Delirium Nerd 27/07/2017
Robô Selvagem: Literatura infanto-juvenil para qualquer idade
O novo livro de Peter Brown suporta uma camada de elogios e adjetivos para o descrever. Robô Selvagem foi lançado aqui no Brasil pela Editora Intrínseca e já cativou o coração de muitas leitoras. Peter é conhecido por escrever livros voltados para a literatura infanto-juvenil, um segmento literário que é repleto de magia, romance, aventuras e mais um monte de coisas. Mas, assim como “O Mágico de Oz” e “Harry Potter”,conseguiram um público abrangente, não só crianças e adolescentes/jovens, Robô Selvagem também consegue ser um livro que pode ser lido por todas as idades.
Robôs podem ter sentimentos?
Antes de começarmos a falar sobre o livro, vamos pensar sobre um antigo dilema que sempre vem à tona ao falarmos de robôs: eles podem ter sentimentos? Ou somente possuem uma programação para agir semelhante aos humanos? Escritores como Isaac Asimov ou a própria literatura cyberpunk, costumam abordar questões ligadas à inteligência artificial mixadas com questionamentos humanos.
A ficção científica é constantemente relacionada com perguntas pessoais do ser humano, seja até onde podemos avançar tecnologicamente ou mesmo até que ponto conseguimos exercer a empatia pela nossa espécie e pelas outras existentes.
Asimov é considerado “o pai dos robôs”, por ter nascido em 1920 e ter tido um pensamento à frente de sua época, chegando até mesmo a “prever” ganhos tecnológicos. O escritor foi um dos primeiros e mais relevantes autores a falar sobre robótica, chegando ao ponto de formular as três leis da robótica, que são responsáveis por estabelecer um convívio pacífico entre humanos e robôs.
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por ócio, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, excetos nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.
É importante falarmos de Isaac Asimov, pois a maioria de livros, filmes e jogos que envolvam a temática robótica, possuem uma carga de forte influência do pai dos robôs. E no livro Robô Selvagem, não é diferente, Peter Brown se inspirou na fonte asimoviana.
Robô Selvagem
Roz é uma robô que não estamos acostumadas a encontrar na cultura pop. Frequentemente as obras de ficção científica nos apresentam robôs, androides e ciborgues femininas que são fabricadas e desenhadas para o gênero masculino, como a Pris de Blade Runner ou Eva, de Ex Machina. O gênero feminino quando é representado nessas obras, consegue focar (na maioria das vezes) no prazer masculino. Ou seja, seres robóticos que possuem características femininas, mas que são modelados para agradar aos homens.
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O livro acerta ao mostrar com todas as letras que existem diferentes tipos de famílias e configurações familiares. Bico-Vivo, filho de Roz, possuía sua mãe robô como família. Durante a narrativa, observamos a luta que Roz e Bico-Vivo tiveram para serem reconhecidos por outros animais como uma família. Fazendo uma comparação com adoção de menores por pessoas LGBT’s, que também sofrem diariamente pelo reconhecimento de serem uma família, percebemos que o maior laço existente dentro de uma família, é o afeto.
Robô Selvagem é um livro repleto de referências à cultura popular, um livro que consegue nos fazer chorar e nos apaixonarmos ainda mais por essa fascinante dúvida em relação aos robôs, se possuem sentimentos ou se todas as suas ações são meramente computadorizadas. Vale dizer que o livro é o marco de encontro entre tecnologia e natureza, mostrando até que ponto pode haver a cooperação entre estas.
Durante a leitura conseguimos visualizar novamente as grandes perguntas existenciais quando nos deparamos com a inteligência artificial, mas também, mergulhar no universo mágico que Peter Brown nos apresenta. Mas acima de tudo, Robô Selvagem foi escrito para qualquer idade e para qualquer pessoa. Seja quem se interessa por literatura robótica ou quem é fã de “O Naufrago”, quem assistiu “Wall-E” e chorou, ou simplesmente quem ama ler livros, vai se emocionar com a história de Roz e suas aventuras.
Leia na íntegra:
site: http://deliriumnerd.com/2017/07/24/robo-selvagem-resenha/