A história secreta

A história secreta Donna Tartt




Resenhas - A História Secreta


793 encontrados | exibindo 91 a 106
7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 |


Marie 15/08/2022

sdds do que a gente não viveu
Esse livro é ótimo. A leitura é longa, mas eu nunca me senti entediada lendo, mesmo quando não acontecia nada e era só o narrador brisando, era super interessante (pelo menos para mim). Eu realmente sentia que estava na sala com eles, observando e conversando. Também entendia muito o ponto de vista do narrador, como se ele tivesse do meu lado contando essa história.

De primeira, você já sabe o que aconteceu, mas o desenrolar dos acontecimentos é muito inesperado. E você está tão acostumado com os devaneios do narrador que nem percebe quando algo crucial acontece, e é sempre uma bomba jogada na sua cara.
comentários(0)comente



Eduarda Sampaio 27/07/2014

Fácil de ser lido, mas difícil de ser digerido
Apesar de A História Secreta ter mais de 500 páginas, a leitura nunca se torna cansativa, já que Donna Tartt envolve o leitor do início ao fim de sua obra. Os personagens complexos e fascinantes e a trama intrincada transportam o leitor para dentro da história, permanecendo com ele mesmo após o término da leitura. Esse é um livro que pode ser lido e relido, já que diversos são os sentimentos que ele provoca e diversos são os questionamentos que ele levanta.

Resenha completa no link.

site: http://maquiadanalivraria.blogspot.com/2014/07/a-historia-secreta-donna-tartt.html
comentários(0)comente



anterique 06/11/2021

Dionísio
Bem... estou terminando essa leitura agora de madrugada, foi super intensa, dramática e muito melancólica de minha parte. Estou processamento tudo ainda, mas foi uma das melhores leituras do ano e vai com certeza para os favoritos. Meu primeiro contato com autora e já me surpreendi de um certo modo que quero ler mais outras obras de sua autoria. A leitura não é desgaste ou monótona, muito pelo contrário, me senti dentro da narrativa em diversas vezes e acho que foi isso o ponto alto desse livro, o leitor se tornava Richard (narrador) ao decorrer da leitura, sentindo seus sentimentos e absorvendo também os sentimentos dos outros persongens principais. Todos queriam fazer parte daquele seleto grupo, sim ou não?

Gostei do final, e o desfecho dos personagens foi algo bem esperado, tendo em vista que o gênero Dark Academy, querendo ou não tem um fórmula as vezes bem parecida.
comentários(0)comente



:) 26/07/2021

a história secreta e a romantização da dark academia
A história secreta é um livro com uma leitura que seria rápida se eu não fosse preguiçosa pra ler, a história prende nos e faz nos criar certo afeto ou ódio pelos personagens. A Donna Tartt fez este livro na intenção não de idolatrarmos os personagens mas como um certo "aviso". Os personagens são pretenciosos, gananciosos e muito orgulhosos. No meu ver, a única personagem que é "normal" é Richard, que é o narrador e nós dá um ponto de vista mais neutro. Gostei do livro e recomendo. :)
comentários(0)comente



Luds 14/06/2021

Gosto muito de livros como esse que já te dizem de cara o que vai acontecer. Em um tempo em que qualquer vírgula pode ser considerado um spoiler acho muito interessante encarar obras que trazem essa ousadia logo de cara. Eu sou a pessoa que gosta de apreciar o desenvolvimento e não somente aguardar pelo final e Donna Tart entrega tudo nesse sentido. A escolha do narrador é certeira, pois Richard passa a fazer parte dessa história como nós, com muita curiosidade pelo que esse seleto grupo de estudantes tem a oferecer e sem muitas informações sobre quem de fato eles são. Nós passamos todo o livro, até as últimas páginas, envolvidos na construção e desenvolvimento desses personagens que não se mostram inteiros e ainda mantém certos mistérios acerca de quem são.

A autora consegue entremear suas refêrencias no texto de forma muito sutil e sempre servindo ao propósito da cena. Eu não tive como não comparar certos aspectos ao Crime e Castigo de Dostoiévski (que inclusive é citado no texto, bem como a usurária). Um crime,que poderia ser evitado, é cometido e o teor das consequências é semelhante nos dois casos.

É isso o que eu espero de um livro jovem adulto, apesar dele definitivamente não se definir como tal. Aqui, a complexidade dos dilemas do início da vida adulta é somada ao desejo de novidade e proporcional à capacidade do jovem (rico) de fazer merda.

Citações
"Beleza é terror. O que chamamos de belo nos faz tremer."
"MInha vida inteira parecia composta daqueles fragmentos desconjuntados do tempo, do tempo passado num lugar público e depois em outro, como se aguardasse a chegada de trens que não vinham nunca."
"O esforço sobre-humano para abandonar completamente a mente não é nada, em comparação ao esforço para retornar a ela."
"Certas coisas são terríveis demais para que se possa percebê-las numa tacada só. Outras - cruas, excitantes, indeléveis em seu horror - são terríveis demais para que se percebam, e pronto. Só mais tarde, na solidão, na memória, é que a gente se dá conta: quando a pessoa olha em torno e percebe - para sua imensa surpresa - que está num mundo inteiramente diverso."
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Nita 30/05/2020

Caralho Puta que Pariu
esse livro foi altos e baixos aqui. me interessei aqui pelo skoob lendo resenhas e vejo que foi uma ótima escolha compra-lo. embora tenha uma escrita difícil e umas partes arrastadas, nada se compara com a grande história que é. o final me surpreendeu e amei as últimas páginas. bastante coisa acontece para dar uma divertida na história, descontrair e refletir também. nao posso deixar de citar também que amei as referências a sherlock. é um livro ótimo mesmo. puta que pariu eu amei demais. BOM DEMAIS
Nita 30/05/2020minha estante
não achei que exaltei suficiente as partes filosóficas que fazem a gente refletir DEMAIS


minyas 23/07/2020minha estante
amando suas atualizações


Nita 23/07/2020minha estante
kkkkkkk AQUI N DA PRA CURTIR COMENTARIO AFF


minyas 24/07/2020minha estante
vamo pressinar p resolver isos talquei




janeway 01/09/2020

O livro tem uma narração que descreve minuciosamente os lugares e os personagens, mas a forma como a Donna Tartt faz é tão envolvente que isso não o tornou cansativo, pelo contrário, faz com que você se sinta mais imerso na história a ponto de se sentir parte de tudo, física e psicologicamente. É realmente incrível o trabalho de escrita da autora, tão poético e belo como uma verdadeira tragédia grega - e o Richard Papen é perfeito, por ser aquele narrador que nos aproxima direitinho da dinâmica do clube de grego.

Para aqueles que gostam de character study, essa obra é perfeita, pois tem uma das melhores caracterizações de personagens possíveis, assim como é uma maravilha para quem tem apreço por dark academia. E para quem gosta de histórias de mistérios e assassinatos com uma dose de drama psicológico, com certeza irá se encantar. Como eu preencho bem esses pré-requisitos consegui aproveitar muito da leitura e ela acabou entrando para as minhas favoritas. Mas a verdade é que o livro é perfeito pra qualquer um, pois tem algo nele que o faz ser bom demais pra ser verdade e me faz querer recomendá-lo para todos (por isso resolvi escrever aqui, haha).

Ademais, para mim o pós-crime foi muito mais interessante do que a jornada que é feita para descobrir o motivo do assassinato, pois as consequências deste ato fazem com que seja impossível largar o livro por um minuto sequer, tamanha ansiedade que se pode chegar com o desenrolar dos acontecimentos. É um livro que eu queria apagar da minha mente só para me surpreender com tudo o que ocorre de novo.

Recomendo fortemente.

P.s: acho que é unpopular opinion 1000%, mas Henry Winter é o melhor personagem do livro
comentários(0)comente



Giu 26/09/2020

Descobri esse livro graças à um fórum de apaixonados por Dark Academia, e de tanto que os participantes eram aficionados, comecei a pensar que talvez fosse superestimado. Felizmente, fui surpreendida.

Donna Tartt traz, em sua obra, a visão, em primeira pessoa, de Richard Papen, um jovem californiano que consegue entrar na seletiva Hampden University, onde começa a estudar junto com os cinco únicos estudantes que fazem aula de grego com um professor peculiar.

Uma trama envolta em ritos dionisíacos, mistérios, mortes e conversas filosóficas regadas à muito álcool, a autora consegue envolver o leitor a ponto de você se pegar pensando na história durante o dia inteiro.

A autora nos insere no psicológico dos personagens de forma tão realista que por vezes incomoda. Todas as cenas são detalhadas com uma quantidade enorme de detalhes, a ponto da narrativa parecer um filme passando na sua cabeça.

Qualquer coisa que eu possa dizer nessa resenha não vai fazer jus à obra de Tartt. E olha que "A História Secreta" é considerada por muitos o patinho feio da autora. Mal posso esperar para ler "O Pintassilgo", seu best-seller!
comentários(0)comente



Junior4242 30/06/2022

A mão invisível da justiça
Degradação. É a palavra para um livro como esse. É um recorte muito cru do assassinato e da culpa, do medo, da dependência de drogas, do comportamento autodestrutivo. E talvez da pretensão de adolescentes mimados em se acharem superiores, claramente estimulados por Julian. O comportamento inconsequente, faz com que todos tentem sair ilesos da situação; procuram muito fugir das garras da lei, mas acabam caindo em uma prisão ainda mais mortal: si mesmos. Dessa eles só podem recorrer à uma escapatória definitiva, ou seja, a morte. A insanidade que os permeiam tira todos os ares da realidade e transforma sua própria situação de destruição moral em uma tragédia grega, um espetáculo a ser assistido. Infelizmente, não haverá aplausos após o último ato. Não vejo como um recorte moralista e sim como um recorte da mente humana aliado a uma série de referências deliciosas aos clássicos. O que traz diversas camadas e o torna um romance brilhante sem sombra de dúvida.
comentários(0)comente



Manu 24/01/2022

Beleza é o terror
Essa história é ambientada de uma forma completamente característica e imersiva, o que se torna um dos pontos fortes do enredo junto de personagens interessantes e bem construídos. Acompanhamos o protagonista Richard em sua saída da alienação vivenciada no início da vida em uma Califórnia sem graça até sua descoberta do curso de grego e as consequências dos grandes eventos decorridos dessa nova ambientação e personagens.
Em um estilo Dark Academy e rodeado de mistérios, o enredo é brilhante, embora um tanto arrastado em algumas partes. Como não se sentir dentro da história e participante de todos os acontecimentos da história?! É com maestria que a autora nos proporciona um prato cheio de reflexões e descobertas. Sempre com o foco no processo e nos desdobramentos das ações dos personagens.
Não é uma leitura fácil e muitos podem não compreender a genialidade da obra, assim como podem se surpreender com um trabalho tão bem feito, apesar de não perfeito! As aulas do professor do curso de grego são simplesmente maravilhosas, permito-me dizer que gostaria muito ter lido mais cenas dessas!
Finalizo com um dos meus trechos favoritos da primeira aula de Richard com Julian e uma grande reflexão: "Mais terrível ainda, quando crescemos, é aprender que nenhuma pessoa, por mais que nos ame, pode nos compreender verdadeiramente.

Obs.: Não espere um final feliz, pois o livro é cru e sombrio assim como a proposta dark academy
comentários(0)comente



Louie 27/04/2022

A beleza é áspera.
Esse é daqueles livros com tanta profundidade que é até difícil fazer uma resenha.
Vou falar da minha experiência de leitura, então. Foi ótimo que pude ler esse livro numa época de bastante tempo livre, porquê consegui ler como acho que ele deve ser lido: sem pressa. O ritmo do livro pede isso. Não espere enormes emoções, grandes acontecimentos. A história é focada em conhecer aqueles personagens, viver a vida deles, entender suas mentes. Donna Tartt já deixa isso claro quando, logo na primeira página do livro, conta o acontecimento principal do livro: aqueles cinco estudantes vão matar seu colega, Bunny. Ou seja, não é o fato em si que importa, mas sim tudo o que precisou acontecer antes pra chegar nessa situação, e mais importante, todas as consequências disso, como o acontecido reverbera na vida de todo mundo que está em volta. A história não traz nada de muito diferente (é sobre um assassinato: quantos a gente já viu em filmes e livros?), mas você acaba se importando com aquelas pessoas por causa dessa imersão.
A estética do livro também é muito boa. É gostoso de ler sobre aquelas paisagens, a neve, a faculdade antiga, os clássicos gregos, as roupas de frio... Parece distante e irreal. Os jovens são ricos, irresponsáveis e tomam atitudes condenáveis. Mas no fundo... você se pega com vontade de também ser estupidamente intelectual, conversar em grego e usar um pincenê.
Em resumo, é daqueles livros em que você mora dentro, você tira umas férias da sua vida por lá. E que eu pretendo revisitar algumas outras vezes ao longo da vida.

PS: quero ser amiga do Francis :')
Felipe 28/04/2022minha estante
Que experiência boa. Melhor coisa quando a gente dá tempo ao livro e aproveita ele na sua totalidade.


Louie 28/04/2022minha estante
Não é? Talvez se eu tivesse lido num outro momento, numa outra vibe, eu nem tivesse gostado tanto.




Helena 21/02/2023

A história é mais secreta do que eu achei que seria
O livro nn para de ter plot twists mas o final é agoniante parece que tudo desmorona, (se é que tem como) que ngm consegue ser feliz aqui mds. Como leitor vc se torna o Richard pq a gente é enganado assim como ele. No final achei a história ótima mas muito longa e arrastada
comentários(0)comente



Bela 21/03/2021

A História Secreta - Donna Tartt
Sobre o Livro
Bunny está morto. Seus amigos são os responsáveis por matá-lo e agora é preciso entender como que essa trágica situação aconteceu sendo que, externamente, todos eles pareciam tão próximos e unidos. Em meio a segredos, mentiras e remorsos, Richard Papen precisa retomar suas lembranças da época de sua faculdade para compreender como que o delirante e atraente grupo de amigos que ele formou nessa época conseguiu chegar ao limite de assassinar um de seus maiores colegas.

Richard Papen, oriundo de uma cidade da Califórnia e com uma vida familiar pouco amorosa e instável, é um dos mais novos estudantes da universidade Hampden, berço intelectual de alunos de elite e cujos os perfis não combinam com o dele. Eternamente preso a um sentimento de desejar mais do que possui e não querer levar uma vida interpretada como medíocre ao ver seus pais e o destino de seus colegas, Richard chega em Hampden graças a um folheto de divulgação da faculdade e lá encontra um grupo de alunos muito curioso e para o qual dedica sua admiração imediata. Henry, Francis, Bunny, Camilla e Charles são os únicos cinco estudantes da turma de Grego do professor Julian, um controverso docente de Hampden que só abre sua turma para pouquíssimos alunos e forma com eles um grupo fechado e isolado de intelectuais que discutem cultura grega e traduzem grandes clássicos.

“Existe, fora da literatura, aquela coisa de “falha fatal”, a nítida fenda escura que se estende e racha uma vida ao meio? Eu costumava achar que não. Agora acho que sim. E penso que a minha é assim: a ânsia mórbida pelo pitoresco, custe o que custar.”

Desejando fazer parte desse círculo tão fascinante de estudantes, Richard começa a mudar a si mesmo e a modelar sua história para o que melhor faria ele se encaixar entre essas pessoas que ele observa como excepcionais. Contudo, ao adentrar cada vez mais dentro desse grupo, Richard pode acabar descobrindo que há mais falhas do que encanto em cada um deles e sua jornada irá girar em torno de decidir se o deslumbramento é maior do que o alerta em sua mente. De todo modo, Richard nunca mais será quem foi ao juntar-se a seus colegas.

Discutindo filosofia, arte e literatura, “A História Secreta” reúne um conjunto de personagens que trabalham os temas da beleza, da culpa e da loucura e que buscam responder perguntas incômodas, sendo a principal delas a indagação de até onde você iria para sentir que faz parte de algo maior do que qualquer outro sentimento que já sentiu anteriormente.

Minha Opinião
Aliando um enredo fascinante, que mistura diferentes tipos sociais, com uma escrita densa, metafórica e encantadora, “A História Secreta” já apresenta seu maior “spoiler” já no começo do primeiro parágrafo, descontruindo a noção do que seria um clímax narrativo e conduzindo aos leitores para o principal – e mais interessante – ponto de uma narrativa: como e por qual motivo as coisas aconteceram. É nas entrelinhas, nas sub tramas e no convívio próximo que a autora cria entre leitor e narrador que o livro revela seu potencial de cativar e prender cada espectador na trama pesada, complexa e bastante humana que cerca a narrativa. E é isso que faz de Donna Tartt e do seu livro de estreia uma obra genial.

Quando conheci e li “A História Secreta” pela primeira vez, tinha 15 anos e fui facilmente impressionada por todos os personagens criados pela autora. Mais do que apenas admirá-los, em parte, como Richard, eu sentia que queria ser como essas pessoas ou pertencer aquele grupo de alguma forma. Hoje, cinco anos depois, a percepção que tenho deles é bem mais realista e com os pés no chão, me permitindo notar com muito mais clareza a construção dos personagens não como seres completamente admiráveis, mas como personagens extremamente humanos e, por consequência, bastante falhos. Ter essa diferença de perspectiva só acrescentou pontos para a escrita da Donna Tartt que conseguiu provocar dois sentimentos diferentes e ainda fazer o livro fluir de uma forma impactante em ambas as leituras. E é nesse ponto, o do sentimento provocado, que a “A História Secreta” guarda seus principais trunfos e que fazem de Donna Tartt uma escritora tão inesquecível.

Digo isso porque é impressionante o quanto cada detalhe, por mais insignificante que pareça a princípio, se torna essencial para construir cada personagem de forma única e quase mágica. Anunciando seu plot principal já na primeira página – o que rende ótimas reflexões sobre a subversão do conceito de spoiler e sobre quais elementos realmente importam numa trama quando você já sabe quem morreu e quem matou desde o princípio – o livro constrói seus alicerces em cima dos personagens que te apresenta. Sob os olhos de Richard, narrador em primeira pessoa e com um relato tipicamente não confiável, os leitores são conduzidos ao caminho de ver quem são Henry, Francis, Camilla, Charles e Bunny. Assim como Richard, somos encantados e enganados por esses personagens e sua aparente superioridade fascinante que faz com que o sentimento de querer pertencer a isso cresça, bem como a decepção de ver eles como figuras menos mágicas e etéreas do que pareciam. Richard e sua narração bastante tendenciosa tornam a nossa leitura também algo parcial a favor do grupo e é justamente isso que faz a narrativa ser tão espetacular.

“Por que uma vozinha obstinada, dentro de nossas cabeças, nos atormenta tanto?” – disse, olhando em torno da mesa. “Quem sabe por nos lembrar de que estamos vivos, de que somos mortais e possuímos uma alma individual – que nos amedronta tanto entregar e, no entanto, nos leva ao desespero mais do que qualquer outra coisa? Não é a dor, porém que nos dá consciência do ego? É terrível descobrir, na infância, que o indivíduo vive isolado do mundo inteiro, que ninguém e mais nada pode sofrer a dor da sua língua queimada ou joelho ralado, que os sofrimentos e pesares pertencem apenas a cada um. Mais terrível ainda, quando crescemos, é aprender que nenhuma pessoa, por mais que nos ame, pode nos compreender verdadeiramente.”


Construídos como personagens de elite, tanto econômica como intelectual, Henry, Charles, Camilla, Francis e Bunny são apresentados como um grupo praticamente de outro mundo. Richard os vê como bonitos, inteligentes, melhores que qualquer um ao redor dele e é isso que o move a querer ser como eles. Juntando-se ao grupo como uma metade totalmente nova e de fora, uma vez que sua falta de dinheiro marca sua trajetória de mentiras dentro da relação com os demais, Richard vai emaranhar-se em uma trama de conversas filosóficas nas aulas com, o reservado e nada convencional, Julian e compartilhar com os outros uma amizade que aos poucos aprofunda-se e torna-se algo mais intenso e perigoso do que poderia aparentar. É na relação que ele estabelece com essas pessoas e no modo como o sentimento que os une alimenta consequências boas e ruins que “A História Secreta” faz sua marca como livro que tira o folego não pelo choque ou pela correria, mas pela sutileza e pelo emaranhado denso que constrói em torno de cada personagem com quem trabalha.

Henry, sempre frio, alheio e arrogante, torna-se impressionantemente humano em momentos que jamais esperaríamos e mesmo quando o narrador diz estar com o pé atrás em relação a ele, ainda há encanto e fascínio vivos que impedem que esses laços se partam completamente. Camilla, descrita como exótica e bela tanto em ações quanto na aparência, torna-se real e não mais uma idealização nos pontos que Richard deixa escapar detalhes que seu pensamento tendencioso buscam ocultar. Charles, gêmeo de Camilla e cuja diversão, leveza e calmaria são as referências para os leitores no começo, mostra-se mais obscuro e imprevisível quando observamos mais de perto e vemos o que Richard não quis ver. Francis, tipicamente o modelo de personagem rico, com a vida ganha e cuja presença passaria despercebida não fosse sua vontade de ser leal aqueles que ama, vira alguém mais crível quando colocado sob a pressão dos atos que foram cometidos e sua aparente rigidez revela alguém muito mais real por trás da aparência. E, claro, Bunny, aquele que vai morrer: expansivo, marcante, problemático em alguns aspectos e incrivelmente humano, Bunny revela ser alguém detestável e amável por Richard e pelos outros em proporções idênticas, revelando em sua existência e em sua morte a complexidade das relações humanas e do quanto alguém que odiamos pode ser também alguém do qual se sente falta, por mais irracional que seja a convergência entre esses sentimentos.

Além dos personagens, “A História Secreta” também é excelente em proporcionar uma ambientação única, os cenários descritos dentro da universidade e na casa de campo para qual o grupo vai em diversas cenas tornam cada lugar especial ao seu modo, contribuindo para a impressão geral de que a narrativa poderia ser real e o leitor poderia passear por algum lugar e deparar-se com os cenários colocados ali.

“Beleza é terror. Desejamos ser devorados por ela, dissolver nossos egos no fogo que nos refinará.”


O livro também apresenta uma quantidade bastante grande de discussões, uma vez que a temática que une os personagens é justamente a questão acadêmica. Há extensos diálogos sobre filosofia, literatura e aplicação de conceitos éticos, morais e emocionais. Dentro dessas discussões, percebe-se outras problemáticas abordadas na história, tais como as infames e preconceituosas opiniões de Bunny, contadas em forma de piada aos demais, o questionamento sobre a elitização do ensino dentro dos métodos de didática de Julian, que ao só eleger uma quantidade mínima de alunos e priva-los de contato com os demais, retira conceitos básicos de educação que pregam pela diversidade e não pelo isolamento e favoritismo. Há ainda as claras discussões sobre loucura, lucidez, remorso e culpa e uma nítida correlação entre a história dos personagens e as tragédias gregas.

É com os pequenos detalhes que Donna Tartt compõe uma história única, viciante e impossível de se deixar para trás graças ao realismo magnético de seus personagens e a força com que seus problemas tornam-se contextos dos quais tememos e admiramos na mesma medida. Com um brilhantismo de construção narrativa que só favorece sua história e apresentando um enredo em que cada sutil referência e descrição importa, “A História Secreta” é um livro excelente se você gosta de histórias de crimes ou assassinatos com bastante foco nas relações e nas ambientações do drama, bem como se você aprecia enredos que discutem questões filosóficas e que colocam a humanidade e suas emoções em cheque ao apresentar a beleza e o terror por trás dos atos que tomamos.

site: https://resenhandosonhos.com/a-historia-secreta-donna-tartt/
comentários(0)comente



Mariana 10/02/2023

O queridinho da dark academia
Eu não sei quem teve a ideia de juntar um grupo de jovens para estudar clássicos gregos e achou que seria uma boa ideia

spoiler: não, não foi
comentários(0)comente



793 encontrados | exibindo 91 a 106
7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR