Pandora 26/01/2019Ganhei este livro da minha amiga Lilissane. Ela disse que “alguém tem que fazer uma resenha decente para esse livro!”. Uai, também acho. Mas não sou eu, né? rs...
Ique Carvalho estudou psicologia, se formou em Publicidade e é diretor de arte em sua agência de publicidade. Por gostar de escrever, criou um blog em 2010. Em 2013, triste após o fim de um relacionamento, foi consolado pelo pai, que poucos dias depois foi diagnosticado com Paralisia Supranuclear Progressiva, uma grave doença degenerativa. Ique passou, então, a escrever sobre vida, amor e sobre o pai e o blog se popularizou de tal forma, que ele acabou lançando livros com estes temas. O primeiro, “Faça amor, não faça jogo”; o segundo, “Muito amor, por favor” (com Arthur Aguiar, Frederico Elboni e Matheus Rocha); o terceiro, este “Trago seu amor de volta sem pedir nada em troca”.
Vamos começar pelo que eu não gostei:
1. A capa. Essa mistura carnavalesca de cores, as fontes que não combinam entre si, o coração amarelo no meio e essa textura de lixa na parte rosa - que eu até acho que foi pra lembrar uma parede, mas me deu uma aflição medonha - são de gosto bem duvidoso. Fico imaginando se o Ique diretor de arte foi consultado sobre este primor estético. Sério, eu não escolho livro pela capa, mas se escolhesse, este estaria fora de cogitação. Curiosamente, o projeto gráfico interno é superbacana, todo em verde e cru, com frases de efeito ocupando duas páginas entre os textos, desenhos minimalistas super fofos (tem até um cacto!) e uma fonte agradável aos olhos.
2. O amor que o autor prega e espalha, que envolve a família, os amigos e os apaixonados, não abrange todos os gêneros. Ele fala muito como é a mulher, o que ela espera e como deve ser tratada p-e-l-o h-o-m-e-m. “A mulher mais bonita deste mundo”, se fosse escrito nos anos 80 eu não estranharia, mas não cabe mais neste mundo.
O que eu gostei:
1. O livro tem trilha sonora. No início de cada história tem um link pra música que o autor escolheu para aquele texto. Eu nunca leio livro ouvindo música, mas este eu li (senti falta de músicas nacionais!);
2. Os textos são curtos. Se você gosta, pode ler várias vezes sem cansar; se não gosta, não sofre por muito tempo;
3. Os escritos sobre o pai são todos muito bons, emocionantes, singelos... têm aquela força do amor desinteressado e genuíno. Se alguém decidisse fazer um filme baseado nos textos sobre o pai, poderia obter algo lírico e tocante, engraçado e triste ao mesmo tempo e fazer muito sucesso;
4. Tem uma foto do pai dele no livro S2.
O que não desabona, mas não acrescenta muito:
1. Alguns textos são bem piegas, daquele tipo que a gente encontra aos montes na internet, frases de efeito com belas imagens, vídeos de natureza, animais fofinhos, casais abraçados, crianças sorridentes e aquelas frases: “eu queria que as pessoas parassem de se preocupar com o que os outros vão dizer”; “eu queria que as pessoas parassem de mentir”; “eu queria mais sinceridade neste mundo de vaidade”; “queria que as pessoas gostassem mais umas das outras”... (Se você ama, pág. 22);
2. Às vezes ele é contraditório: Todo mundo quer alguém. E isto não é um clichê. É a verdade (Ninguém é como você, pág. 50); “Porque, para ser feliz, você não precisa de alguém. Você só precisa amar, todos os dias, a sua extraordinária e simples vida (Se ninguém me amar, pág. 70);
Eu não fiz uma leitura linear. Como o Spotify gratuito só permite ouvir músicas no modo aleatório, foram elas que definiram a ordem dos textos. Gostei, porque era sempre uma surpresa e também porque eu não tinha a mínima ideia de quando ia acabar, se faltava muito ou pouco.
E enfim, o livro tem altos e baixos. Mas ele tem um grande mérito: com tanta gente semeando e espalhando ódio, ver que há quem propague o amor é reconfortante. Não dá pra não apoiar alguém assim. Continue, Ique!
E obrigada a Lili, que me enviou amor.