Wagner Fernandes 07/02/2024Uma Nova Era promissora e apaixonante!Ainda não me recuperei emocionalmente do final bombástico de "Herói das Eras". O que foi aquilo?! Foi um desfecho metafísico! Uma conclusão esotérica!
Tá, não foi ruim. Talvez um pouco traumático ver personagens morrendo tragicamente ou se tornando deuses. Foi um final adequado para tudo o que vinha acontecendo, afinal era O FIM DO MUNDO!... Mas, claro, o mundo não acabou, senão não teríamos a Segunda Era e este "A LIGA DA LEI", 300 anos depois do "quase" fim do mundo. Por um lado, fiquei triste e decepcionado com o destino de alguns personagens. Por outro, como já disse, foi uma conclusão que fez sentido. Bom, nem tudo termina do jeito que sonhamos.
Agora, vemos como ficou o mundo que os descendentes da Primeira Era construíram após o fim das cinzas e o planeta voltar à sua órbita correta no sistema estelar.
Na verdade, a Segunda Era de "Mistborn" era a que eu mais desejava ler em 2019, quando adquiri toda a coleção.
Eu estava ansioso, mas também queria ler a Primeira Era para poder compreender o mundo. O desafio era passar pelas 2.000 páginas da Primeira Era! Sentia-me desanimado, mas aceitei o desafio, pois queria conhecer aquele mundo da Segunda Era. Só não imaginei que a leitura iria me prender tanto e que iria gostar demais daquela história e seu universo.
Valeu MUITO a leitura. Uma aventura inesquecível.
E agora, depois de quase 5 anos, pude entrar na "Era Vitoriana" desse universo fantástico. Só sinto falta do calhamaço de 700 páginas, já que na Segunda Era os livros são tão curtinhos. Bom, depois isso é compensado com o monstro que é "O CAMINHO DOS REIS.
Imagine um "western" com super-heróis. Caubóis alomânticos caçando outros alomânticos criminosos num mundo onde há cidades com os nomes de Vin, Elend, Doxon, mortos há 340 anos. Assim é o mundo da Segunda Era de "Mistborn". Um mix de "A Liga Extraordinária" + "Sherlock Holmes" + "X-Men" + "Westerns".
Agora os heróis são Wax, Wayne, Lessie, caçadores rápidos no gatilho e com poderes de Nascidos da Bruma. Esse universo novo promete.
A história mal começa e já temos uma tragédia! Brandon Sanderson aprendeu com George R. R. Martin a aterrorizar o leitor!!! Nem conheci direito o personagem e já foi pro saco!
Lorde Waxillium é o "Batman" do século 19. E temos também as jovens Marasi e Steris.
A história vai pegando um ritmo viciante e seus personagens são extraordinários. Que humor genial de Wayne!
Tem também um clima saudoso de histórias de Sherlock Holmes, e a relação entre Waxillium e Wayne é perfeita, como Sherlock e Watson (embora Wayne esteja longe de se parecer com o Dr. Watson. Está mais para um caipira rude capaz de simular classe). Há um mistério a solucionar, Wayne veio das Terras Brutas buscar Lorde Waxillium, que não quer mais atuar como justiceiro e precisa arranjar uma esposa para pôr em ordem sua casa e seus negócios.
A pretendente é super metódica e realista e escreveu até um contrato. Eu ri muito da reunião de Wax com a moça e o pai dela, e com Wayne se metendo com seu poder alomântico.
Marasi é uma jovem misteriosa. Wax ficou intrigado com o jeito tímido dela e encantado com sua inteligência. E Wayne fazendo suas manobras ao estilo Sherlock Holmes, com disfarces mirabolantes.
A trama mostra mulheres da alta sociedade, descendentes dos antigos Nascidos da Bruma, que estão sendo sequestradas. Por que, e quem está interessado nelas? Sabendo do perigo que correm nos trens, as damas estão evitando viajar por esse meio de transporte, mas isso não impede os criminosos. Agora atacam na cidade! E Wax e Wayne precisam impedir e resgatar as demais reféns. Claro, e Marasi ficará na cola dos dois, afinal não é a moça tímida que parece ser!
Pancadaria, roubo, tiroteio e sequestro. Wax e Wayne entram em ação e salvam os convidados de uma festa de casamento de bandidos que querem mais do que joias e dinheiro... querem alguém muito especial para Wax! Duas pessoas, e Wax só terá a chance de salvar uma delas.
Gostei bastante dessa era. Mesmo reconhecendo elementos familiares de outras obras da literatura.
O tiroteio no casamento revelou detalhes sobre os personagens. Lorde Wax tem 42 anos, Wayne, uns dez anos menos. Steris aparenta uns 25, e Marasi 20. Marasi é curiosa, inteligente, estuda direito e seu hobby é conhecer as proezas dos famosos homens da lei Wax e Wayne. Steris é a aristocrata fria e calculista, que fica vermelha de vergonha se as normas sociais são quebradas. Tornou-se noiva de Wax por conveniência, mas ele percebeu que Marasi, prima de Steris, tem uma quedinha por ele. Na verdade, Wayne, astuto, percebeu isso!
A história traz uma trama bem escrita e de fácil leitura. Não é tão dramático e complexo como a Primeira Era de Mistborn, mas apresenta uma boa narrativa.
Wax passou por maus bocados numa cena no trem. Tentaram matá-lo e, para proteger passageiros inocentes, ele subiu ao teto do trem em MOVIMENTO. Mas o inimigo o perseguiu. Tipo aquelas cenas de trem em westerns. O inimigo tem um poder parecido com o do Wolverine e do T-1000 de "O Exterminador do futuro". Cena angustiante.
A história é boa. Diálogos, personagens, trama. Tudo bem escrito, cenas bem construídas. Algumas são clichês que certamente você, como leitor experiente, já viu em algum momento num livro qualquer. Mas a maestria de Brandon Sanderson está na utilização correta do clichê, que se adéqua perfeitamente à situação sem parecer forçado.
Nossos três amigos foram à procura de uma velha amiga em busca de ajuda depois do incidente no trem. Gostei da nova personagem. Bravinha ela!
E o antagonista? O cara é quase indestrutível e deixou nossos heróis em maus lençóis. Só com estratégia e inteligência para tentar vencê-lo, mas como derrotar um inimigo tão inteligente quanto o herói?
Um livro curto, mas uma aventura empolgante. Só um DETALHE ficou meio... forçado, talvez. Não. Não tira o mérito da obra. Afinal o universo Mistborn lida com elementos sobrenaturais, no caso as próprias BRUMAS. Por pouco não temos um desfecho "Deus ex machina". Por pouco. O herói teve muito trabalho duro depois da ajudinha de... ok, sem spoiler.
"A LIGA DA LEI" não é tão sensacional como a Primeira Era de Mistborn, mas consegue manter a qualidade. As referências aos acontecimentos da Primeira Era dão aquele ar de nostalgia. Dá para explorar mais essa Era 2, e espero que os próximos três volumes tragam mais referências a Vin e Elend e ao que aconteceu após o final de "O Herói das Eras".
Nota: 4,5 de 5,0