o mais terrível dos pecados, pois ele drenava a esperança da alma.” (página 109)
Infelizmente as únicas emoções que esse livro me rendeu foram: tédio e a sensação de uma leitura obrigatória de escola.
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