Arthur 26/03/2018Mate o próximo: um mergulho vertiginoso em uma trama densa, perturbadora e engenhosamente construídaSabe aquele tipo de livro que já te conquista na primeira página? "Mate o próximo" é assim: já na primeira cena, nos deparamos com tudo anunciado na sinopse acontecendo e vamos tomando ciência de como as coisas se encaminharam até aquele ponto à medida que a trama se desenvolve e aprofunda, o que a torna bem mais instigante. Diferente de boa parte das narrativas, que costumam apresentar uma preambulação (muitas vezes, deveras extensa) até chegarmos ao seu cerne, "Mate o próximo" já se inicia com a exposição do conflito narrativo, que vai se adensando e tomando novas formas diante dos nossos olhos, sem delongas, ao ponto de percebermos, em seu desfecho, que não imaginávamos a real história que estávamos acompanhando.
O livro começa com Ted Mckay em seu escritório apontando uma arma para a própria cabeça. Justamente quando está prestes a apertar o gatilho e efetuar o suicídio muito bem planejado, Ted é interrompido por alguém insistente, que, a princípio, não para de tocar a campainha, depois passa a bater na porta e, por fim, chama o protagonista pelo nome, dizendo que sabe o que ele está prestes a fazer. Enquanto decide o que fazer, Mckay vê um bilhete sobre a mesa do escritório, do qual não se recorda, escrito com sua própria letra no qual estão as seguintes palavras: "Abra a porta. É sua última saída.". Ele, então, decide abrir a porta e ouvir o que o estranho tem a lhe dizer, sem imaginar que irá se enveredar por caminhos intrincados e perturbadores.
"Mate o próximo" é um livro ágil, complexo e engenhosamente escrito. Federico Axat conduz o leitor por uma história que constantemente se desdobra e reconfigura, estarrecendo até as mentes mais sagazes. Sem deixar pontas soltas e por meio de uma escrita fluida e potente, o autor desenvolve um enredo instigante, inteligente e viciante. O virar das páginas se torna tão frenético em busca do esclarecimento da trama que a leitura do livro se faz em pouquíssimo tempo (pois a história fica se revolvendo em sua cabeça enquanto você não volta a ela – e mesmo após conclui-la, pois é tão densa que sua mente torna a digeri-la muito após a leitura da última página).