Pedro Guimarães 10/12/2021
Tudo é fácil na vida virtual mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade
''O nosso é um tempo de cadeados, cercas arame farpado, ronda dos bairros e vigilantes; e também de jornalistas de tabloide ''investigativos'' que pescam conspirações para povoar de fantasmas o espaço público funestamente vazio de atores, conspirações suficientemente ferozes para liberar boa parte dos medos e ódios reprimidos em nome de novas causas plausíveis para o ''pânico moral''.
Um trecho da presente obra descrita por Bauman e a modernidade liquida majoritariamente caracterizada na exemplificação contemporânea e dada as circunstâncias atuais infelizmente torna a utopia numa realidade desigual . Assim, Bauman foi citado como pessimista por alguns sociólogos no passado e apesar da discordância não posso deixar de destacar sua forma realista, objetiva e sensata ao ensinar ,escrever e chamar atenção para fatos emergentes e necessários como todo bom sociólogo busca assegurar e resguardar mas que lamentavelmente não são
precavidos .E por isso não me admira seu afastamento durante sua residência na Polônia enquanto buscava ler e se informar a respeito de artigos e livros proibidos para época antes de mudar para Inglaterra e virar professor da faculdade de Leeds.
Ora, nossa sociedade é amplamente caracterizada por um processo de individualização e egocentrismo além de uma fragilidade de relacionamentos afetivos e sexuais. De modo que essa realidade não marca a totalidade de nossa satisfação apesar de atingir certa emancipação diante de gerações anteriores - somos livres para agir conforme nossos desejos.
E nesse condão, Bauman também pormenoriza exemplos que ao meu ver são essenciais para depreender alguns entendimentos que giram em torno de seus conceitos e princípios. A titulo de exemplificação: a menção ao próprio Bill Gates, a volatilidade social, a econômica mundial , a fragmentariedade da globalização e seu próprio exemplo enquanto estava sentado no aeroporto com sua esposa e acabou observando uma pessoa que mal tirava os olhos do celular.
Essas observações contextualizam o leitor muitas vezes diante de alguns segmentos mais aprofundados pré-constituídos.
Além disso, chega ser inacreditável, até certo ponto, como vivemos numa crise de atenção em massa e consequentemente sofremos os efeitos dessa natureza que acabam nos impactando negativamente e implicitamente no dia a dia. De maneira que não percebemos, não constatamos ou simplesmente não damos importância. É o que o Zygmunt chama de ponto negativo da modernidade liquida chegando próximo da alienação ,desumanidade ou narcisismo. Logo, algo desapercebido torna-se um laço de solidariedade corrosivo.
Pretendo reler esse livro mais adiante.