Resenhas - Alguma Poesia

Alê | @alexandrejjr 26/07/2020

Prazer, Drummond

Certas coisas me deixam perplexo na vida. Uma dessas perplexidades aconteceu nos últimos anos ao ler este "Alguma poesia", primeiro livro publicado pelo gigante Carlos Drummond de Andrade.

Sempre tive curiosidade de ler o poeta mineiro de verdade, fugir das armadilhas proporcionadas pela internet. Despretensiosamente comprei este livro. Entretanto, vocês não podem imaginar a minha surpresa ao descobrir que esta obra foi a carta de apresentação do poeta ao mundo. Nela estão, simplesmente, três dos principais poemas da língua portuguesa.

Conversando com uma amiga minha que estimo muito, apontei que havia poucas resenhas ou comentários para este livro, o que chamou minha atenção. Em resposta, ela me disse: "poesia mexe com os sentimentos, talvez seja por isso". E é a mais pura verdade. Algo tão simples que eu nem tinha percebido...

Em "Alguma poesia" os sentimentos são despertados em cada um de nós, mesmo que a conexão entre o poeta e os leitores seja fraca ou, pior ainda, não exista. A questão é que você vai ler algo que não há igual por aí. Aliás, este é um livro incrível para apresentar o que foi o movimento modernista do Brasil em todos os seus campos artísticos e, de quebra, mostrar a beleza que só a nossa poesia possui.

Eu tenho problemas com versos livres, confesso. Entretanto, a maneira como Drummond dispõe seus versos no papel, a sua quebra brusca com os formalistas em alguns dos textos, é cativante. Além dos conhecidíssimos "Poema de sete faces", "No meio do caminho" e "Quadrilha", destacaria a ironia fina do eu lírico em "Também já fui brasileiro", "Política literária", "Cidadezinha qualquer" e "Explicação"; a melancolia presente em "Sentimental", "Nota social", "Poesia" e "Música"; e, por fim, não posso deixar de citar a precisão sobrenatural na escolha das palavras em "Cota zero" e "Quero me casar".

Drummond lançou este livro em 1930 e, 90 anos depois, época em que escrevo minhas humildes impressões, é quase ensurdecedor perceber como ele estava à frente de seu tempo. Uma das leituras mais prazerosas que já fiz.

misy 08/03/2022

foi uma leitura bem fácil e pacífica para o vestibular, que apresenta muita melancolia e saudade da cidadezinha em que ele morava e passou a infância. alguns poemas em especial foram bem legais de ler!!

doarda 18/01/2024

Alguma Poesia
Simplesmente devorei esse livro! Os poemas são recheados da influência modernista e referências do cenário político em que ele vivia, além das, referências históricas. A leitura vale muito a pena!

Matheus656 06/04/2022

Drummond
Confesso que não enche muito meus olhos, mas Drummond foi importantíssimo para a literatura brasileira e é muito interessante estudar seus poemas dentro do contexto em que foram produzidos
Esse livro lançado em 1930, tem alguns dos mais emblemáticos de seus poemas como "No meio do Caminho" "Quadrilha" e o "Poema de 7 faces", que rompem totalmente com o parnasianismo do fim do século XIX

Paulo 08/07/2022

Bom dia, Fuvest (Pt. 3)
O livro apresenta 49 poemas, sendo um deles dividido em 8 partes. Todos são bastante objetivos e de fácil compreensão e por isso acaba não sendo desgastante.
Os poemas tem uma certa variedade de sentimentos muito grande. Por exemplo, no mesmo poema em que temas profundos sendo abordados, também há humor, te levando de altas reflexões a risos.
Além disso o livro não é grande, não demandando, portanto, um tempo gigante dedicado a ele.
Muito conceitual.

cabral.beber 29/06/2023

Continuo nao sendo mt fã de poemas, porém super bem escrito.
Além dos poemas de dedicatórias aos seus colegas poetas, mt bao

Beatriz 14/06/2023

Meu primeiro livro de poesias.
Nunca tive interesse em poesia, pra mim era sempre um "atualmente, a tua mente, atua ou mente?".
Li esse porque vou prestar Fuvest fim do ano e me surpreendi, eu amei! Leitura muito leve, com poemas sobre amor, tristeza, saudade... Alguns com ar de piadoca que eu adorei.
De cara reconhecemos alguns versos dos famosos que vemos na época de escola; "Vai Carlos, ser gauche na vida!" e "No meio do caminho tinha uma pedra".
Fiquei muito feliz em ter descoberto um novo horizonte pra explorar e com certeza pretendo ler mais obras de Drummond.

Pra quem interessar, dá pra ler em questão de 1 hora - apesar de ser mais gostoso ler um pouco de cada vez.

catarina 01/07/2022

excepcional
Eu sou suspeita pra falar de Drummond, conheci suas poesias através do vestibular da fuvest e até hoje não vivo sem.

Quase 5 da manha e eu maravilhada com a poesia de Drummond, o quanto esse homem foi genial e importante na literatura e socidade atual. sem palavras.

Enfim, vim comentar sobre um dos meus poemas favoritos dessa coletânea maravilhosa, a poesia das sete faces.
Sempre entendi que ele se sentia deslocado, enquanto homem de reflexão, num mundo de encontros e desencontros pautados pelo desejo. Um anjo torto, que vive nas sombras. Isto é, desajustado e que vive a espiar o que acontece sob a luz, direto da escuridão, fora do campo de visibilidade dos outros.

Gauche é o tímido, canhestro, inseguro. (como eu)
Então ele descreve a dinâmica de como esses encontros ocorrem numa cidadezinha. Casas espiando, fofocas, homens que correm atrás de mulheres. Só há desejos e é isso que move as coisas. Não pode, com isso, haver metafísica (céu azul), pois há muitos desejos. O desencanto do mundo pela exposição à realidade. Já no meio urbano, tem ele mesmo vários encontros e desencontros. "Pernas" passam, vem e vão. Os olhos (sentidos) não dizem nada, mas o coração (alma) questiona por que tantas. Descreve-se como alguém simples, sério, de compleição não chamativa. Pergunta a Deus por que ele o deixou, só, neste mundo, sabendo que sua criatura, embora ciente, é fraca. Conclui que, embora o mundo seja vasto, mais vasto é seu coração (alma). E que se ele se chamasse Raimundo (nome comum, de pessoa comum, que não reflete a condição do mundo) seria uma rima (ele mesmo não questionaria a ordem das coisas e reproduziria o movimento desejante da vida, rimando com a natureza), mas não seria uma solução (não questionar, fazer-se de desapegado e viver segundo os desejos, não emancipam o homem da separação que existe entre ele e o mundo), quer dizer, não se cientificar e viver como se só houvesse isto aqui não soluciona o drama existencial posto, apenas promove uma adequação do homem animal ao seu meio natural. Por fim, o vemos fora do poema, já como poeta, sozinho, solucionando o problema da existência na arte que se propôs seguir, tomando um conhaque e observando a Lua.

A genialidade de se colocar dentro do poema e trazer uma reflexão sobre o seu "eu" me deixou perplexa.

Gabi.Neman 31/10/2023

Interessante
O Drummond é muito bom. Os poemas são muito interessantes e com temas universais. Drummond aborda diversos temas de uma maneira tocante de verdade.

giovanna00brito 09/08/2023

"E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé."
O livro faz parte de diversas coletâneas para vestibular por um motivo: as obras de Carlos Drummond ainda afetam e influenciam o Brasil!
Algumas das poesias trazem a visão que na época existia: as pessoas só teriam liberdade quando fossem para as cidades, já que eram nelas o lugar em que a sociedade cedia um espaço para que o indivíduo possa ser, mas quando chegavam lá percebiam que a moeda da liberdade é a solidão, mesmo rodeada de pessoas. Traz também como o amor pode ser uma pedra no caminho, como um sentimento anteriormente descrito como glorioso pode trazer tanto sofrimento e desgosto ao ser. E finalmente debate sobre um naturalismo, onde o animal é superior ao homem pois os interesses deles são maiores do que deveriam, criando uma imagem onde a violência faz parte do conto de fadas.
É a quebra de todas as tradições, a utilização de elementos modernos brasileiros, criando uma cultura 100% nacional e não aquela romântica que veio da Europa.

Alexandre 07/04/2023

Drummond
"Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro,
inquieto, vivo..."

Ana Heloísa 27/04/2021

5/9 das obras obrigatórias da FUVEST
?Há dias que ando na rua de olhos baixos para que ninguém desconfie, ninguém perceba que eu passei a noite inteira chorando?

Mais uma obra da Fuvest que eu gostei. Alguns poemas desse livro são clássicos que muitos estudantes já conhecem, então, já estava familiarizada com a análise destes.
Dei 4?? apenas pelo poema ?Cantiga de Viúvo? que é um dos poemas mais lindos que eu já li.
A edição é muito boa. Um posfácio claro e detalhista na medida, com fotos da época muito coerentes com a época. É um livro nitidamente influenciado pelo modernismo, ainda mais depois de ler a conversa entre o Carlos Drummond e Mario de Andrade sobre a substituição da preposição ?à? para ?na?, como uma forma de romper com os padrões portugueses.

pirocadeperuca 20/02/2024

Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?

Isa Romero 29/09/2021

incrível estreia de Drummond
O primeiro livro de poemas de Drummond é crítico, inteligente, disruptivo e com certa melancolia e enfoque na cidade natal e provinciana de Itabira, que tanto marcou a vida do escritor. Não é uma leitura difícil mas um pouco cansativo, mas recomendo muito pra quem está falando iniciando a ler poesia

João 15/03/2021

Alguma poesia
O livro é muito bom, Carlos Drummond de Andrade escreve poemas profundos de forma simples e por vezes humorística. Um excelente livro.