Michelly 02/11/2022Uma experiência visual da estética do tempo e do silêncioAssim como a proposta de Chabouté, aqui não exige muitas palavras: O silêncio e a passagem do tempo compõe a experiência estética do leitor. Estruturado de muitas imagens e poucas falas, cujo centro da narrativa é a vida de um único personagem, com suas particularidades, solitário em seu domínio espacial. Sua vida está restrita a pouquíssimas formas de interação, muitas vezes às voltas com objetos cotidianos ? atenção máxima a pequenas sutilezas cotidianas, de pequenos objetos que resumem a rotina do personagem, representado por Chabouté de maneira brilhante. Em companhia de um único livro, um dicionário, este é responsável por movimentar o imaginário do "Solitário".
O momento mais marcante da narrativa encontra-se no momento de visualizar determinadas palavras no dicionário, e compor um quadro imaginativo através delas. Exemplo é a palavra "labirinto", momento este que o personagem se apercebe dentro de uma prisão, já que, diferente do sentido original que carrega a palavra labirinto, não existe saída. Isto responde ao sintoma maior de sua prisão. A identificação de estar preso, só, isolado, dá forma ao título e cumpre o que promete.
O que acho é que a sensibilidade e genialidade de Chabouté está em elaborar a vida de tantos solitários e apresentar a imaginação como meio para uma vida ainda a ser vivida, identificada.
O final é lindo.