Matheus Ferreira 17/04/2021Novos ÂngulosA segunda era de Mistborn se passa 300 anos depois da primeira, com o mundo se inovando e evoluindo. Não se trata mais de um mundo medieval; temos armas de fogo, máquinas a vapor e a eletricidade está chegando.
Sanderson consegue apresentar o mundo muito facilmente, como a tecnologia e a magia de Mistborn coexistem, como a política e a sociedade como um todo mudaram nesses 300 anos, e claro, o impacto dos nossos heróis da primeira era nesse novo mundo.
A primeira era de Mistborn tem como pilar sua história surpreendente e grandiosa, e os personagens lidando com os desafios mais épicos possíveis. A segunda era, em muitos aspectos, funciona de forma oposta; os personagens são os centro dos livros, e a história é uma ferramenta. A história é menos épica e mais cotidiana, muito por causa da mudança de temática, de medieval para um mistérios noir de faroeste.
Sanderson claramente evoluiu como escritor e pessoa, suas obram carregam uma responsabilidade social muito maior se comparado ao começo de sua carreira. Personagens mais complexos e humanos deixam a história realmente mais próxima da nossa realidade, o que tem como impacto a falta daquele sentimento único de épico fantástico que define a primeira era.
Max, Wayne e a gangue formam um grupo muito interessente, e suas aventuras apresentam uma nova faceta desse universo fantástico criado por Sanderson. Os livros são sim inferiores aos da primeira era, mas muito é fruto de uma escolha deliberada de mudança; faroeste, mistério, história mais contida e humana.
Recomendo muito o livro, mas deixo o aviso de que a obra não funciona exatamente como uma sequência da primeira era, no sentido convencional.