Gisele @abducaoliteraria 12/01/2018"O objetivo é a harmonia, criar um caminho para o máximo possível de pessoas fazerem suas escolhas".É sempre difícil controlar as expectativas para um livro de Brandon Sanderson. Agora e quando falamos de uma de minhas histórias favoritas? A primeira era de Mistborn, trilogia na qual finalizei em 2016, é uma das minhas mais queridinhas. Foi a obra na qual me apaixonei pelo autor e o considerei um dos meus favoritos.
Com a segunda era em mãos, não consegui me segurar e iniciei o livro muito animada, mesmo sabendo que essa nova história tem uma pegada totalmente diferente da primeira trilogia. E preciso dizer que minha animação só aumentou durante a leitura.
De volta a Scadrial, mais de 300 anos se passaram após os acontecimentos que encerraram a primeira era. Agora, nos vemos diante de um mundo diferente, com muita evolução e tecnologia.
Desde o início da história, deu para perceber que a segunda era de Mistborn apresenta uma atmosfera muito diferente da qual acompanhamos antes dela. Aqui, estamos expostos a uma trama de fantasia urbana recheada de ação e bom humor. Mais divertida e aventuresca, quando comparada ao estilo épico da primeira história.
Wax é uma espécie de vigilante que servia para manter a ordem nas Terras Brutas, que assim como o próprio nome diz, é uma região perigosa e selvagem. Depois de uma tragédia que mexe muito com ele, Wax é obrigado a retornar para Elendel e assumir o seu lugar na posição de Herdeiro da Casa Ladrian. O breve tempo que passa na metrópole, Wax desconfia que apesar de não possuir a mesma casca rude das Terras Brutas, Elendel pode ser um lugar ainda mais perigoso. Com isso, ele fica divido entre assumir suas responsabilidades como Lorde da Casa ou se render à vida de justiceiro estrategista, acostumado a lidar com mistérios e problemas.
"Fui atraído à lei por uma necessidade de encontrar respostas que ninguém mais conseguia dar, de capturar homens que todos consideravam inalcançáveis".
Já Wayne, o mestre dos disfarces, é o tipo de personagem que eu gosto. Aquele malandro com piadas na ponta da língua, que nunca perde o bom humor, independentemente da situação. Há algumas características que torna o personagem fascinante. Me apeguei a ele logo na sua primeira aparição e de longe, foi o meu favorito da história. Espero ter muito mais dele nos próximos livros.
Wax e Wayne protagonizam momentos muito bons, de diálogos divertidos e cenas de ação de tirar o fôlego. Juntos, eles formam uma dupla interessante, gostosa de acompanhar.
"Wayne fitou seus olhos e assentiu com a cabeça. Wax viu a tensão no rosto do amigo. Os dois estavam esfolados e ensanguentados, com pouco metal e mentes de metal drenadas. Mas não era a primeira vez. E era assim que conseguiam brilhar ainda mais".
Outra personagem que ganha bastante destaque neste primeiro livro chama-se Marasi, uma estudante de direito aspirante a investigadora. Embora a personagem não tenha me cativado muito - pelo contrário - ela se mostrou crucial para o caminhar da história.
"Você é inexperiente. Como eu fui, no passado. Como todo homem foi. A medida de uma pessoa não é o quanto ela viveu. Não é a facilidade com que pula ao ouvir um barulho nem a rapidez com que mostra duas emoções. É como ela faz uso do que a vida lhe mostrou".
Um dos pontos fortes de Brandon Sanderson é criar e explorar seus sistemas de magia com muita criatividade. Em A Liga da Lei, o sistema apresentado mostra uma evolução muito surpreendente e plausível.
Algo que realmente mexeu comigo e me deixou emocionada durante a leitura, foram as incríveis e lindas referências feitas à primeira era. Aos acontecimentos, aos personagens. Desde referências mais sutis à outras grandiosas como o nome da principal cidade de Scadrial, Elendel.
Com 288 páginas, este é o livro mais curto que li de Sanderson. A narrativa é fluida, os diálogos agradáveis e o mistério faz com que você queira ler tudo numa sentada só - eu tive que me segurar bastante para não fazer isso. A Liga da Lei funciona como uma introdução para a segunda era, ela nos apresenta os personagens centrais, a evolução do mundo e do sistema de magia.
E este é o ponto alto da história, mostrar que as coisas podem (e devem) evoluir. Aqui, tudo está diferente, mas você é capaz de distinguir a transição, como foi que as coisas chegaram onde estão. Sabe aquele famoso ditado, "Em time que está ganhando não se mexe"? Sanderson provou com ousadia que é possível pegar um mundo pronto e muito bem estruturado e fazê-lo evoluir, torna-lo ainda mais interessante.
"Da mesma forma que um dia quente pode deixar uma pessoa irritadiça, uma área em decadência pode transformar um homem comum num criminoso".
Não está entre os melhores livros de Brandon Sanderson que já li, mas a história serviu a um propósito bastante satisfatório; introduzir e apresentar um mundo com personagens e uma trama muito promissora.
Me diverti bastante e vibrei nos momentos de maior tensão e ação. Os toques diferenciais do autor estão muito bem representados - os personagens bem construídos, o sistema de magia complexo e os elementos de surpresa que te chacoalham durante a leitura. Me senti assistindo a um filme divertido e muito bem estruturado de bang bang.
site:
http://abducaoliteraria.com.br/