Clube do Farol 12/10/2022
Resenha por Elis Finco @efinco
Olá, pessoa! Continuando a falar sobre minhas leituras de Drummond, trago a você hoje um dos livros que me fez ter uma experiência completamente diferente de muitas outras. E é sobre ela e, claro, sobre a leitura que comento agora.
Ler este livro é como reencontrar um velho amigo, não porque antes eu tenha lido um livro de Drummond, mas porque Drummond foi apresentado primeiro na voz de Paulo Autran. Autran que tão belamente declarava essas e outras poesias e me fazia sonhar que quem declama não as descreve, mas toma para si e faz delas — as poesias — suas. E assim, penso eu, também seja com que as lê.
Confesso que fui ao YouTube me reencontrar com Autran, com Drummond, e aconselho a você que faça o mesmo, que se encontre ou se reencontre. E caso seja a primeira vez, te garanto que será inesquecível, mas será a primeira de muitas, com certeza. "Carlos Drummond escreveu uma das coisas que mais me envaidece na minha carreira. Ele escreveu: Para o Paulo Autran, que transformou em arte todos esses meus modestos trabalhos. Pode até ter sido ironia dele, mas não era. Ele era muito sincero, uma pessoa extraordinária."*
Essa antologia guarda memórias da escola nos livros de português, da coluna do rádio, dos pequenos e dos grandes poemas, daqueles mais conhecidos e que se recita sem saber que são de Drummond e ainda assim são inesquecíveis. Afinal, NO MEIO DO CAMINHO, QUADRINHA e POEMA DE SETE FACES, de qual vida não faz parte? Eu digo de todas, desde que tenha estudado e vivido no Brasil.
E lendo Drummond se visita Minas Gerais, se viaja com outros olhos, se vê as cidades através da poesia até se chegar ao Rio de Janeiro e sonha, junto a ele, em conhecer a Bahia. E nesta antologia não pude deixar de notar que os azuis e as pernas tanto se fizeram presentes, que deve ter impressionado a quem de ótimo gosto escolheu a cor da capa. Foi assim, de conto em conto, que me apaixonei por Drummond, o mesmo que foi apresentado por Autran e tão amigo de outro Andrade, o Mário. Que ao fim da leitura, garanto que passou a ser também um pouco meu.
Espero ter conseguido passar um pouco das emoções e das surpresas que fui tendo ao ler contos tão conhecidos e que pareceram se juntar para me encantar, ao mesmo tempo em que eu perguntava como podia estar lendo um livro que nunca havia lido e parecia que, no entanto, já havia. O misto de surpresa e prazer que foram permeando a leitura me faziam, a todo momento, ler só mais um e, quando percebia, já havia lido dois, três poemas.
O posfácio por Ronaldo Fraga encanta, primeiro por falar da amizade entre Drummond e Mário, que também era de Andrade. Como o ânimo de um inspirou o outro a começar e não apenas a se publicar, mas também a toda brilhante carreira. Fala da semana de arte moderna e não apenas nela, mas ao convite que Mário de Andrade fazia aos seus para que eles enfim descobrissem o Brasil e não simplesmente reinventassem a Europa a moda dos trópicos. E como o modernismo encontrou em Drummond seu lugar de existir em plenitude.
Nesta edição, como na anterior, tem a Cronologia na época do Lançamento (1927-1933), que nos apresenta não apenas Drummond (CDA), mas também o Brasil, a Literatura Nacional e o mundo à época, uma preciosidade que adorna a joia que é esta edição, um verdadeiro presente aos leitores. E também encontra-se: Bibliografia do autor, Bibliografia Seleta e Índice dos primeiros versos.
*Fonte: https://www.podomatic.com/podcasts/quadrante
site: http://www.clubedofarol.com/2022/09/resenha-alguma-poesia.html